sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Os usos múltiplos do maracujá

Da flor à casca, veja o que pode ser feito com a fruta



Nativo da América Tropical, o fruto do maracujazeiro possui vitaminas A, C e do complexo B, além de sais minerais como potássio, ferro e cálcio. Além de maior produtor, o Brasil é o que mais consome maracujá no mundo. No entanto, apesar de existirem mais de 150 espécies e cerca de 70 viáveis para comercialização, o país utiliza apenas duas em maior escala (a variedade azeda, Passiflora edulis e a doce, Passiflora alata), afirma Ana Maria Costa, pesquisadora da Embrapa Cerrados e líder da Rede Passitec (Desenvolvimento Tecnológico para Uso Funcional e Medicinal das Passifloras Silvestres).
Atualmente, a Embrapa trabalha no desenvolvimento de cultivares novas, com propriedades diferentes, maior produtividade e usos múltiplos. O maracujá pérola, por exemplo, é rico em ferro e tem mais taliamina do que a maçã, além de ser fácil de produzir. Lançado em maio de 2013, já está sendo inserido no mercado por produtores do Distrito Federal e utilizado na merenda escolar, conta Ana Maria.
Segundo a pesquisadora, aproximadamente 900 mil toneladas da fruta são produzidas por ano. “A maioria vai para a produção de suco e isso gera um passivo ambiental [resíduos, como cascas e sementes] de cerca de 600 mil toneladas”. Hoje, a rede de pesquisas tem estudos para utilizar as partes do maracujazeiro de forma completa. “Tirando o suco, o resto é pouco aproveitado pela indústria”. Para ela, esses resíduos “têm potencial de industrialização e vão enriquecer o cardápio do brasileiro”.
Veja o que pode ser feito com cada parte:
1) Polpa
A polpa do maracujá azedo, o mais popular no país, é utilizada majoritariamente na indústria de sucos e em preparações caseiras. Já o doce é o famoso “maracujá de colher”, onde a polpa é consumida in natura.

2) Casca
De acordo com Ana Maria Costa, atualmente grande parte das cascas ou vão para o lixo ou para ração animal e adubo, mas a farinha feita da casca começa a ser difundida. “Ela contribui para diminuir a absorção de açúcar e gordura, ajuda no equilíbrio do intestino e dá a sensação de saciedade”, conta a pesquisadora. Com grande quantidade de fibras, pesquisas da Rede Passitec já testaram o uso da farinha em queijos e iogurtes.

A pesquisadora lembra que para obter uma boa farinha, é preciso cuidado no processamento. “São necessárias boas práticas de higiene para fabricar um produto de boa qualidade”. Segundo ela, nem sempre as grandes indústrias têm essa preocupação com a casca, por isso, os fabricantes da farinha normalmente compram a matéria-prima de processadoras menores. “A farinha boa é clarinha, bem fina e tem baixo teor de amargor”, ressalta.
A Rede Passitec também já desenvolveu um espessante a partir da casca, que foi testado em escala laboratorial na fabricação de queijo, requeijão e sorvete. A pesquisadora conta que alguns produtos já estão começando a atingir o mercado. Ela cita como exemplo a Associação de Produtores de Unaí que farão, até o fim de novembro, o primeiro teste de colocação no mercado do queijo com fibras da casca do maracujá. “Outras cooperativas também já estão se interessando por colocar o produto no mercado”.
A pesquisadora diz que também já existe licor e cachaça feitos a partir da casca fermentada. “Nesse caso, é possível usar o resíduo de grandes indústrias, uma vez que o processo de fermentação purifica o material”.
hortifruti_maracujá_sementes (Foto: Soraya Pereira/Embrapa)
3) Semente
Além de enfeitar mousses e outros pratos, ela pode ser transformada em óleo a ser usado na indústria alimentícia e de cosméticos. A Extrair Óleos Naturais produz três produtos com a semente da fruta: a versão desidratada, o óleo e o farelo desengordurado, que é a torta resultante da extração do óleo.
Sandro Reis, sócio-gerente fundador da empresa, explica que a matéria-prima vem de indústrias de polpa da fruta de diversos Estados brasileiros. “O material vem sujo e é limpo na fábrica. Utilizamos um processo de limpeza desenvolvido pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) que faz isso de forma mais rápida”. Reis diz que a rapidez do processo possibilita a fabricação de um produto de melhor qualidade, pois evita a deterioração da semente, que estraga dois dias depois de ser retirada.
Ana Maria ressalta que o óleo tem boa quantidade de ômega 6 e é utilizado tanto na indústria alimentícia quanto na cosmética. “Ele pode ser usado como emoliente, pois diminui o inchaço debaixo dos olhos”. Sandro afirma que “o farelo é interessante tanto na fabricação de esfoliantes quanto para substituir em até 25% a farinha em pães, principalmente na linha integral”.
hortifruti_flor_maracujá (Foto: Breno Lobato/Embrapa)
4) Flor
De beleza marcante, a flor do maracujá é empregada na indústria de cosméticos por seu aroma. Algumas espécies também são plantadas com o propósito do uso ornamental.
5) Folha


É da folha do maracujá doce (passilfora alata) que a passiflorina utilizada em remédios é extraída pela indústria farmacêutica. É também da folha dessa espécie que a Natura extrai dois flavonóides empregados na fabricação de cremes rejuvenescedores. “São muito interessantes do ponto de vista cosmético, pois tem propriedade de regeneração celular”, afirma a pesquisadora.


POR THUANY COELHO | EDIÇÃO: RAPHAEL SALOMÃO
GLOBO RURAL

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O Presidente do IBRAF, Moacyr Saraiva Fernandes e o Diretor de Relações Institucionais e Governamentais do Instituto, Carlos Alberto Albuquerque , reuniram-se nessa segunda-feira com a Dra. Rita Milagres, Coordenadora Geral de Agronegócios – SDP/MDIC, para entrega da placa ”IBRAF 25 Anos” a qual se presta a reconhecer e, ao mesmo tempo, homenageá-la pelos seus relevantes serviços prestados ao longo desse um quarto de século de existência do Instituto Brasileiro de Frutas.