quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Exportações do Brasil em contêineres sobem no 3º tri puxadas por agronegócio

As exportações do Brasil em contêineres subiram 2,9 por cento no terceiro trimestre deste ano, puxadas principalmente por embarques de produtos do agronegócio, enquanto o volume de importações reduziu o ritmo de queda, apontou nesta terça-feira um relatório setorial da Maersk Line, maior empresa de transporte marítimo de contêineres do mundo. O volume de contêineres refrigerados na exportação subiu 0,8 por cento no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015, disse o relatório.

A alta neste tipo de contêiner, que carrega majoritariamente carnes congeladas e frutas, foi de 28,4 por cento para a Ásia, compensando quedas nos embarques para Europa, África e Oriente Médio. "Ao longo deste ano inteiro vimos crescimento da carga refrigerada, principalmente para Ásia. O driver principal é o aumento de consumo chinês. A mudança de hábito de alimentação do chinês é muito encorajadora, e isso veio para ficar", disse o diretor de Trade e Marketing da Maersk Line na Costa Leste da América do Sul, João Momesso.

Já o volume na exportação em contêineres de carga seca, que engloba desde produtos manufaturados até commodities agrícolas (exceto carnes e frutas), subiu 3,6 por cento no período de julho a setembro deste ano, ante o mesmo período em 2015. "Uma commodity que teve peso muito forte no trimestre foi o açúcar. Alguns mercados do Sudeste Asiático tiveram que ser supridos pelo açúcar brasileiro", disse Momesso, salientando que o volume embarcado com açúcar em contêineres subiu 49,5 por cento no trimestre.

O algodão, que tem uma grande participação no número total de contêineres exportados, subiu 6,1 por cento no período. A madeira, que responde por um sexto de todos os contêineres de carga seca exportados pelo país, teve alta de 44,3 por cento no trimestre, com fortes vendas para Índia e Vietnã.

Numa tendência oposta, o uso de conteineres para exportações de soja caiu 72,3 por cento no trimestre, segundo a Maersk Line, devido a um encarecimento dos fretes. Os custos para exportar em contêineres tem subido desde o fim do ano passado, porque o volume de importações do país caiu, fazendo com quem sobrem menos linhas marítimas e menos contêineres vazios para fazer os embarques e os fretes de retorno a partir do Brasil.

Com isso, houve uma retração dos exportadores de soja que vinham experimentando usar contêineres para suas vendas no exterior, em um setor margens muito apertadas e sensível a alterações de custos. "O relatório mostra que, devido à falta de espaço para Ásia, algumas das commodities tiveram que deixar o contêiner", comentou Momesso.

IMPORTAÇÕES

Termômetro da atividade econômica do país e do poder de compra dos consumidores, as importações por contêineres continuaram recuando no terceiro trimestre, embora em um ritmo menor, apontou a Maersk Line. As chegadas de contêineres no país caíram 8,6 por cento no terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2015, que já tinha sido um período de desaceleração nos negócios.

Nos dois primeiros trimestres do ano, a retração de importações havia sido de 31,2 e 17,6 por cento, segundo o relatório. "Não está recuperando ainda, mas a velocidade da queda diminui. Para o atual trimestre, nossa expectativa é que pare de cair. Pelo menos os volumes estão estabilizando", destacou o executivo. Segundo o relatório, as importações declinaram menos graças à melhoria na demanda por bens europeus e asiáticos.

Fonte: Reuters

Mapa disponibiliza tecnologia para cultivo de orgânicos

Tecnologias adequadas para cultivar alimentos orgânicos foram reunidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no documento Fichas Agroecológicas: Tecnologias Apropriadas para a Produção Orgânica lançado nesta terça-feira (22). Cinco mil exemplares estão sendo distribuídos a núcleos de agroecologia, universidades e a projetos de extensão com informações de manejo do solo, de preparo de insumos para controle sanitário animal e vegetal, de manejo das plantas espontâneas e de adubação verde, entre outras práticas.

O conteúdo resumido em linguagem simples, de fácil compreensão, segundo Virgínia Lira, chefe de Divisão de Desenvolvimento da Agroecologia e Produção Orgânica do ministério, visa “socializar o conhecimento da agroecologia com produtores e técnicos e estimular a construção e a divulgação de novas tecnologias”.

Essas fichas ficarão disponíveis no site do Mapa e também no portal agroecologia.gov.br, a ser lançado, com dados do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Por enquanto, são 124 fichas com diferentes informações, mas a ideia, de acordo com Virginia Lira, é que o material seja permanentemente atualizado. A técnica da Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo observou que contribuições de pesquisadores podem ser encaminhadas ao email organicos@agricultura.gov.br.

A produção orgânica vem crescendo no país. Em 2013, havia 6.700 unidades de produção orgânica, hoje são 15.663 . O ministério conta com Comissões de Produção Orgânica (CPORgs) nas unidades da Federação, que coordenam ações de fomento à agricultura orgânica, sugerem adequação das normas de produção e de controle da qualidade, ajudam na fiscalização e propõem políticas públicas para o setor. São formadas por 578 entidades públicas e privadas.

Font 

Indústrias de suco de laranja pagarão R$301 mi após admitirem cartel ao Cade

O dinheiro será recolhido para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), segundo o Cade


O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) celebrou acordo com diversas indústrias de suco de laranja, que admitiram formação de cartel no mercado nacional de aquisição da fruta, prevendo um pagamento conjunto de 301 milhões de reais, valor mais alto já pago no âmbito de acordos junto ao órgão, segundo comunicado da instituição nesta quarta-feira.

O acordo, capítulo importante de uma longa e tumultuada história envolvendo citricultores e a indústria do Brasil, o maior exportador global de suco de laranja, foi visto com reservas por uma associação de produtores da fruta.

Cutrale, Citrovita, Coinbra (Louis Dreyfus Company), Fischer, Cargill, Bascitrus e a extinta associação do setor, Abecitrus, além de nove pessoas físicas, assinaram os acordos, colocando fim a uma investigação iniciada em 1999, a mais antiga em curso no órgão antitruste.

