terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Após quebra na safra de uva, setor vitivinícola cobra apoio do governo

Foto: Divulgação Agrolink
Representantes do setor vitivinícola apresentaram nesta terça-feira (16.02) uma pauta de reivindicações ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), André Nassar. O segmento enfrenta sérias dificuldades por conta da quebra na safra de uva no Rio Grande do Sul. De acordo com o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, sem matéria-prima o produtor não terá como honrar seus compromissos. “Os números são reveladores, de uma quebra de pelo menos 50%, podendo chegar até 60%. Então nós estamos buscando refinanciar os créditos de custeio, porque o produtor sem uva, sem renda, não terá como pagar os financiamentos”, destacou o dirigente.

Outro item na pauta do Ibravin é a complementação do seguro agrícola. Segundo Paviani, pelo menos metade dos 15 mil produtores gaúchos não recebeu a subvenção do seguro. Já o coordenador institucional da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), lembrou que o governo federal não cumpriu o acordo firmado no final do ano passado por conta das negociações da Medida Provisória 690/15, que aumentou o IPI sobre as chamadas bebidas quentes, que inclui vinho, cachaça e outros destilados. “A presidente Dilma Rousseff acabou vetando a proposta de reajuste menor. Agora vamos trabalhar para derrubar este veto no Congresso e estabelecer os patamares acordados. Também podemos incluir o IPI menor numa outra MP”, destacou. Pelo acordo, ao invés de uma alíquota de 10% sobre a garrafa de vinho, o IPI incidente seria de 6% em 2016 e 5% em 2017.

O coordenador institucional da FPA disse ainda que será preciso fazer um trabalho técnico junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem subsidiado o governo com números que não batem com a realidade da perda da produção de uva. Segundo o órgão, a quebra no Rio Grande do Sul seria menor de 30% da safra. Jerônimo destaca a necessidade de se produzir um encontro estatístico para atualizar os dados, que servirão de base para a formulação das políticas de socorro ao setor vitivinícola. A audiência com os técnicos do IBGE já foi solicitada e deve acontecer no início de março, no Rio de Janeiro. 

Brasileiros lançam tecnologia que automatiza aplicação de defensivos

Engenheiros brasileiros, com o apoio da FAPESP, desenvolveram uma nova tecnologia que promete racionalizar a aplicação aérea de defensivos agrícolas. A tecnologia, que envolve um novo algoritmo e equipamentos para automatização da aplicação dos agrodefensivos, foi realizado pela NCB Sistemas Embarcados Ltda.

O procedimento tradicional envolve o voo ao longo de faixas paralelas e perpendiculares da lavoura, perpendicular ao sentido do vento, com algumas passagens repetidas sobre determinados segmentos na tentativa de garantir a cobertura total da área desejada.

A nova tecnologia substitui o procedimento de controle e atuação manual por um equipamento dotado de um hardware embarcado e um sistema eletromecânico com sensor e atuador que, integrado aos demais componentes da plataforma, auxilia na realização da aplicação autônoma, sem participação do piloto, podendo gerar uma economia de, no mínimo, 10% de agrodefensivos e de 5% de combustível.

Fluxômetro

O principal componente desenvolvido é um fluxômetro utilizado para o acompanhamento em tempo real da vazão do agrodefensivo aplicado. Com ele, o piloto pode calcular diretamente no equipamento a vazão ideal de aplicação e a quantidade total do insumo aplicado por meio de um totalizador.

Além disso, é possível realizar uma calibração simplificada de modo que a vazão monitorada represente realmente a do insumo aplicado, evitando-se o desperdício. O equipamento conta ainda com um monitor digital, que deve ser instalado no painel da aeronave, e de um sensor do tipo turbina acoplado a um filtro, instalado na tubulação da parte externa inferior.

Mulching: produtores de abacaxi apostam em novo modelo de cultivo

Muito utilizado no cultivo de morangos, o mulching tem sido a nova aposta de produtores de abacaxi da região do Triângulo Mineiro. Este modelo de cultivo cobre o solo com um filme plástico de espessura fina, protegendo a terra e o sistema radicular das plantas. É usado para fazer o revestimento da área de plantio, ou seja, as linhas de cultivo da produção ou os canteiros ficam protegidos, conforme orientação da Empresa de Assistência Técnica Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).

