quinta-feira, 3 de março de 2016

'Boa notícia' do ano, agropecuária gera empregos em Matão, SP

Em ano de crise, setor foi único a crescer no PIB, com alta de 1,8%.
Coletores conseguem ganhar mais de R$ 4 mil por mês em fazendas.

(Foto: Thayná Cunha/ G1)
No ano em que o Brasil teve o pior desempenho econômico desde 1990, a agropecuária foi a única boa notícia. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro "encolheu" 3,8% no ano passado, em comparação com 2014. Entre os setores, a agricultura foi o único setor a apresentar crescimento, de 1,8%.

Beneficiada pelo agronegócio, a cidade de Matão, no interior de São Paulo, foi uma das poucas a, em pleno ano de crise, ver o emprego crescer. A cidade ficou em terceiro no país em criação de vagas formais, com 2,1 mil a mais em 2015, graças, principalmente, à produção de laranja e à indústria do suco. O crescimento de 20% nas exportações em 2015 do suco favoreceu ainda mais o bom momento do setor.

Contudo, o greening, doença que afetou 23,57% dos pomares da cidade, ainda é uma grande preocupação e, mesmo com o cenário favorável, a tendência é que os pequenos produtores troquem a produção pela cana-de-açúcar, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Matão.

Safra e doenças
A chuva favoreceu o produto e a safra 2015/2016 que deveria se encerrar neste mês de fevereiro deve se estender por mais dois ou três meses, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). A previsão para São Paulo e Minas é de 289,92 milhões de caixas de 40,8 quilos, a um custo médio de R$ 15.

A família do citricultor Gláucio Davoglio produz laranja há 40 anos e, nesse tempo, acompanhou as mudanças no setor. Ele diz que os pequenos produtores foram deixando a produção por causa do greening e do cancro cítrico, mas, para quem permaneceu, os resultados são positivos. “O mercado está bom e o preço está bom”, afirmou o empresário, que tem planos para a cultura.

Ele chegou a ter quase 300 mil pés de laranja, mas agora tem 50 mil. “Perdi por doença e pelos preços baixos de antigamente, então fomos mudando para a cana. Vou manter mais uns anos esses pés e estou aumentando a produção em outras regiões, como em Botucatu, porque lá tem menos doença. Não tem greening, não tem cancro. Então estamos migrando para lá, chove mais também”, contou.

A última colheita, segundo Davoglio, acabou há um mês e os 35 trabalhadores contratados já foram dispensados. Devem voltar em junho, quando começa o novo período. “Choveu demais esse ano. Essa laranja, que vai ser colhida em julho ou agosto, já está mais graúda que no ano passado”, disse.

A expectativa do produtor é de que, na próxima safra, cada pé renda quatro caixas de 40,8 kg, cada uma com preço médio de US$ 5. “A próxima colheita vai ser muito boa, os pomares estão carregados”, afirmou otimista.

Segundo Paulo de Rizzo, assessor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, o greening está sob controle, mas na época da crise da doença, muitos produtores migraram para a cana. “A laranja é uma cultura muito cara, os venenos são caros e a praga atrapalhou. Muita gente não se animou a arrancar os pés e plantar outros, porque até produzir de novo demora uns três ou quatro anos. E como que ele se mantém enquanto isso?”, lamentou.

Para o presidente do sindicato, Oreste Neves, o pequeno produtor não tem como comprar veneno, que custa mais de R$ 100 por litro. “Hoje não tem nem metade da laranja que tinha há oito anos. Acabou tudo por pragas e pela crise”, disse.

Um levantamento realizado pelo Fundecitrus e apresentado no ano passado mostrou que nos últimos três anos a incidência do greening aumentou quase 160% se comparada com 2012.

O Greening faz com que os frutos não se desenvolvam, fiquem pequenos e caiam dos galhos. Segundo o estudo, 17% das laranjeiras de São Paulo e Minas Gerais têm o amarelão, o que significa que 35 milhões de plantas estão contaminadas. Entre as cidades mais afetadas estão Matão, Casa Branca, Porto Ferreira e Brotas.

Mão de obra vem do Piauí
No processo de produção da laranja, a colheita nos 1.311.600 pés é a que mais abre vagas na cidade, segundo o sindicato do setor. A faixa etária dos contratados varia de 25 a 65 anos. Rizzo explicou que a região de Matão praticamente não tem profissionais para o serviço e que as grandes indústrias vão buscar trabalhadores no Piauí. “A única que não faz isso é a fazenda Cambuhy, porque eles já têm um número bom de trabalhadores da região selecionados”, disse.

Ele contou que, no passado, as indústrias trabalhavam com “testas de ferro”, que trazia os funcionários, mas pagava mal pelo serviço. “Isso custava caro para as indústrias. Houve um movimento muito grande do Ministério do Trabalho, de quatro a cinco anos para cá, que organizou. As empresas contratam o empreiteiro, mas ele não é empresa, é pessoa física. Ele pega os funcionários, lota um ônibus, mas os funcionários são registrados com a indústria. Isso foi muito melhor para o trabalhador também, porque agora eles têm garantia. De um modo geral, melhorou muito para os trabalhadores”, destacou.

Salários chegam a R$ 4 mil para coletores
As indústrias dão equipamentos de segurança, moradia e cesta básica para os trabalhadores. Os que mais se destacam na colheita durante o ano recebem uma quantia em dinheiro. “Esse ano a Citrosuco trouxe cerca de 700 do Piauí, mas a maioria já foi embora. Em média, se for um bom colhedor, tira mais de R$ 4 mil por mês. Para tirar R$ 1,5 mil tem que ser ruim de serviço”, afirmou Rizzo.