"As partes admitiram participação na conduta investigada, se comprometeram a cessar a prática e colaboraram com o órgão antitruste na elucidação dos fatos, em linha com a atual política de acordos da autoridade antitruste", afirmou a nota.

Ao longo de mais de 16 anos de tramitação, a investigação do Cade foi alvo de diversos questionamentos na Justiça, sendo a mais recente em 2015, quando o processo foi suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça. Com a assinatura dos acordos, as empresas aceitaram desistir das ações judiciais.

"A contribuição pecuniária foi desproporcional ao prejuízo causado pelo cartel aos produtores, de forma geral", disse o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, que representa produtores independentes. Segundo ele, os detalhes do acordo no Cade ainda serão analisados pela entidade.

Após um movimento de consolidação, a indústria exportadora de laranja no Brasil é composta atualmente por três grandes companhias: Cutrale, Citrosuco (que realizou fusão com a Citrovita) e Louis Dreyfus. O grupo é representado desde 2009 pela associação CitrusBR, quando ela foi criada.

A norte-americana Cargill, também envolvida no processo, vendeu suas operações de suco de laranja no Brasil para a Cutrale e a Citrosuco, em negócio anunciado em 2004. 

"Esses assuntos (jurídicos antigos) não fazem parte da pauta da associação... Mas a gente sempre acredita na pacificação (das relações entre indústrias e fornecedores)", disse o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Fonte: Reuters

Agricultores que investem na gestão da propriedade conseguem aumentar a rentabilidade em até 20%

Assim como em qualquer empresa ou atividade econômica, nas propriedades rurais é preciso utilizar as ferramentas de gestão estratégica para reduzir custos e riscos e garantir a saúde financeira do negócio. No entanto, muitos produtores brasileiros ainda têm dificuldade de mensurar financeiramente o resultado do seu negócio.

O bom planejamento financeiro, com controle de custos e resultados, entre outras práticas, é tão necessário quanto a correta adubação ou o controle eficiente de pragas e doenças. O produtor rural precisa adotar a condução profissional do seu negócio. “Isso significa que não basta apenas ter uma boa produtividade, sem saber quais são os seus custos. Não são raros os casos de fazendeiros cujas lavouras alcançam altos índices de produtividade, porém, acompanhados de custos de produção muito elevados que inviabilizam o resultado financeiro positivo do negócio”, explica o presidente da Albaugh Brasil, Renato Seraphim.

De acordo com dados do Senar (Sindicato Nacional de Aprendizagem Rural) de Mato Grosso do Sul, a correta gestão rural proporciona elevação na lucratividade entre 15% a 20%. Segundo a entidade, somente o registro regular de custos e despesas, por exemplo, pode gerar uma economia de até 3%. Caso haja adesão ao cooperativismo, os produtores rurais podem obter lucro de até 50% nas negociações de produtos.

Uma das formas eficientes de reduzir os custos de uma propriedade é planejar a compra de insumos com antecedência, optando quando possível pelos defensivos genéricos, que são mais baratos e têm eficiência e qualidade garantida. “Adquirir os produtos por meio de barter com os fabricantes de agroquímicos e distribuidores também é uma excelente alternativa de planejamento e de previsibilidade de custos”, orienta Seraphim.

Como os preços das commodities agropecuárias são definidos pelo mercado, a melhor alternativa para o fazendeiro elevar seu lucro é investir na otimização de custos com a utilização eficiente de máquinas e mão de obra e compra planejada de insumos, além de negociação antecipada de parte da colheita.
Fonte: Agrolink com informações de assessoria


Hortaliças e frutas ficam mais baratas no atacado

Os preços da alface, do tomate, da cebola e da cenoura tiveram queda no mês de outubro nas principais centrais de abastecimento do país. Os dados fazem parte do 11º Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Ceasas em 2016, divulgado nesta terça-feira (22) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Os valores da cenoura variaram entre R$ 0,70/quilo na Ceasa Campinas (SP) e R$ 1,50/quilo em Recife (PE). Em Brasília, mesmo com alta de 7,64%, a hortaliça foi vendida a R$ 0,81/quilo. Situação semelhante ocorreu com a cebola em Curitiba: apesar do aumento de 9,58%, o produto continua com um dos menores preços entre os estados analisados: R$ 1,07 o quilo.

A alface ficou 46,29% mais barata em Campinas, comercializada a R$ 2,39/quilo. Em Brasília, o preço foi ainda menor, R$ 2,29/quilo, apesar do aumento de 37,58% em relação a setembro. Já o quilo do tomate ficou em R$ 2,00 em São Paulo, queda de 32,52%, e em R$ 2,94 em Brasília, aumento de 3,95%. Essa tendência diversificada é explicada pelo fato de a produção de ambas hortaliças ser influenciada pelas condições climáticas locais de cada região produtora.

A batata foi a única hortaliça que teve aumento de preços nas nove centrais de abastecimento analisadas devido à entressafra, quando há redução na oferta. A cotação ficou entre R$ 1,47 o quilo em Belo Horizonte e R$ 2,54/quilo em Recife.

Entre as hortaliças, houve ainda queda nos preços médios do espinafre (60%), alcachofra (50%), vagem (385), chuchu (27%), pepino (23%) e jiló (18%).

Preços
Mamão e melancia ficaram mais baratas em oito das nove centrais de abastecimento analisadas. O preço da melancia variou de R$ 0,80/quilo em Recife a R$ 1,43/quilo no Rio de Janeiro. No caso do mamão, o menor preço praticado foi observado em Belo Horizonte (R$ 1,61/ quilo) e o maior, em Brasília (R$ 2,99/ quilo), com quedas de 7,86% e 22,37%, respectivamente.


O preço da banana também caiu em seis das nove Ceasas. A maior redução ocorreu em Vitória (8,74%), mas o menor preço foi registrado em Recife. Na capital pernambucana, a fruta foi vendida por R$ 0,98/ quilo.