Segundo o extensionista Antônio Carlos Andrielli, que presta seus serviços no município de Canápolis, este método carrega várias vantagens em comparação ao convencional, entre elas: redução de mão de obra, maior produtividade, queda da aplicação de herbicidas, maior retenção de umidade, controle da temperatura e diminuição de pragas e doenças.

“Desta forma, é possível exercer uma atividade biológica mais favorável, gerando um ambiente mais propício para o desenvolvimento da planta e aumentando a produtividade”, destacao extensionista.

O processo de aplicação do plástico no solo é feito de forma mecânica; já os buracos, onde são plantadas as mudas, são cavados manualmente pelo agricultor, bem como o plantio das mudas, que também é manual.

GASTOS

No início da implantação do mulching (ou mulchieng), os gastos podem ser altos, mas o retorno logo compensa o investimento. “O gasto é compensado no final, com o aumento da produtividade e diminuição do custo. A tendência é que, em alguns anos, tenhamos uma adoção maior desta técnica por parte dos produtores”, salienta Andrielli.

Em média, conforme o extensionista, o custo inicial para implantar este método fica 20% mais caro do que o método convencional. Por outro lado, ele afirma que, pelo mulching, o fruto do abacaxi tem um ganho de peso médio de 400 gramas. “Fora o aumento da produtividade por hectare, que é de 33% em relação ao método convencional.”

EXPERIÊNCIA

“O sistema mulching é mais viável economicamente, porque produz mais com maior rapidez. Neste modelo, o fruto ganha mais peso, não perdemos mudas, não gastamos herbicidas e ainda ganhamos em qualidade”, afirma o agricultor Celismar Gouveia Moura, que há quase cinco anos decidiu investir neste novo método, embora ainda mantenha o plantio convencional, em Canápolis (MG).

Segundo ele, a produtividade pelo novo sistema é bem maior. “Minhas duas lavouras têm 20 hectares cada, mas enquanto a convencional produz, em um ano e meio, cerca de 30 mil quilos da fruta (abacaxi) por hectare, no mulching a produção chega a 40 mil no mesmo comparativo.”

De acordo com a mais recente avaliação da Emater-MG, feita no ano passado, a área de plantio de abacaxi com mulching foi 18% mais produtiva que o plantio convencional (peso do abacaxi tradicional: 1,7 quilos; com mulching: 2,05 quilos). Os frutos também ficaram maiores que o convencional, melhorando a classificação para venda, considerando que existe a diferenciação de preços conforme o tamanho e o peso deste produto.

VANTAGENS

A Coopercitrus Cooperativa de Produtores Rurais, em divulgação sobre o sistema mulching na revista da própria entidade, detalha os resultados e a viabilidade econômica deste método.

– Diminui a competição com plantas daninhas;

– Economia na irrigação de até 50%;

– Economia com fertilizantes;

– Evita a lixiviação de nutrientes;

– Manutenção da umidade e temperatura do solo, melhorando enraizamento e precocidade no ciclo;

– Melhor enraizamento das mudas, precocidade e uniformidade no pegamento;

– Menor perda de mudas que resulta em menor replantio;

– Redução de 60% no uso de herbicidas e evita a fitotoxicidade;

– Redução do ciclo de produção, menor impacto ambiental, menor custo;

– Redução de mão de obra de capina: 60% de economia;

– Reflexão de luz: melhor aproveitamento pela planta e repelência a insetos;

Indústrias de sucos de laranja do Brasil projetam queda de 42,7% nos estoques

Os estoques globais de suco de laranja (FCOJ equivalente a 66º Brix) em poder das empresas ligadas à Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) deverão atingir 292.385 toneladas em 30 de junho de 2016, queda de 42,7 por cento ante o volume armazenado no mesmo período do ano passado, com as processadoras sofrendo os efeitos de um baixo rendimento industrial da fruta.

A previsão, que ficou abaixo das projeções iniciais de cerca de 330 mil toneladas para a safra 2015/16, indica o menor volume para os estoques finais de suco de laranja brasileiro no mundo desde 2012 e suficiente para 14 semanas de consumo, projetou a entidade nesta segunda-feira, em comunicado.