Os trabalhadores colhem com o sacolão e depois passam para a caixa. “Eles recebem 49 centavos por caixa. Esse é o preço líquido, fora os encargos, como 13º, férias, fundo de garantia, hora extra”, explicou.

Ainda segundo o assessor, geralmente são selecionados trabalhadores com experiência. “Os empregados que trabalham bem, que têm uma boa produção, estão garantidos para a próxima safra. Até o ano passado, quando tinha seguro desemprego com seis meses, a maioria dos trabalhadores pegavam a safra um ano sim e outro não, e no meio pegavam o seguro desemprego. Agora o tempo mínimo é um ano, então mudou o período de carência. Daí eles voltam para a cidade deles levando tudo que ganharam aqui”, disse.

No ano passado, foram colhidas na cidade 2.623.200 caixas de 40,8 quilos, segundo o Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo.

Indústrias e fazendas
As maiores contratações, segundo o sindicato, acontecem na indústria de suco Citrosuco e na fazenda Cambuhy. Ambas foram procuradas pelo G1, mas não informaram dados sobre geração de vagas e expectativas de mercado para o ano.

Fundada em 1963, a Citrosuco se instalou em Matão em 1964. Em 2010, foi firmado acordo de associação entre a Citrovita (Grupo Votorantim) e a Citrosuco (Grupo Fischer), criando a maior produtora mundial de suco de laranja. Atualmente a empresa tem 800 funcionários na cidade.

A fazenda Cambuhy tem 14 mil hectares e iniciou a produção de cítricos em 1975, se destacando por ter grande parte do pomar com sistema de irrigação.

“Quando a seca é grande, influencia, porque o sistema de irrigação é por gotejamento, um cano que passa pelo chão, vai pingando, e mantém a terra úmida. Hoje com as mudanças climáticas não dá para prever direito. Antigamente, em setembro, outubro, já começava a chover, ia até fevereiro ou março. Hoje não, começa a chover por volta de novembro, dezembro, às vezes nem chove", disse Rizzo.

"Fazia muitos anos que não chovia desse jeito, esse ano foi excelente. Quem tem irrigação, ainda consegue salvar um pouco quando não chove, mas tem um custo, de energia elétrica, a grande maioria não tem”, completou.

Exportação
O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja do mundo, respondendo por aproximadamente 80% do mercado. No país, 60% de todo o suco exportado sai de Matão, e a cidade aparece em 14º no ranking de exportação das 39 regiões do Estado no 1º semestre de 2015, de acordo com levantamento do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

A remessa de produtos ao exterior dos quatro municípios que compõem a regional do Ciesp Matão cresceu 20% em relação ao mesmo período de 2014, passando de US$ 494,8 milhões de para US$ 593,5 milhões.

A maior parte da exportação do suco foi para a Europa (66%) e Estados Unidos (20%), segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr).

Fonte: G1/EPTV

PIB da agropecuária deve seguir positivo em 2016, avalia FNP

Variações ao longo do ano são 'normais', diz diretor técnico.
Resultado das exportações de fevereiro deu suporte à projeção.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária deve se manter positivo ao longo deste ano, na opinião do diretor Técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. "É normal que tenhamos variações ao longo do ano, com algum número negativo, mas no fim do ano devemos ter um PIB positivo", afirmou, nesta quinta-feira (3), ao Broadcast Agro.

Um dos principais suportes para a projeção do analista é o resultado das exportações do setor em fevereiro. Alguns setores apresentaram avanços expressivos.

Em relação ao milho, por exemplo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontou que o Brasil exportou em fevereiro 5,374 milhões de toneladas, volume quase cinco vezes superior ao reportado em igual mês do ano passado.

Os embarques de carne bovina - outro item importante do setor - totalizaram 99,5 mil toneladas, volume 30% superior a registrado em fevereiro do ano passado. "O agronegócio brasileiro continua bastante competitivo internacionalmente", afirmou Ferraz.

Em compensação, a recessão econômica do País e seus efeito negativos no mercado interno devem pressionar o crescimento do agronegócio. Por isso, o avanço do PIB em 2016, na opinião de Ferraz, deve ser menor do que o alcançado em 2015 (o analista não faz estimativa em número de quanto será o resultado).

"Além do mercado interno ter ainda um peso muito forte para o setor, não são todos os produtos que têm facilidade de alcançar o exterior, por isso, tenho cautela ao dizer que o crescimento será mais modesto", afirmou. Ferraz citou o setor do café que, apesar de ter uma perspectiva positiva em relação à produção, não deve ter um bom resultado ao longo deste ano, por causa do consumo interno.

Cenário político
Outra questão que pode influenciar o resultado é a situação política do País e o desenrolar da crise no governo, considerou Ferraz. "É preciso ver como este governo, ou um novo, irá resolver e reorganizar as questões macroeconômicas do País."

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB da agropecuária subiu 1,8% em 2015 ante 2014. No quarto trimestre de 2015, o PIB da agropecuária avançou 2,9% em comparação com o terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2014, o PIB da agropecuária mostrou alta de 0,6%. Já o PIB brasileiro geral registrou queda de 3,8% em 2015 ante 2014

"O agronegócio tem uma contribuição positiva para o País, mas é muito pouco e, infelizmente, no geral, devemos ter um desempenho geral negativo neste ano, novamente", completou.