Outras frutas que registraram importante quedas nos preços foram nectarina (63%), ameixa (59%), pêssego (58%), melão (40%), jabuticaba (34%) e caqui (23%).

O levantamento é feito mensalmente pelo Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) da Conab, a partir de informações fornecidas por grandes mercados atacadistas no país. Para a análise do comportamento dos preços de outubro, foram considerados os principais entrepostos dos estados de SP, MG, RJ, ES, PR, CE, PE e DF.

Clique aqui para acessar a íntegra do boletim.

Fonte: Agrolink com informações de assessoria
 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

‘Brasil pode dobrar produção de alimentos sem derrubar uma única árvore’

No começo, pode até soar como matemática básica. Segundo as Nações Unidas, a população mundial deve passar de 9 bilhões de habitantes nos próximos 30 anos. Atualmente, estamos em 7 bilhões. Embora expressivo, o número não parece intangível. Entretanto, a equação fica mais complexa se, entre os fatores, lembrarmos que 850 milhões de pessoas – ou 12% do planeta – ainda passam fome. É um horizonte de desafios, mas também de possibilidades.

“Tenho certeza de que não dá para pensar em resolver o problema de alimentar essa população toda sem pensar no Brasil”, crava o diretor-presidente nacional da Cargill, Luiz Pretti, à frente de uma das maiores indústrias de alimentos do país.

Pretti esteve em Curitiba durante o CEO Fórum, evento organizado pela Câmara Americana de Comércio e que reuniu lideranças de diversos segmentos da economia para discutir o Brasil de 2020. Em entrevista exclusiva ao Agronegócio Gazeta do Povo ele falou dos entraves que o país precisa superar para suprir uma demanda que cresce em ritmo exponencial.

Agronegócio Gazeta do Povo: O Brasil já é líder de produção e exportação de diversos alimentos. Onde mais podemos crescer?

Luiz Pretti: Na área de grãos ainda existe um caminho grande para crescer. Nesta safra, se não acontecer nada fora do comum, estamos prevendo uma colheita acima de 200 milhões de toneladas. Mas temos uma área livre de pasto a ser explorada. O Brasil pode facilmente duplicar a produção de alimentos sem destruir uma única árvore, apenas com tecnologia de confinamento de gado e aproveitar essas áreas para plantio de grãos.

LP: Nós esperamos – enquanto empresa que está há muito tempo por aqui – uma conscientização do governo em relação a investimentos na área de infraestrutura. Um exemplo bastante específico é o projeto da BR-163, que corta o Centro-Oeste brasileiro, e até agora não está concluído. Paralelamente a isso, nós, enquanto empresa, estamos pensando em colocar R$ 350 milhões no Porto de Paranaguá quando a licença for renovada. Temos bom relacionamento no Paraná, mas isso toma mais tempo do que a gente esperaria. Voltando à BR-163, não é um projeto para uma empresa como a nossa tocar, não está no nosso DNA. Em comparação, portos, armazéns, fábricas, isso sabemos fazer e fazemos bem. É nisso que acreditamos e investimos. Porque se o Brasil não tiver para onde escoar nossos produtos, não vamos sair do lugar.

AgroGP – E em relação aos impostos, como interferem na atividade?

LP: O resultado é que nosso departamento tributário no Brasil é um dos maiores da Cargill no mundo. Temos que ser mais eficientes. Nós gostamos de gerar riquezas para a sociedade, todos os stakeholders, acionistas, para o governo, funcionários, as comunidades onde atuamos. Não temos problema algum em pagar impostos, o problema é essa guerra fiscal entre estados. E nós estamos em 22 diferentes. Precisamos facilitar esse processo, porque ele interfere na competitividade das exportações. É um compromisso de longo de prazo. Mas estou muito otimista, o governo está indo numa direção correta. Acredito que temos que criar esse clima de confiança no Brasil, diminuir o desemprego e, assim que a inflação estiver sob controle, reduzir as taxas de juros. Somos 200 milhões de brasileiros, as pessoas vão acabar consumindo nossos produtos e assim a roda começar a girar.

Ital lança site para desmistificar alimentos processados

Plataforma servirá como base de informações sobre ciência e tecnologia de alimentos processados


A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) apresentou nesta quinta-feira, 10 de novembro, em evento no auditório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), uma nova plataforma científica (www.alimentosprocessados.com.br) que servirá como base de informações sobre ciência e tecnologia de alimentos processados. Todo o conteúdo foi desenvolvido pela Plataforma de Inovação Tecnológica do Ital e revisado por um comitê técnico-científico formado por pesquisadores, professores e profissionais do setor.

Diversos mitos relacionados ao consumo de alimentos processados, sem a devida comprovação cientifica, influenciam as decisões alimentares da população, fazendo com que o consumidor perca a oportunidade de ingerir alimentos seguros, nutritivos, práticos e saborosos. Por meio dessa plataforma, é possível encontrar explicações pautadas na ciência e na tecnologia de alimentos sobre diversos mitos associados a alimento industrializado.

O coordenador da Plataforma de Inovação Tecnológica do Ital, Raul Amaral, afirmou que “classificar alimentos em ‘bons’ ou ‘ruins’ de acordo com o nível de processamento é uma grande bobagem sem base científica”, destacando ainda que “a restrição de comunicação imposta à indústria de alimentos permite a proliferação de mitos”.

Luis Madi, diretor geral do Ital, coordenou o painel com os especialistas sobre o tema e apresentou outras iniciativas que o setor está desenvolvendo com o objetivo de fornecer informações confiáveis ao consumidor. Para Madi, “este é um instrumento gratuito que será disponibilizado à sociedade e busca oferecer conhecimento sobre os alimentos processados”.

A Plataforma de Inovação Tecnológica é uma estrutura que tem como objetivo estreitar o relacionamento com os stakeholders do setor de alimentos, bebidas e embalagens, para conhecer melhor as necessidades do mercado e identificar áreas estratégicas para a inovação tecnológica e para o desenvolvimento do setor.

