Pouco difundido no Vale do Taquari - até mesmo pelas condições climáticas - o cultivo do kiwi ganhou um adepto há cerca de seis anos no município de Progresso. No caso, o empresário Delaci Martini, que em sua propriedade, na sede, implantou um pomar que hoje conta com 525 pés das variedades Bruno e Elmwood - a grande maioria plantados recentemente. Na última safra, de acordo com Martini, foram colhidos mais de mil quilos do fruto. Número que deve saltar para mais de três mil quilos ao final da colheita, que deve ocorrer entre os meses de março e abril.
A ideia de investir em kiwis veio a partir de uma troca de experiências com um amigo de longa data, que o incentivou para a produção. "Ele tinha um ou dois pés e colhia muito", lembra o empresário. Como Martini possuía terra disponível, resolveu iniciar o cultivo com a implantação de 120 pés. Além da análise de solo, por meio do apoio da Emater/RS-Ascar foi possível conhecer experiências de produtores, especialmente no município de Farroupilha, que possui o maior número de pomares no Estado.
Ainda que não entendesse muito do tema, Martini foi meio autodidata, contando ainda com o apoio dos técnicos da Emater/RS-Ascar para a realização de podas e para a sugestão de alternativas naturais para a produção do pomar. Com pouco tempo de produção, o empresário afirma que os testes de grau prix garantem uma fruta tão doce como os reconhecidos kiwis da Itália. Especialmente em um mercado em que há certa desconfiança por parte dos consumidores em relação ao sabor do produto disponível.
Em relação a este fato, o assistente técnico regional em Sistema de Produção Vegetal da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Derli Bonine, é franco ao dizer que o mercado pode ter sido comprometido pelos próprios produtores que, na ânsia de comercializar, vendiam a fruta ainda verde e, consequentemente, azeda. "Foi uma condição que afastou o público, que não encontrava em uma fruta de valor mais elevado, a compensação pelo valor investido", analisa. "No passado imaginava-se que o kiwi pudesse até ser uma alternativa para a uva, o que não se confirmou", alerta Bonine.
"Não que o kiwi seja um mau negócio, evidentemente. Só que, além de ele ser muito recente, ele deve ser muito bem pensado, para que não seja um investimento que não resultará em retorno para o produtor", lembra Bonine. O agrônomo ressalta que a fruta necessita, por exemplo, de uma variação de frio abaixo de 7º que pode ser de 300 a mil horas. "Se o inverno não for tão rigoroso, certamente serão necessários ajustes para que não haja comprometimento da safra", explica. Assim, não é por acaso que a fruta praticamente inexiste no Vale do Taquari, sendo muito mais popular na Serra Gaúcha.
Para seu Martini todo esse contexto não chega a ser um problema. Ainda que ele acredite que encontrará dificuldades para colocação de um fruto que ainda é relativamente desconhecido, no mercado, ele mantém a motivação, estando disposto inclusive a ampliar o pomar. "Até o ano que vem quero ter 700 pés na minha propriedade", projeta. Para Bonine, o kiwi é uma alternativa para aquele agricultor que quer ampliar o número de opções em seu pomar e que já tenha o trabalho com fruticultura consolidado. "Condição que evitará maiores danos em casos de frustrações", completa.
Fonte: Emater - RS
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