Fonte: Globo Rural

Assistência para alimentos mais saudáveis

Há mais de 60 anos, o serviço brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) contribui para mudar a realidade das famílias de agricultores brasileiros. O trabalho estimula o uso de novas tecnologias e processos produtivos, além de ampliar o acesso às políticas públicas oferecidas pelo Governo Federal. A partir de 2003, com a instituição da Politica Nacional de Ater (Pnater), o foco das ações voltou-se para os agricultores familiares, promovendo, assim, o desenvolvimento sustentável do rural brasileiro. 

O serviço de Ater no Brasil é pautado pelo Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), política pública do governo federal criada para ampliar e efetivar ações para orientar o desenvolvimento rural sustentável.

Segundo o diretor do departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural Dater/MDA, Marenilson Batista da Silva, produzir alimentos de qualidade é o principal foco das políticas de Ater. “Os investimentos que estamos fazendo têm assegurado condição para a agricultura familiar produzir cada vez mais alimentos saudáveis nos diversos biomas brasileiros”, destaca o diretor ao lembrar que a Pnater beneficia os mais diversos públicos, como extrativistas e povos e comunidades tradicionais “Também temos dados muito ênfase às mulheres e aos jovens”, acrescenta.

Mas muita gente acha que a Ater se resume a orientações de plantio e cultivo. O serviço vai muito além. Ele está presente em todas as etapas da vida do agricultor familiar.

“Eu gostaria de destacar que o serviço vai desde a responsabilidade da assistência técnica até o da DAP, que abre ao agricultor o acesso a um conjunto de politicas públicas”, destaca o diretor ao lembrar que cabe ao extensionista rural fornecer a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). É com este documento que os agricultores poderão ter acesso a programas como o de Aquisição de Alimentos (PAA) e o de Alimentação Escolar (Pnae), além de várias outras políticas públicas do Governo Federal.

Marenilson destaca que com a Ater, o agricultor produz mais e ganha maior visibilidade, bem como leva à mesa dos brasileiros alimentos mais nutritivos. “Essa é uma revolução que muitos não conseguem enxergar”.

Parceria feliz

Felipe Camargo, 28 anos, é engenheiro agrônomo na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater/DF). Há três anos ele trabalha como extensionista rural e atende famílias de agricultores familiares da região de Planaltina (DF). Ele conta que dá todas as orientações necessárias para os agricultores, que vão desde preparo do solo até o acesso às politicas publicas. “A gente identifica essas famílias e tenta inserí-las nessas políticas que, em muitas das vezes, vai aumentar a renda dessas pessoas e facilitar a comercialização”, observa ao reconhecer que sempre é muito bem recebido pelo produtor. “Para eles, somos uma espécie de agente de desenvolvimento. Eles nos recebem sabendo que temos algo a acrescentar”, comenta Felipe.

Vilmar Almeida, 39 anos, é agricultor familiar e um dos assistidos pelos técnicos da Emater/DF. Na propriedade de dois hectares, ele produz hortaliças, milho, quiabo e jiló. Para o agricultor, a Ater é mais que importante. “Na verdade, se não fosse a assistência técnica, eu nem existira como produtor”, diz ele ao falar que desde que começou a receber o apoio dos extensionistas rurais vive com a renda gerada pela propriedade.

A produção de Vilmar hoje é toda orgânica. “Somos incentivados a produzir dessa forma e somos fiscalizados para ter certeza de que estamos produzindo assim”, diz o agricultor ao falar que o acompanhamento do técnico vai desde o plantio até a venda para o PAA e Pnae. “Se tivesse que dar uma nossa de 0 a 100 para eles, eu daria 100, com tranquilidade”, comenta Vilmar Almeida ao elogiar o serviço de Ater. 

Números

Entre 2011 e 2015, o Ministério do Desenvolvimento Agrário celebrou 539 contratos de Ater com serviços que beneficiaram 622.283 famílias de agricultores familiares. Além disso, nesse período, o MDA firmou 14 acordos de cooperação técnica com governos estaduais e com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para atendimento de famílias em situação de pobreza extrema dentro do Plano Brasil Sem Miséria.

Além disso, o MDA promoveu a formação de 145 mil agentes de Ater para execução da Pnater e de projetos voltados para agroecologia, metodologia participativa e de ação com agricultores familiares que viviam em extrema pobreza. Também foram investidos R$ 86,9 milhões em projetos de inovação tecnológica para agricultura familiar envolvendo a Embrapa e as Organizações Estaduais de Pesquisa, no período 2004 a 2012.

Ascom/MDA

Desafios para o uso do controle biológico na agricultura

Entre 2011 e 2014, o mercado mundial de produtos biológicos teve crescimento médio de 15,3% ao ano, segundo levantamento feito pela CPL Business Consultants. No Brasil, a expectativa é manter essa curva ascendente com espaço para um incremento ainda maior, de até 20%. Mas se por um lado há demanda por essa tecnologia no campo, faltam produtos para atender o mercado em larga escala. “Se todo mundo resolver usar o controle biológico hoje, nós não temos possibilidade de atender”, disse José Roberto Postali Parra, pesquisador da Escola Superior de Agricultura (Esalq/USP), durante workshop promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em São Paulo.

No Brasil, 50 empresas respondem pela produção de agentes que atuam no controle de pragas, seja macro-organismos (insetos, ácaros) ou micro-organismos (vírus, fungos, bactérias), e também de produtos que combatem doenças. Ao todo, representam 1,7% das formuladoras de biológicos no mundo, segundo a ABC Bio. Os Estados Unidos têm 50,4% da fatia mundial desse mercado e 41% das patentes dos produtos.