O secretário Arnaldo Jardim lembrou que a saudabilidade e a segurança dos alimentos formam uma das principais linhas de atuação da Secretaria. “O governador Geraldo Alckmin é médio de formação e sabe da importância da alimentação. Essa plataforma nos ajudará em nossa missão de oferecer produtos cada vez mais seguros à população”, ressaltou.

A plataforma pode ser acessada em http://alimentosprocessados.com.br

Fonte: CitrusBR

SP adotará mitigação de risco para combate ao cancro

O sistema de mitigação de risco será adotado após o Estado paulista perder o controle da doença.

O Estado de São Paulo, maior região produtora de laranja do mundo, vai adotar o sistema de mitigação de risco para combate ao cancro cítrico, uma das principais doenças da citricultura. A medida consiste em uma série de ações de manejo nos pomares para controlar o cancro e é uma das alternativas previstas de combate à praga previstas na Instrução Normativa (IN) 37, do Ministério da Agricultura, que entra em vigor em março de 2017.

O sistema de mitigação de risco será adotado após São Paulo perder o controle da doença, cuja incidência atingiu 9,3% dos pomares de acordo com estimativa dos setores produtivo e científico. O porcentual pode até ser superior, já que os levantamentos deixaram de ser feitos após o governo paulista afrouxar, no passado recente, as regras de combate ao cancro no Estado.

"A Instrução Normativa inova por dar flexibilidade para que os Estados possam reconhecer situações distintas da doença", disse Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura de São Paulo. Além de área com a mitigação de risco, a IN 37 prevê três outras: área com ausência da praga, área livre da praga e área com erradicação necessária para o controle da doença.

"A responsabilidade de cuidar é do produtor e mitigar os riscos do cancro se faz pelo controle de equipamentos, como adoção de quebra ventos, barreiras físicas que impedem a chegada da doença. A ação do Estado é orientadora e pedagógica", disse Jardim. "Convivência com cancro não é tolerância, é você reconhecer que há situação e estabelecer normas para isso", acrescentou ele, que participou, em Cordeirópolis (SP), de um seminário sobre o tema.
 
Segundo o Coordenador de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura de São Paulo, Mário Sérgio Tomazela, o governo paulista utilizará o mesmo sistema informatizado que já existe para que o produtor possa comunicar as ações de mitigação de risco de outra doença, a pinta preta, para o cancro cítrico. "Vamos agregar uma funcionalidade ao sistema já existente e alertar que a responsabilidade grande é do produtor, porque o combate deixou de ser compulsório para ser voluntário", disse. 

Fonte: BrasilAgro

Laranja pode tornar-se geneticamente resistente a pragas

Uma das frutas mais consumidas no Brasil e no mundo, a laranja pode tornar-se geneticamente mais tolerante a doenças.

Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Genômica para o Melhoramento de Citros (INCT Citros) – um dos INCTs apoiados pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no Estado de São Paulo – pretende transferir para a laranja genes de tangerinas e de outros citros relacionados à resistência a doenças.

Resultado do Projeto Temático “Plataforma genômica aplicada ao melhoramento de citros”, apoiado pela FAPESP por meio de um convênio com o CNPq para o apoio a INCTs no Estado de São Paulo –, o estudo foi apresentado durante o evento “Do básico ao aplicado: apoio da FAPESP na pesquisa em citricultura”, realizado no dia 3 de novembro, no auditório da Fundação.

“Já conseguimos caracterizar vários genes candidatos à resistência a doenças de tangerinas e outros citros e agora estamos tentando transferi-los para a laranja a fim de tentar desenvolver uma planta que seja modificada, mas não transgênica, por meio de técnicas como a cisgenia [transferência de genes de espécies de um mesmo grupo de organismos que se cruzam na natureza]”, disse Marcos Antônio Machado, diretor do Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, do Instituto Agronômico (IAC), onde está sediado o INCT Citros, à Agência FAPESP.

“Solicitaremos licenciamento para a CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] para fazer avaliações experimentais”, afirmou.

De acordo com o pesquisador, a identificação de genes-alvo para aumentar a resistência da laranja a pragas agrícolas foi possível por meio do sequenciamento do genoma de referência de citros.

Concluído em 2014 por um consórcio internacional de pesquisadores dos Estados Unidos, França, Espanha, Itália e Brasil, representado por pesquisadores do IAC e da Embrapa, o projeto foi iniciado em 2003, quatro anos após o sequenciamento do genoma da Xylella fastidiosa – bactéria causadora da doença clorose variegada dos citros (CVC) ou “amarelinho”, que ataca a laranja.

A fim de superar o desafio de sequenciar o genoma da laranja doce (Citrus sinensis L. Osb) – que é extremamente complexo por ser altamente heterozigoto (os alelos de um ou mais genes são diferentes) e com alta frequência de sequências repetidas, o que dificulta sua montagem – os pesquisadores do consórcio optaram por sequenciar um genoma menos complexo e que pudesse ser usado como genoma de referência, ao qual fossem alinhados todos os genomas de citros.

O escolhido foi o genoma da clementina – uma fruta resultante do cruzamento da laranja com a tangerina, que é a base da citricultura espanhola e é haploide (tem metade da carga genética original).

Concluído o sequenciamento do genoma da clementina, os pesquisadores sequenciaram o genoma de mais nove espécies de citros candidatas a parentes da laranja doce para ampliar a base de comparação dentro do grupo e verificar como uma espécie originou outra ao longo da evolução.

Dentre as espécies de citros analisadas foram incluídas a laranja doce Pineapple – uma variedade altamente produtiva, comparada à laranja Pera e extensivamente utilizada na Flórida (Estados Unidos), de onde é originária –, a clementina diploide, a tangerina Ponkan (C. reticulata), mexerica do Rio (C. deliciosa tenore), tangor W. Murcott, laranja azeda Seville, laranja doce Washington Navel, toranja Chandler e toranja Siamesa de baixa acidez.