A CitrusBR disse também que os estoques de suco do Brasil, o maior exportador global da commodity, somaram 728.865 toneladas em 31 de dezembro passado, menor volume da série histórica desde que a medição por meio de auditorias independentes começou a ser realizada e divulgada em 2011.

Se confirmada, a projeção de estoques em junho de 2016 representaria um retorno ao chamado "equilíbrio técnico", termo utilizado para a quantidade de estoques necessária apenas para cumprir contratos antes da próxima safra, após anos de excesso de oferta causada por grandes colheitas em 2011/12 e 2012/13, disse a CitrusBR.

Segundo a associação, o rendimento industrial das frutas também sofreu uma queda significativa, de 24,4 por cento ante 2014. Em 2015, foram necessárias 299,14 caixas com 40,8 kg de laranjas para a produção de 1 tonelada de suco, ante 240,5 caixas na temporada anterior.

"Esse é, de longe, o pior rendimento industrial já registrado", disse o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, em nota, confirmando avaliação da associação divulgada em dezembro de 2015.

Entre os motivos para o desempenho abaixo do normal estão condições climáticas adversas, com a seca no primeiro semestre de 2015 seguida por excesso de chuvas no segundo semestre do ano afetando o teor de água nas frutas, disse a CitrusBR.

Segundo a associação, devido a tais adversidades climáticas, a safra está atrasada em relação aos anos anteriores, o que pode significar um declínio ainda mais acentuado das estimativas de rendimento industrial.

(Natália Scalzaretto)



Fonte: Reuters

Anvisa sugere banimento do carbofurano

A Diretoria Colegiada da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu submeter a consulta pública a reavaliação dos defensivos agrícolas carbofurano, tiram e lactofem. Essas substâncias estão sob revisão há nada menos que oito anos, e o relator do processo do carbofurano pede o banimento da substância do mercado brasileiro. 

O diretor relator José Carlos Magalhães da Silva Moutinho afirma que “o carbofurano (metilcarbamato de 2,3-diidro-2,2-dimetilbenzofuran-7-ila) é um inseticida/nematicida de grupo carbamato de amplo espectro, cuja permissão de uso foi banida ou está sendo reavaliada em vários países do mundo. O modo de ação do carbofurano não é espécie-específico, afetando também espécies não alvo, incluindo os seres humanos”.

“Sugere-se o banimento do carbofurano por se enquadrar nas alíneas “c” (por se mostrar teratogênico e mutagênico), “d” (por provocar danos ao aparelho reprodutor), “e” (por se revelar mais perigoso ao homem do que os testes de laboratório com animais tenham podido demonstrar) do § 6º do art. 3º da Lei nº 7.802/89”, conclui Moutinho. Para este produto, o prazo da Consulta Pública encerra-se no dia 25 de fevereiro.

Sobre o tiram, o diretor da Anvisa Ivo Bucaresky emitiu parecer favorável: “Após a análise dos estudos toxicológicos e revisão de literatura, que levou em consideração os resultados, a qualidade científica e o peso da evidência dos estudos avaliados, e diante das determinações da legislação brasileira, concluiu-se que os dados atualmente disponíveis não fornecem evidências consistentes para afirmar que o ingrediente ativo é mutagênico, tóxico reprodutivo, teratogênico ou desregulador endócrino, motivações que deram origem a essa reavaliação. Diante do exposto, o objetivo dessa norma é propor a manutenção do registro dos produtos à base do ingrediente ativo de agrotóxico Tiram no Brasil, já que ele não se enquadra nas características proibitivas de registro expressas na legislação”.

Além deste fungicida, Bucaresky também se posicionou de maneira positiva à manutenção do registro do lactofem. Trata-se de um herbicida para pós-emergência das plantas invasoras na soja. “À luz do conhecimento científico atual envolvendo carcinogenicidade e efeitos reprodutivos do lactofem, não há embasamento técnico suficiente que possa fundamentar a evocação ao Princípio da Precaução”, sustenta ele. O prazo estipulado para o envio de “contribuições” sobre essas duas últimas substâncias vai até o dia 7 de março de 2016.

Brasil rural: mais igual e justo

As políticas públicas implementadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo governo federal auxiliaram, e muito, a redução da pobreza e mudaram o Brasil rural. Esta é a constatação de Ricardo Paes de Barros, do Núcleo de Ciência para Educação - Cátedra Instituto Ayrton Senna no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). “Em dez anos, a extrema pobreza rural saiu de 30% para chegar em 12% em 2014. Isso significa uma redução de mais de 41%, no total da população extremamente pobre no meio rural”, destacou o pesquisador ao apresentar os números para a direção do MDA, nesta segunda-feira (15), em Brasília.