“Para aumentar nossa produção, novas empresas vão ter que surgir. De qualquer forma, o caminho é os micro serem produzidos pelas multinacionais – que detêm recursos para isso e condições de fazer um controle de qualidade – e os macro ficarem com as pequenas empresas”, afirmou Parra, citando o excesso de mão de obra como um obstáculo que ainda reduz a margem de lucro das pequenas indústrias. “No interior de São Paulo, conheço caso de empregador que tem hoje 400 funcionários, isso é muito”, disse.

Mesmo assim, a síntese de um produto biológico ainda é mais barata do que de um químico, custando de US$ 2 milhões a 10 milhões, enquanto um agrotóxico pode custar US$ 250 milhões. No Ministério da Agricultura brasileiro, foram registrados até o início do ano 118 produtos biológicos, sendo apenas 10 deles para controle de doenças. Nesse campo específico, o pesquisador Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente, acredita que faltem investimentos em pesquisa e descobertas mais assertivas. “Os estudos não são realizados nas condições agroecológicas de uso. Se faz muita coisa in vitro e, no laboratório, é espetacular o efeito, mas em campo não funciona”, disse Bettiol.

Para conquistar a confiança do agricultor é preciso não só oferecer um produto de qualidade e ensinar técnicas de manejo adequadas, mas superar uma barreira que vem lá de trás. Nos últimos 12 anos, a utilização de agroquímicos aumentou 162% no Brasil, enquanto a média global ficou em 90%. “Existe sim a cultura do produtor de preferir o agroquímico”, afirmou Parra. E Wagner Bettiol foi além: “Não é só uma cultura dos agricultores, é dos agrônomos, pesquisadores e professores. Todo mundo conhece bem o controle químico, apesar de 25% dos pós graduandos em Entomologia no Brasil seguirem pelo ramo do controle biológico”, disse. Na opinião de Parra, a aceitação só aumenta, principalmente, depois do aparecimento da Helicoverpa armigera no Brasil em 2013 – praga que teve seu controle baseado no uso da tecnologia Bt.

Diante desse inimigo, o transgênico se mostrou eficiente, mas não é solução para tudo. “Precisamos criar mecanismos para fazer amostragem das populações de pragas em grandes propriedades e promover a transferência de tecnologia entre regiões com climas muito diferentes”, disse Parra, porque disso também depende o sucesso do controle biológico. Outros desafios no horizonte são a evolução das técnicas de aplicação, de modo que haja compatibilidade dos biológicos com outros produtos, e a criação de uma legislação específica para o setor.

Por enquanto, o que se sabe é que o potencial do mercado é gigantesco. Seja para atender exigências de importadores, que devolvem mercadorias com resíduos, seja pela pressão da sociedade por uma agricultura mais sustentável ou em função da própria resistência das pragas aos inseticidas, os biológicos estão aí para serem um dos pilares do manejo integrado. 

Fonte: DBO

PIB agropecuário surpreende com alta de 1,8% em 2015

Mais uma vez, a agropecuária surpreende no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2015, enquanto o PIB total nacional retraiu 3,8% em 2015, o do agronegócio cresceu 1,8%, em relação a 2014 (0,4%). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A agropecuária também se destaca em relação a outros setores. Enquanto ela aumentou 1,8% no PIB, a indústria sofreu queda de 6,2% e os serviços, 2,7%. Segundo o coordenador-geral de Estudos e Análises do Ministério da Agricultura, José Gasques, a média anual de crescimento do PIB agro, nos últimos 19 anos, tem sido de 3,8%. Para um ano de dificuldade econômica como o de 2015, o percentual de 1,8%, é comemorado pelo setor.

A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse que o bom desempenho é resultado de investimento em pesquisa, tecnologia e inovação. “Temos que louvar o agronegócio, que cada vez mais dá resultado diferenciado e se destaca na economia brasileira. Agradecemos os investimentos do contribuinte no agronegócio.”

O PIB agropecuário – soma de todas as riquezas produzidas pelo país - chegou a R$ 263,6 bilhões em 2015. O IBGE aponta que o crescimento do setor se deve principalmente ao desempenho da agricultura. Alguns produtos registraram aumento na produção, com destaque para as lavouras de soja, (11,9%) e milho (7,3%). A cana-de-açúcar cresceu 2,4%. Na pecuária, estão o abate de suínos (5,3%) e frango (3,8%).

“A cada real investido em nós, o agronegócio dá retorno na forma de emprego, PIB e balança comercial”, destacou a ministra Kátia Abreu.

Agronegócio em alta no Brasil atrai jovens em busca da profissionalização

Os jovens despertam mais a cada ano para as oportunidades de empreender e fazer uma carreira no campo. E não só os filhos de produtores. “Nossa agropecuária cresceu com a ajuda da ciência e da tecnologia. Passamos de importadores de alimentos para o topo do ranking de exportação, contribuindo para o sucesso da nossa economia”, afirma Daniel Carrara, secretário Executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Em sua opinião, hoje, a agropecuária brasileira tem um nível elevado de sofisticação de suas operações, novas carreiras e novos perfis profissionais. “Os requisitos de cada cadeia produtiva – do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado, na feira ou nos portos – demandam diversas habilidades e competências. E os jovens estão enxergando este horizonte de oportunidades.”

Segundo Carrara, uma prova deste interesse é o número de inscrições, no último processo seletivo do Curso Técnico em Agronegócio, agora em fevereiro, oferecido pelo Senar em várias partes do País. “Mais de 14 mil disputaram as 2.603 vagas ofertadas”, informa.