As análises da comparação dos genomas revelaram que a laranja doce (Citrus sinensis L. Osb) – que é a principal espécie de citros no mundo – não é uma espécie pura.

Seus progenitores são, preponderantemente, toranja (C. máxima) e tangerina Ponkan (C. reticulata), além de outra espécie desconhecida de citro.

“O genoma de referência de citros tem nos ajudado muito a entender porque a tangerina é resistente à CVC e porque alguns grupos parentes de citros são resistentes a quase todas as doenças que atacam essas culturas”, disse Machado.

“Essas variedades de citros podem ser fontes interessantes de genes que podem aumentar a tolerância e resistência a pragas e doenças”, avaliou.

Resistência a doenças

Segundo o pesquisador, graças ao trabalho de produção de mudas em ambiente protegido, iniciado em 1990 por incentivo do Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, somado ao controle de cigarrinhas e a erradicação de pomares velhos, a CVC hoje é uma doença bastante controlada nos laranjais paulistas.

Hoje as doenças que mais ameaçam a produção de laranja no Estado, de acordo com ele, são o greening ou Huanglongbing (HLB), a morte súbita e a pinta preta.

A fim de auxiliar o setor a combater essas doenças, os pesquisadores do Centro têm adotado diferentes abordagens, que incluem o desenvolvimento de variedades de citros mais tolerantes a doenças por melhoramento clássico, biologia molecular, novas estratégias epidemiológicas e práticas de manejo.

Por meio de outro Projeto Temático, também apoiado pela FAPESP, por exemplo, os pesquisadores estão desenvolvendo novas variedades e híbridos de copas e porta-enxertos de citros – resultado do cruzamento de variedades de laranja com tangerina, mexerica ou limão – mais tolerantes à seca e resistentes a doenças.

Os materiais estão em processo de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e passarão nos próximos meses por um teste em campo.

“Temos um programa, chamado ‘Citricultura Nota 10’, em que fornecemos materiais para os produtores testá-los no campo e, dessa forma, conseguimos avaliar os resultados em termos de produção e qualidade da fruta”, disse Machado.

“A vantagem para o produtor é ter acesso a materiais novos e a preferência para usá-los”, avaliou.

Já por meio do Projeto Genoma da Xylella fastidiosa, também apoiado pela FAPESP, os pesquisadores do Centro desvendaram alguns dos mecanismos da patogenicidade da bactéria causadora do CVC.

A descoberta resultou no desenvolvimento de um novo mecanismo de controle da doença baseado no uso da molécula N-acetilcisteína (NAC), usada hoje na medicina humana para combater infecções crônicas, que foi licenciado pela empresa CiaCamp.

Por meio de um projeto apoiado pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, a startup fundada por uma pesquisadora que realizou pós-doutorado no Centro de Citricultura Sylvio Moreira está desenvolvendo dois produtos à base da molécula e realizando testes em campo para avaliar sua eficácia no combate a doenças que atacam citros.

“Estamos realizando testes com um biofertilizante e uma solução para pulverização à base da molécula tanto em plantas doentes, com CVC, cancro cítrico e greening, além de plantas sadias, e os resultados têm sido bastante promissores”, disse Simone Picchi, diretora da empresa, durante o evento.

“Tanto as plantas doentes, com CVC, e as sadias tratadas com biofertilizante apresentaram maior diâmetro de frutos”, afirmou a pesquisadora.

Também participaram do evento Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação, Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Orlando Mello de Castro, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia Agropecuária (Apta), e Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor do IAC.

O evento também contou com a participação de representantes da Associação de Produtores de Citros de Mesa e das empresas Givaudan, Citograf Mudas e Citrosuco.

Fonte: Agência FAPESP

IAC avalia uso de porta-enxerto em pomares de limão

Trabalho pode ajudar a aumentar a produção nos pomares. A região Noroeste de SP é importante no cultivo do limão taiti

O Noroeste de São Paulo é a região que mais produz limão no Brasil. São mais de 1 milhão de pés e uma produção anual de 100 mil toneladas. E o Nosso Campo descobriu que o cultivo pode ganhar impulso com uma pesquisa do Centro de Citricultura do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

A pesquisadora Mariângela Cristofani Yaly está à frente do estudo com porta-enxertos. Ele influencia várias características da planta, como qualidade, sabor, tamanho da árvore e resistência à seca e a doenças.

Em uma comparação, a variedade mais conhecida é a quebra-galho. Em 1 hectare é possível plantar 400 pés de limão. Já com uma das novas variedades, dá para cultivar até mil pés na mesma área e atingir uma produção de até 33 toneladas por safra. Além disso, a copa da árvore é mais baixa, o que facilita a colheita e a poda, além de aumentar a eficiência na hora da pulverização.

A técnica consiste na enxertia de um material genético mais rústico, que dá condição para o bom desenvolvimento da planta. O pomar experimental foi plantado em 2013 em uma unidade da Apta, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, em Pindorama (SP).

Os frutos de cada porta-enxerto vão para o laboratório, onde são avaliados o tamanho, a acidez, o peso, a quantidade de vitamina C, o teor de açúcar e o rendimento de suco de cada fruta. Depois dos testes é possível saber qual o melhor porta-enxerto.

Ao todo, foram estudados 17 tipos de porta-enxertos. Segundo a pesquisadora Maria Beatriz Bernardes Soares, dois deles se destacaram. Um pela parte física e rendimento de suco. O outro, pela parte química, teor de açúcar, vitamina C e qualidade do suco.


Fonte: G1

Laboratório do Fundecitrus completa 90 mil diagnósticos de HLB para citricultores

O laboratório de Pesquisa e Diagnóstico do Fundecitrus chegou, neste mês, à marca de 90 mil análises de plantas com sintomas de HLB (huanglongbing/greening) para citricultores, desde o aparecimento da doença em São Paulo, em 2004. O serviço é oferecido gratuitamente e atende à demanda de produtores que têm dúvidas em relação à presença ou não da doença no pomar.