Ainda segundo o pesquisador do Insper, a redução do número de moradores pobres no meio rural também foi interessante. “Em comparação com a queda acentuada da extrema pobreza, o número de pobres também caiu, mas com uma intensidade menor, ainda assim muito relevante, com quase 30% de redução”.

Ao tomar conhecimento dos números, o ministro Patrus Ananias, saudou os bons resultados. “Além de garantirmos a efetividade da aplicação das políticas públicas, no MDA, também temos a preocupação em refletir sobre a melhoria dessas políticas. Neste sentido, o debate desta tarde foi salutar”, destacou o titular do Desenvolvimento Agrário. 

Sobre a concentração da pobreza rural, os números apresentados por Barros para a direção do MDA, indicam que 91% dos extremamente pobres no meio rural estão concentrados no norte e nordeste, sendo 75% no nordeste e quase 50% nos estados do Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia. Na outra ponta, na questão da redução da pobreza, o destaque fica por conta da melhoria de vida dos agricultores familiares do Piauí, que conseguiram ampliar a renda em todas as faixas da pobreza. 

Ampliação de renda

Ao pontuar o avanço da renda dos mais pobres no meio rural, o pesquisador do Insper aponta um crescimento de 74% na renda entre 2004 e 2014, passando de R$ 309 para R$ 539 na média. Sendo que boa parte deste incremento na renda, cerca de 44%, está relacionada com a melhoria da remuneração do trabalho ocupado que passou de uma média de R$ 453 em 2004 para R$ 707, dez anos depois. 

Na avaliação de Barros, é inegável a importância de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, no processo de redução da pobreza rural, mas as políticas de fortalecimento da agricultura familiar e de garantia de comercialização também contribuem para esse cenário. “O Bolsa Família tem papel ativo, mas quando associado a políticas, como o Pronaf e o PAA, tem resultados muito mais efetivos, pois articula a transferência de renda com a inclusão produtiva”, avaliou ao pontuar que o grande desafio, agora, com o ajuste fiscal, é garantir a inclusão produtiva dos 10% mais pobres do meio rural. 

Ascom/MDA

Exportações e importações da China em janeiro recuam muito mais que o esperado

PEQUIM (Reuters) - O comércio da China em janeiro teve um desempenho pior que o esperado, com a demanda fraca persistindo tanto no país quanto no exterior, o que aumenta as expectativas de mais medidas governamentais para deter a desaceleração e reprimir o nervosismo do mercado.

As exportações da China em janeiro recuaram 11,2 por cento na comparação com o ano anterior --o sétimo mês seguido de queda, enquanto as importações caíram 18,8 por cento-- o 15º mês de declínio, ambos os resultados bem piores que o esperado, mostraram nesta segunda-feira dados da Administração Geral de Alfândegas.

As exportações recuaram mesmo que a China tenha permitido que o iuan CNY=CFXS enfraquecesse quase 6 por cento contra o dólar desde agosto passado, sublinhando a extensão do enfraquecimento da demanda global.

O país registrou um superávit comercial de 63,3 bilhões de dólares no mês, parcialmente devido à demanda fraca e à queda dos preços das commodities, contra 60,09 bilhões de dólares em dezembro.

"No geral, acreditamos que a forte queda do comércio em janeiro reflete a demanda externa fraca, especialmente dadas as exportações fracas das economias vizinhas como Coreia e Taiwan, escreveram em nota os economistas do ANZ Li-Gang Liu e Louis Lam.

"O nível recorde de superávit comercial indica que a China continua a ter um grande superávit de conta corrente, e isso deve ajudar a compensar parte da saída de capital e aliviar a pressão de depreciação do iuan."

Analistas consultados pela Reuters esperavam que as exportações caíssem 1,9 por cento, após recuarem 1,4 por cento em dezembro, e que as importações recuassem 0,8 por cento, na sequência da queda de 7,6 por cento no mês anterior. A pesquisa projetou um superávit comercial de 58,85 bilhões de dólares.

Fonte: Reuters