ENSINO SUPERIOR

Em busca da profissionalização de jovens e de outras pessoas que se interessam pelo setor agropecuário no País, por meio de cursos ministrados em faculdades e universidades, no entendimento de Carrara, a universidade tem um papel fundamental, “não só por ser uma geradora de conhecimento, a partir de estudos e pesquisas, mas por formar profissionais para o mercado de trabalho, carente de mão de obra especializada”.

Ele destaca que o Sistema CNA/Senar criou a Faculdade de Tecnologia CNA (Fatecna), em Brasília (DF), voltada exclusivamente para a formação de profissionais para o setor agropecuário. “A primeira turma de graduação em Agronegócio já completou um ano. Temos uma segunda em andamento e uma nova se preparando para iniciar as aulas. O curso, aprovado com nota máxima pelo Ministério da Educação (MEC), forma tecnólogos especializados em área de gestão.”

Em 2015, a Fatecna iniciou dois novos cursos de pós-graduação: “Gestão de Projetos em Agronegócio” e “Gestão Empresarial em Agronegócio”, em Brasília. “Ainda inaugurou o primeiro polo de ensino no município goiano de Alexânia, na sede do Sindicato de Produtores Rurais daquela região, onde mais de 30 profissionais estão cursando a pós-graduação em Gestão Empresarial em Agronegócio”, conta Carrara.

O SENAR

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, salienta o secretário executivo da instituição, leva conhecimento aos brasileiros do campo há 24 anos, gratuitamente. “Nós avançamos muito nos últimos anos, no sentido de ampliar nossas linhas de ação e, assim, atender melhor ao produtor, ao trabalhador rural e às suas famílias.”

O Senar oferece cursos que aperfeiçoam as habilidades de trabalhadores inseridos em mais de 300 profissões do meio rural. “Temos salas de aula, sem paredes, espalhadas pelos campos de 26 Estados e do Distrito Federal. Temos dois portais de educação à distância e polos de ensino presenciais. Introduzimos novas tecnologias, incentivamos práticas de produção sustentáveis, empreendedorismo e prestamos assistência técnica para elevar a produtividade e a renda nas pequenas propriedades”, pontua Carrara.

Além de oferecer ações de promoção social e cursos de formação continuada, voltados às pessoas já inseridas nos segmentos produtivos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural passou a atuar também em outras frentes. “O Senar já capacitou mais de 100 mil brasileiros em cursos do Pronatec, desde 2012, quando assinou um termo de adesão com o Ministério da Educação”, destaca o secretário executivo.

Ele garante que todas as capacitações profissionais oferecidas são realizadas por instrutores treinados na metodologia educacional do Senar, contando com material didático complementar, distribuído gratuitamente.

“Em 2015, ampliamos o número de vagas e de polos do cCTécnico em Agronegócio da Rede e-Tec no Senar, outra parceria com o MEC. O curso é oferecido à distância no portal, especialmente criado para ampliar a oferta e o acesso à educação profissional dos brasileiros que querem investir em uma carreira no agronegócio e em 62 polos de apoio presencial. É nestes polos que são desenvolvidas 20% das aulas do curso”, informa.

Para Carrara, esse diferencial do Senar no cenário do setor agrícola e pecuário nacional é muito importante, “porque com aulas práticas nos polos e visitas técnicas em propriedades e agroindústrias, o aluno amplia ainda mais seu aprendizado”. “Recentemente, fizemos três processos seletivos e atualmente contamos com polos de apoio em 20 Estados e no Distrito Federal.”

ASSISTÊNCIA TÉCNICA NO CAMPO

De acordo com Carrara, além da falta de profissionalização no campo, a inacessibilidade à assistência técnica e extensão rural é um dos principais fatores de baixa disseminação de tecnologia na zona rural. “A extinção da Embrater – a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural –, na década de 1990, concentrou o conhecimento entre os grandes produtores rurais e deixou órfãos os médios e pequenos. Sem apoio, homens e mulheres do campo não conseguiram acompanhar todos os avanços proporcionados pela pesquisa”, criar.

Com o intuito de melhor este cenário, ele relata que o Senar criou um modelo inovador de assistência técnica, com foco em gestão, “para realmente auxiliar pequenos e médios produtores com ferramentas, que vão além do atendimento que era feito antigamente nas propriedades”. “Nossa Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) trabalha com softwares de última geração e com o Caderno do Produtor, que auxilia na gestão, cartilhas específicas para as diversas cadeias produtivas.”

Ao longo de 2015, ele cita o lançamento de outras iniciativas que envolvem a ATeG. “A mais recente é o programa Senar em Campo, uma coleção de vídeos de curta duração, com abordagem de temas técnicos e de gestão em diferentes cadeias produtivas, para facilitar o dia a dia nas propriedades.”

PESQUISAS

Carrara também avalia a importância das pesquisas para melhorar as condições do campo. “Podemos dizer que a Embrapa é a maior produtora de conhecimento de agricultura tropical do mundo. É quem garantiu a abertura de novas fronteiras e crescimento da produção de alimentos no País.”

O secretário executivo do Senar também destaca que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, “com toda a sua capilaridade, está presente em todos os Estados e no Distrito Federal, e também é parceiro da Embrapa em diversos projetos”. “É quem tira a pesquisa das prateleiras e leva até o produtor. Com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), somos parceiros da Embrapa no Projeto Biomas, que começou em 2010, com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições. O projeto Biomas desenvolve estudos nos 6 biomas brasileiros para viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais.