Além de HLB, também é realizado diagnóstico para CVC (clorose variegada dos citros ou amarelinho). Neste caso, o número de plantas avaliadas foi de 7,4 mil, de 2008 a 2016.

As análises são feitas por meio da extração de DNA das folhas de plantas de citros que passam pelo teste de PCR (reação em cadeia da polimerase), que indica se estão ou não contaminadas pelas bactérias causadoras das doenças. Em média, são avaliadas 700 amostras de HLB e CVC por mês. O resultado é enviado ao produtor no prazo máximo de 14 dias.

“A demanda pelas análises hoje em dia está menor devido ao maior conhecimento por parte dos citricultores dos sintomas de HLB e do baixo índice de CVC no parque citrícola. Mas ainda assim a procura é alta, pois o diagnóstico dá a certeza sobre a infecção ou não da planta”, diz o pesquisador do Fundecitrus Nelson Arno Wulff, responsável pelo laboratório.

O Laboratório foi fundado em 1999 e tem duas linhas de atuação: serviços ao citricultor e pesquisas. É equipado em microbiologia, biologia molecular e bioquímica, sendo capaz de responder quais organismos causam as doenças, como são, como e quando agem, e consegue mostrar suas diferenças. Além do diagnóstico para produtores, o laboratório efetua a mesma análise em folhas de plantas de projetos de pesquisa do Fundecitrus e parceiros. Nos últimos sete anos foram analisadas 120 mil amostras nesses projetos.

Em 2016, foi adquirido para o laboratório um novo aparelho que proporciona economia e agilidade no processo de diagnóstico e permitiu diminuir o tempo de análise de 30 minutos para 2 minutos e meio. Além de otimizar as análises, o equipamento trouxe uma economia de 27% nos gastos com materiais.

“O laboratório busca sempre fornecer resultados cada vez mais rápidos, com menor uso de reagentes e menor produção de resíduos, seguindo a tendência de diagnósticos voltados para a sustentabilidade”, afirma Wulff.

Mais informações sobre o envio de amostras estão disponíveis no link: http://www.fundecitrus.com.br/pesquisa/laboratorio.

Fonte: Fundecitrus

Estoque menor de suco de laranja acelera vendas externas do Brasil

O cenário para o setor de suco de laranja a longo prazo não é confortável, devido às perspectivas de um enxugamento do consumo. A evolução das vendas neste ano, porém, é boa. As exportações deste mês poderão superar 200 mil toneladas, 33% mais do que em outubro.

A indústria brasileira está transferindo produto para outros países para recompor seus estoques, que estão baixos no mercado externo.

Além da evolução das vendas em volume, as receitas também crescem. O valor médio das exportações é de US$ 863 por tonelada, 11% mais do que no mês passado, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Os preços internacionais aumentam devido à queda de produção no Brasil e nos EUA, maiores produtores globais. Com isso, há uma queda nos estoques mundiais.

A União Europeia é um dos mercados que puxam as vendas brasileiras, segundo a CitrusBr (associação do setor).

Até outubro, a UE comprou 610 mil toneladas de suco do Brasil, 9% mais do que em igual período de 2015.

Já os Estados Unidos reduziram em 2% as compras, para 170 mil toneladas. Mesmo comportamento teve o Japão, outro país importante para o mercado brasileiro.

Os japoneses reduziram as compras de suco brasileiro em 11%. O volume caiu para 41 mil toneladas.

A China, outro mercado crescente neste ano, aumentou as compras em 9%. Os chineses receberam 27 mil toneladas de suco brasileiro de janeiro a outubro.

A exportação de suco deste ano cresce em um bom ritmo, mas é menor que a de uma década atrás, quando girava em torno de 1,4 milhão de toneladas por ano.


Governo baixa de 1,6% para 1% projeção de alta do PIB em 2017


Dificuldade em retomada do crescimento levou à mudança na previsão.
Estimativa para encolhimento da economia em 2016 passou de 3% para 3,5%.


O Ministério da Fazenda admitiu oficialmente nesta segunda-feira (21) que a economia brasileira vai crescer menos em 2017 e anunciou a revisão de sua estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano, de 1,6% para 1%.

O governo também anunciou que prevê um ecolhimento ainda maior da economia em 2016. A previsão, que era de queda de 3%, passou para 3,5%.

"O que realmente causou essa recessão foi uma queda de confiança causada por questões fiscais [problemas nas contas públicas]. O empresário retrai investimento. O mais importante que a gente tem de resolver é a questão fiscal. É o âmago de tudo", declarou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk.

As novas previsões do governo para o PIB estão em linha com o que projeta o mercado financeiro, conforme mostra o mais recente levantamento feito pelo Banco Central e divulgado nesta segunda. A expectativa do mercado é que a economia encolha 3,4% em 2016 e cresça 1% em 2017.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

Impacto no orçamento
Quando uma economia cresce menos que o previsto o governo também arrecada menos impostos que o esperado. Portanto, a mudança na projeção para o desempenho do PIB também deve afetar os cálculos do governo para suas receitas em 2017.

Essa situação é especialmente complicada para o Brasil, que vem registrando seguidos déficits fiscais (despesas acima da arrecadação), justamente uma das razões para a crise econômica.

Para o próximo ano, o governo já propôs que seus gastos superem a arrecadação com impostos em até R$ 139 bilhões. Entretanto esse valor, que se confirmado já será o segundo maior rombo fiscal da série histórica, leva em conta o crescimento de 1,6% do PIB em 2017.

Nesta segunda, o secretário de Política Econômica, Fabio Kanczuk, não quis fazer uma projeção sobre a arrecadação de 2017. Segundo ele, esse número será divulgado somente no fim do primeiro trimestre do próximo ano.