Outro projeto importante que o Senar desenvolve com a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é o ABC Cerrado, “que dissemina práticas de agricultura de baixa emissão de carbono e sensibiliza o produtor para que ele invista na sua propriedade de forma a ter retorno econômico, preservando o meio ambiente”.

Carrara ainda cita que o Senar é o responsável pela formação profissional dos produtores rurais, pela capacitação de instrutores e pelo treinamento dos técnicos que atuarão na assistência técnica aos agricultores, com foco em quatro tecnologias ABC: recuperação de pastagens degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema de plantio direto e florestas plantadas.

CHAMADAS PÚBLICAS

Em 2016, anuncia o secretário executivo do Senar, a entidade participará das chamadas públicas de Assistência Técnica do Ministério da Agricultura. “Nas primeiras concorrências vencidas, com a ATeG, serão atendidas 3.680 propriedades de bovinocultura de leite, em seis Estados.”

Segundo Carrara, “o Senar também é um dos parceiros do governo do Reino Unido e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na execução do projeto Rural Sustentável. A iniciativa, que também tem a coordenação do Mapa, prevê a difusão de tecnologias de baixa emissão de carbono em dois biomas brasileiros: Mata Atlântica e Amazônia”.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Exportações brasileiras de frutas devem atingir US$ 1 bilhão até 2018

As exportações brasileiras de frutas podem atingir, até 2018, US$ 1 bilhão, com crescimento anual médio de 3,5%, segundo informou, nesta terça-feira (01/03), o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, durante encontro com o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins. Mesmo com as dificuldades conjunturais enfrentadas pela economia brasileira, disse Roberto Barcelos, as vendas externas de frutas apresentaram bom desempenho no ano passado: receita de US$ 735 milhões de toneladas e crescimento de 3,8% em comparação com 2014 (US$ 708 milhões).

O presidente João Martins destacou a relevância da parceria entre a CNA e a Abrafrutas, que comemora neste mês dois anos de existência. Para o presidente da Associação, a atuação conjunta permitiu a valorizar e o fortalecer o segmento com o trabalho adicional da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA. Um dos resultados mais importantes da parceria, afirmou Luiz Roberto Barcelos, foi o projeto de promoção das exportações de frutas firmado com Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), com recursos no valor de R$ 4,2 milhões a serem aplicados no período 2014/2016, visando promover a abertura de novos mercados externos para a fruta brasileira.

Outra ação conjunta entre a CNA e Abrafrutas, de grande importância para o setor, foi a criação do Programa Nacional de Combate a Mosca-das-Frutas, lançado no ano passado. O objetivo estratégico é o de monitorar, controlar e erradicar as principais espécies de mosca-das-frutas que têm provocado sérios prejuízos ao produtor. No total, serão investidos, por meio do programa, R$ 128 milhões, até 2018. Com esse investimento, a Abrafrutas espera aumentar a qualidade da fruta brasileira e, em consequência, estimular o consumo tanto interno quanto externo.

Controle de pragas - A CNA e Abrafrutas trabalham também na criação de um Centro de Controle Biológico da chamada MOSCASUL (Anastrepha Fraterculus). Os recursos financeiros necessários para o início do projeto já foram liberados pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, órgão subordinado ao MAPA. O Centro de Controle Biológico iniciou suas atividades sob a coordenação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho).

Em documento entregue pelo presidente da Abrafrutas a João Martins, foi destacado ainda a parceria com a CNA no encaminhamento de soluções para a crise hídrica ocorrida no Vale do São Francisco, onde a falta de chuvas ameaçou inviabilizar a produção de frutas na área. A solução foi encontrada com a participação do Ministério da Integração a partir do uso de bombas flutuantes que bombearam água do meio do reservatório até as estações de bombeamento dos perímetros.

Outra ação importante, sempre com a colaboração da CNA, foi o lançamento da marca “Frutas do Brasil – Gifted by the Sun”, marca setorial da Abrafrutas voltada para o mercado externo. A Abrafrutas e a CNA conseguiram, quando da renovação do Sistema Geral de Preferência (SGP), dos Estados Unidos, a manutenção das frutas frescas brasileiras entre os produtos beneficiados. Em consequência dessa ação, houve redução tarifária para as exportações brasileiras de melão, papaya, manga, citrus e limão, para aquele país.

Com manejo mais prático e eficiente, produtor antecipa ciclos e colheita de morango orgânico

Nutrição de alto desempenho proporcionou frutos bem nutridos antes do tempo previsto e possibilitou antecipar a colheita e conquistar melhor preço de venda


Ganha mais quem chega primeiro. Essa é uma antiga e conhecida realidade de quem produz frutas e as distribui nos grandes centros comerciais. As técnicas de cultivo aliadas ao bom desempenho de fontes nutricionais estão ajudando produtores orgânicos a conquistarem frutos de qualidade em menor tempo, garantindo melhores preços.

Um dos problemas que o agricultor orgânico Odair José Veit, que produz morangos há mais de 15 anos no município de Bom Princípio (RS), enfrentava era a falta de insumos de qualidade e certificados que o ajudasse a aumentar seu poder de competitividade na comercialização dos produtos. “Nós que produzimos orgânicos e somos certificados, sempre sentimos falta de boas tecnologias certificadas para nosso sistema de cultivo. Só consegui reverter esse quadro quando conheci os fertilizantes foliares certificados da Nutriceler, que possui uma linha completa de nutrientes”, diz Odair.

O agricultor conta que com a introdução de fertilizantes especiais de alto desempenho na readequação do manejo foi possível antecipar a colheita de mais de 10 mil pés de morango. “Nosso cultivo é protegido e conseguimos elevar a qualidade da produção com a chegada dessa tecnologia que age mais rápido e apresenta resultados surpreendentes”, diz. 

Na propriedade de Odair, as quase 12 mil mudas de morangos são cultivadas em um sistema pioneiro no meio orgânico: o cultivo em substrato, ou também conhecido por slabs. “Conseguimos unir as vantagens do cultivo protegido com a eficiência dos fertilizantes foliares e obtivemos o resultado superior que estávamos almejando”, explica o agricultor.

O engenheiro agrônomo Paulo Lúcio Martins, consultor em agricultura orgânica que acompanhou os pomares de morango de Odair, explica que o tratamento reuniu produtos de rápida absorção e metabolização à base de cálcio, boro, cobre, zinco, ferro, magnésio e manganês. “Fizemos uma combinação reforçada com vários nutrientes essenciais e tivemos uma resposta muito favorável com essa tecnologia, que proporcionou às plantas em absorver os nutrientes. O resultado foi plantas bem nutridas, vigorosas e com produção acelerada”, explica o agrônomo.

Odair comemora os resultados com a renovação de pés que estavam debilitados e com a formação de novos cachos. “Uma variedade de morango que estava praticamente extinta foi revigorada em menos de um mês de tratamento. Hoje a planta está pronta para produzir tão bem quanto as demais”, revela o agricultor. O manejo nutricional possibilitou que a dormência de um ciclo de um cacho até o próximo diminuísse de 3 semanas para 10 dias. “Quem trabalha com frutas sabe que tempo é dinheiro. Adiantar os ciclos é uma enorme vantagem para quem quer comercializar a melhores preços”, destaca.

De acordo com Odair, a meta para as próximas safras de morango é antecipar a produção em um mês. Os morangos orgânicos produzidos pelo agricultor são comercializados diretamente em feiras nas cidades de Caxias do Sul e Porto Alegre, capital gaúcha. “É nítido que a produção orgânica tem uma forte tendência a crescer e ainda são poucos os agricultores que resolvem aderir a esses sistema de cultivo devido às dificuldades que enfrentamos em encontrar tecnologias certificadas. Sinto que esse problema está acabando e a Nutriceler está ajudando a melhorar nossas possibilidade de produzir mais e melhor”, finaliza Odair.

Cultivo em substrato
Odair é um dos poucos agricultores brasileiros que utiliza o cultivo em substrato, ou slabs, para a produção orgânica. O sistema é bastante utilizado na Europa, principalmente em pequenas propriedades agrícolas. O manejo é todo feito em estufas e por meio de sacolas de 1m de altura, 30 cm de largura e 15 cm de diâmetro, utilizando chá de esterco de galinha via fertirrigação e fertilizantes especiais da tecnologia Nutriceler Orgânicos via folha. As mudas ficam suspensas em uma bancada a 80 cm do chão, o que permite que os trabalhadores façam todo manuseio necessário em pé. 

Expodireto 2016: presidente da Emater/RS acompanha tutoramento de tomates no parque da Cotrijal

Em projetos sociais ou em banquetes, as hortaliças, como as que são cultivadas pela Emater/RS-Ascar na horta da Expodireto, mudam um pouco a paisagem da feira do agronegócio e fazem bem à saúde e ao bolso. Nesta terça-feira (01/03), o presidente da Emater/RS, Clair Tomé Kuhn, esteve no local para verificar de perto o desenvolvimento de verduras, frutas e legumes que a Instituição irá mostrar ao público na semana que vem (07 a 11/03), durante a Expodireto. "É uma vitrine viva, presente em qualquer projeto social", explicou o técnico em agropecuária da Emater/RS-Ascar, Erivelton Kreisig.

Na estufa, o presidente da Emater/RS comprovou a eficácia do sistema de tutoramento, nesse caso, usado na produção de tomates. À medida que o tomateiro vai se desenvolvendo, a planta é apoiada em fios de arame presos nas laterais, em estacas de madeira. 

O "substrato" que está na base de tudo o que se planta é a ciência, segundo o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar que coordena o espaço da Horticultura e Fruticultura na Expodireto. "Temos irrigação por gotejamento, fertilização com adubação orgânica, encanteiramento, tutoramento, mulching (plástico que encobre a terra preparada para receber as mudas), substrato caseiro e comprado, fertirrigação, compostagem e cultivo em bancada", explicou Bortolini. 

Contra o desperdício, a horta cultivada pela Emater/RS-Ascar no parque da Expodireto é uma área produtiva de 1.500 m² e com 16 variedades de frutas, verduras e legumes. Berinjela, cenoura, melão, morango, feijão de vagem e três tipos de tomate estão nessa lista para fazer da sustentabilidade um lema. 

Acompanharam a visita, o gerente adjunto da região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, Vito Cembranel, e a extensionista Social, Bianca Linhares.