“Se tudo mais está constante e o PIB tem uma projeção menor, a projeção de receita cai. Mas tem um monte de outros fatores acontecendo ao mesmo tempo, como [mudanças no patamar do] câmbio, inflação, massa salarial. Tem um monte de detalhes que a gente tem de apurar com cuidado para ver o que vai acontecer”, declarou ele. 

Demora no enfrentamento da crise
Na semana passada, em Nova York (Estados Unidos), onde se reuniu com investidores, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a economia crescerá menos do que o previsto anteriormente em 2017 porque houve demora no enfrentamento da crise financeira.

"Essa crise, começamos a enfrentá-la a partir de maio, quando entramos no governo [quando Michel Temer assumiu a Presidência, ainda interinamente]. Isso fez com que a saúde geral da economia já estivesse afetada, empresas negociando com bancos. Por tudo isso, demora mais um tempo para recuperar, mas já está em andamento", declarou o ministro.

Meirelles afirmou, porém, que a recuperação é "sólida". "Gradualmente vai aumentar a taxa de crescimento, porque estamos trabalhando em outras reformas para aumentar o nível de produtividade da economia, como, por exemplo, nos investimentos em infraestrutura", declarou ele na semana passada.


Inflação em 2017
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda também informou que o governo baixou de 4,8% para 4,7% a sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial.

Com isso, a estimativa oficial do governo para o comportamento da inflação no próximo ano permanece abaixo do teto de 6% fixado pelo sistema de metas. O objetivo central, porém, é de inflação de 4,5% em 2017.

Para a inflação deste ano, o Ministério da Fazenda informou que baixou a previsão de 7,2% para 6,8%. Com isso, apesar da queda, o governo segue projetando que o IPCA ficará acima do teto do sistema de metas de inflação pelo segundo ano seguido. Em 2015, somou 10,67%, ficando acima do teto de 6,5%.

Fonte : G1

Citros/Cepea: Baixa oferta sustenta preço da laranja pera

As chuvas desta semana e o feriado do último dia 15 (Proclamação da República) limitaram a demanda por laranja pera no mercado de mesa. Além disso, os elevados patamares da variedade reforçaram a retração no consumo. Apesar da menor procura, a baixa oferta mantém as cotações em alta. Na parcial da semana (segunda a quinta-feira), a pera é negociada à média de R$ 35,47/cx de 40,8 kg, na árvore, avanço de 1,3% em relação à semana anterior.


Os preços da lima ácida tahiti, por sua vez, têm variado basicamente em função da qualidade e calibre das frutas oferecidas. A média parcial é de R$ 64,54/cx de 27 kg, colhida, queda de 5,3% em relação à semana passada. Para os próximos dias, a oferta de tahiti de calibre maior deve aumentar, uma vez que as chuvas vêm favorecendo o crescimento das frutas nos pés.

Fonte: Cepea/Esalq

Agricultores do Vale do Ivaí conhecem tecnologias usadas na produção de frutas

O núcleo regional da Secretaria da Agricultura e Abastecimento de Apucarana organizou uma excursão ao Circuíto das Frutas, em São Paulo, para dar sequência à implantação do projeto de ampliação e melhoria da fruticultura nos 28 municípios que integram o programa Território do Vale do Ivaí, .

A viagem técnica teve como destino os municípios paulistas de Valinhos, Jundiaí e Louveira, tradicionais produtores de goiaba, uva e vinho, com alto padrão de tecnologia. A comitiva foi integrada por 82 pessoas, entre agricultores, representantes de associações rurais, Emater, Secretaria da Agricultura e Abastecimento, prefeituras, entidades de ensino superior e gestores do Território, com interesse na implantação de um polo de produção de frutas de qualidade e de turismo rural na região Norte do Paraná.

Os integrantes da Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi) já produzem frutas em escala comercial, como uva de mesa, banana, abacate, laranja, maracujá, goiaba, caqui, uva para vinho, morango e limão. No ano passado registraram um Valor Bruto da Produção – faturamento bruto pago aos produtores – de R$ 45,6 milhões, o que representou 1,51% sobre o VBP total da região (incluindo todas as culturas) que somou R$ 3 bilhões.

“O objetivo agora é ampliar a participação da fruticultura comercial no Vale do Ivaí e o faturamento dos produtores”, disse o chefe do núcleo regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento em Apucarana, Mário Bezerra Guimarães. Para isso, ele articulou a viagem técnica onde os produtores tiveram acesso a novas tecnologias de produção de frutas, legislação e novas formas de empreendedorismo.

A realização da viagem técnica representa um novo passo rumo à profissionalização da fruticultura no Vale do Ivaí. Antes disso, o núcleo regional da Secretaria da Agricultura em Apucarana já havia patrocinado a realização do 1º Seminário de Fruticultura e Conservação de Solos e Água do Vale do Ivaí, que motivou produtores e profissionais para o aperfeiçoamento técnico e exploração das potencialidades com o cultivo de frutas.

Segundo Bezerra, no Paraná a produção de frutas precisa evoluir, principalmente na questão da agregação de valor e comercialização. Outro ponto a ser destacado – salienta – refere-se à legislação de incentivo aos agricultores. Ele apontou como exemplo a legislação vigente no Circuito das Frutas, em São Paulo, que instituiu o programa de pagamentos por serviços ambientais no município de Louveira.

A lei, sancionada em 2013, teve como objetivo a implantação de ações para proteção dos recursos hídricos, sua qualidade e quantidade para proteção e formação de fragmentos de vegetação nativa e para adequação ambiental da propriedade.

Bezerra disse que vai distribuir cópia do texto da lei paulista para ser distribuída aos prefeitos e vereadores das cidades que compõem a Amuvi, na intenção de fazê-los conhecer a sincronia que predomina entre os poderes públicos e os interesses dos pequenos produtores do Circuito das Frutas, que foi relevante para a organização local.