Fonte: Emater - RS

O setor agropecuário e a sociedade não aguentam mais impostos, quaisquer que sejam, diz Presidente da CNA

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, disse que a incidência de mais tributos sobre a produção vai reduzir a competitividade do setor agropecuário. A afirmação foi feita, nesta quarta-feira (2/3), em Brasília (DF), durante o lançamento do movimento “Agora Chega de Carga Tributária – Não à CPMF”, campanha lançada nacionalmente pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com o apoio da CNA e de mais de 100 entidades da sociedade civil, contrárias à cobrança de mais impostos e à volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

“A sociedade não aguenta mais tributação, qualquer que seja. E com a agropecuária não é diferente. Estamos vendo nossa competitividade ser reduzida e qualquer tributação em cima do que produzimos vai reduzi-la ainda mais”, afirmou João Martins. Ele ressaltou que, há duas semanas, a entidade apoiou os produtores de Goiás contra a oneração sobre as exportações de soja e milho pelo governo estadual, medida que acabou sendo suspensa na última sexta-feira. Ele também reiterou a posição da entidade, contrária ao retorno da CPMF.

O presidente da CNA relatou, também, o empenho das confederações em discutir alternativas para a normalização do ambiente visando a retomada do crescimento econômico. Neste contexto, acrescentou, a avaliação dos principais segmentos da economia é de que o aumento da carga tributária vai dificultar a capacidade do setor produtivo de sair deste cenário difícil. “O governo precisa pensar a respeito da gravidade do momento que o país está vivendo”, alertou João Martins.

Campanha – Como parte das ações do movimento contra o aumento da carga tributária e o retorno da CPMF, a OAB lançou o site www.agorachega.oab.org.br. Neste endereço, as entidades interessadas em fazer parte desta ação podem aderir à iniciativa pelo endereço econômico ou pelas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). A programação também prevê atos nas 27 unidades da federação e mobilizações no Congresso Nacional.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Brasil e México devem concluir negociações de acordo comercial

Brasil e México negociam a ampliação do Acordo Complementação Econômica nº 53, conhecido como ACE 53. As novas rodadas de discussão estão marcadas para abril deste ano. Segundo Gustavo Domingues, coordenador geral de negociações Comerciais Regionais e Bilaterais do Ministério da Agricultura, o acordo - com aproximadamente 800 linhas tarifárias - está vigente desde 2002, e ainda não tem uma participação expressiva no total das exportações brasileiras agrícolas, que atingiram US$ 207 milhões em 2014.

Hoje, o Brasil é responsável por apenas 0,74% das importações agrícolas mexicanas, o que corresponde a cerca de US$ 28 bilhões (2014). Esse valor coloca o México como o nono maior importador mundial e o único entre os grandes importadores agrícolas a apresentar uma participação irrisória de produtos brasileiros no seu mercado.

Segundo Domingues, o México possui alíquotas de importação elevadas no setor, com média tarifária de 17,6%, picos de 125% (como carnes de frango), e várias alíquotas específicas (como lácteos, açúcar, cacau), o que simplesmente exclui diversos produtos de seu mercado. Outro fator que prejudica as exportações brasileiras é o desvio de comércio causado pelo NAFTA (North American Free Trade Agreement ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) na origem das importações agrícolas. O NAFTA é um bloco econômico formado pelos Estados Unidos, Canadá e México e foi criado em 1994. Cerca de 73% das importações mexicanas são dos EUA.

O Ministério da Agricultura vem se dedicando a reverter esse quadro. Além das discussões com o México para o ACE 53, a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio tem avançado em discussões fitossanitárias com o país. Recentemente habilitou as exportações brasileiras de carne de peru e frango. “Mas as elevadas alíquotas persistem, e há necessidade de avanços para que o comércio entre as duas principais economias da América Latina não se restrinja a poucos setores”, diz Gustavo Domingues.

Citros/Cepea: pico de safra de tahiti é encerrado antecipadamente


O pico de oferta de lima ácida tahiti no estado de São Paulo foi mais curto que o normal neste ano, durando pouco mais de um mês: iniciou-se na segunda quinzena de janeiro e já está praticamente encerrado.

Segundo pesquisadores do Cepea, a concentração da oferta foi causada pelo bom volume de chuvas no início do ano, que adiantou parte da colheita, e também pela maior demanda industrial pela tahiti, a preços atrativos. Os valores oferecidos pelas processadoras nestes dois meses ficaram entre R$ 12,00 e R$ 14,00/cx de 40,8 kg, colhida e posta na indústria.

Com isso, muitos produtores aumentaram os volumes comumente destinados à indústria – parte deles, encaminhou praticamente toda a produção para a moagem –, o que também ajudou a sustentar os preços no mercado in natura. A média parcial da lima ácida tahiti para o mercado de mesa neste mês (até o dia 25) é de R$ 11,62/caixa de 27 kg, colhida, aumento de 13% em relação à média de fevereiro de 2015 – valores corrigidos pelo IPCA de janeiro/16.

Fonte: Cepea/Esalq

Minas Gerais sedia seminários de agricultura de baixo carbono

O projeto ABC Cerrado – voltado à agricultura de baixa emissão de carbono – promove em março três seminários de sensibilização de produtores rurais e de técnicos agrícolas em Minas Gerais. O primeiro será em Unaí, no dia 10 (quinta-feira); o segundo em Patos de Minas, no dia 15 (terça), e o terceiro em Araxá, no dia 17 (quinta).

Os encontros servem para difundir, incentivar e sensibilizar os agricultores na adoção de tecnologias de redução de emissões de gases de efeito estufa. O Plano ABC indica seis práticas sustentáveis: recuperação de áreas degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, florestas plantadas e tratamento de resíduos animais.

O ABC faz parte do compromisso do Brasil de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), assumido durante a 15ª Conferência das Partes (COP 15), na Dinamarca, em 2009.

O Mapa promove os três seminários em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Banco do Brasil e Sicoob. As inscrições poderão ser feitas pelo e-mai labc@senarminas.org.br ou pelo telefone (31) 3074 3080.