Segundo o gerente regional da Emater de Apucarana, Cristovon Videira Ripol, a excursão técnica realizada nos municípios integrantes do Circuito das Frutas foi mais um passo importante, visando implementar um trabalho semelhante no Território do Vale do Ivaí. “Os participantes do evento, na sua maioria lideranças municipais e produtores, trouxeram muitas lições, entre elas a que precisamos valorizar nossos produtos e torná-los únicos e atrativos”, afirmou.

Para Ripol, “é preciso ter a coragem de empreender, organizar-se para bem receber turistas nas propriedades rurais, pois estamos próximos disso. Agora precisamos de foco, interesse e participação das administrações municipais como apoiadoras, para as vocações locais se consolidarem em oportunidades”, acrescentou ele.

Segundo a engenheira agrônoma da Emater Lúcia Socoloski, coordenadora do Território Vale do Ivaí, os participantes ficaram muito impressionados com as propriedades visitadas, considerando a possibilidade de implementação e ampliação de ações voltadas à produção de frutas e a expectativa de, num futuro, terem suas propriedades em condições também de receberem turistas.

POLO DE FRUTAS - Conhecido em todo o País, o Circuito das Frutas em São Paulo foi instituído em 2002, através de decreto do governo paulista. É um polo formado pelas cidades de Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo, no Sudeste do Estado de São Paulo. O trecho proporciona diversas atividades que deixam o turista em contato com a natureza através de trilhas, cavalgadas e cachoeiras; passeios e visitas a adegas de vinhos e licores, fazendas históricas de café, engenhos de cachaça, apiários e ainda, acesso à gastronomia típica.

Em Valinhos, a comitiva paranaense foi recepcionada no sítio Kusakariba, pequena propriedade de 60 mil metros quadrados que recebe, em média, 5.000 visitantes por ano, o que representa 30% do faturamento do sítio. Nessa propriedade, a goiaba é a principal cultura com predominância das variedades Tailandesa e Cascuda, ambas vermelhas. São 1.400 pés de goiaba instalados que proporcionam uma produção de 160 toneladas por ano. A comercialização é feita no Ceagesp e complementada com a venda direta ao consumidor, cujo valor da fruta varia de R$1,50 a R$ 5,00 por unidade.

Dotado de excelente infraestrutura, o local abriga espaço para seleção e embalagem das frutas, estacionamento, ambiente para recepção e alimentação de turistas, técnicos e estudantes que visitam constantemente o sítio em busca de lazer e conhecimento. O atendimento é feito pelos proprietários, além de seis funcionários fixos que cuidam da produção.

Em Jundiaí, o grupo fez parada na Adega Beraldo di Cale, onde os proprietários cultivam uva, fabricam vinho artesanal e cachaça, além de oferecer serviço de restaurante com comida italiana da fazenda. No ponto de venda, anexo, são ofertados todos os rótulos da adega, licores, queijos e produtos típicos da região. Também ofereceram palestra e degustação aos paranaenses. Chamou a atenção dos visitantes a existência de um caminhão de envase de vinho adquirido pelo consórcio do Circuito para atender os associados.

No município de Louveira, a comitiva visitou os parreirais do sítio Santa Rita, onde o empresário Daniel Micheletto apresentou um histórico da implantação e evolução do cultivo de videiras na região, cujo início deu-se com os imigrantes italianos que vieram substituir a mão de obra escrava na cultura do café no início do século 20.

“Em 1933 apareceu, em Louveira, na vinha de Antônio Carbonari, uma cepa de Niagara Branca, ostentando em alguns ramos cachos de bagas vermelhas e que foram descobertos pelo viticultor Aurélio Franzini. Nasceu assim a mutação somática Niagara Rosada, que se tornaria a uva de mesa mais cultivada no Estado. Na época o bairro de Traviú, onde ocorreu o fato, estava ligado a Louveira e ambos pertenciam ao município de Jundiaí”, disse o palestrante sob a sombra das videiras da pequena propriedade de dois alqueires, que também abriga a fábrica e Adega de Vinhos Micheletto.

Após a palestra no parreiral, os visitantes seguiram para a vinícola onde conheceram o processo de elaboração de diferentes tipos de vinhos ali fabricados.

Em seguida, o grupo foi conduzido até a loja onde são comercializados artigos artesanais produzidos no território do Circuito das Frutas, dentre eles salames, queijos, compotas, doces e geleias. Houve degustação de vinhos, suco de uva e grapa. Cerca de 80% da renda do sítio Santa Rita provem do turismo rural.

Agropecuária catarinense deve faturar R$ 29 bilhões em 2016

Faturamento da agropecuária catarinense deve chegar a R$ 29,06 bilhões em 2016. O número representa o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), ou seja, o faturamento dos principais produtos da agropecuária. Segundo as projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Valor Bruto da Produção Agropecuária do Brasil será de R$ 519,3 bilhões este ano, valor 2,5% menor do que o VBP de 2015. 

Em Santa Catarina, o Valor Bruto da Produção Agropecuária estimado para 2016 já supera o faturamento do último ano em R$ 22 bilhões, alavancado pelas lavouras que podem ter um rendimento de R$12,38 bilhões, 6,46% a mais do que no VBP de 2015. 

Em alguns produtos como banana, batata inglesa e trigo a alta no faturamento é superior a 60% e para a cebola o VBP a valorização pode chegar a 86% em relação ao último ano. No Valor Bruto da Produção de lavouras, Santa Catarina tem o maior faturamento do país em produtos como cebola (R$ 887,3 milhões) e maçã (R$ 2,16 bilhões) e o segundo maior faturamento com o fumo (R$ 1,55 milhão). 

Já na pecuária, o estado tem o maior faturamento da suinocultura com R$ 3,65 bilhões e é o segundo colocado no VBP da avicultura com R$ 8,86 bilhões. A região Sul, formada por Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, representa quase 30% do Valor Bruto da Produção Agropecuária do país, com R$ 153,66 bilhões de faturamento estimado para 2016. 

O Valor Bruto da Produção Agropecuária revela apenas o que foi pago aos agricultores e pecuaristas pelos produtos vendidos, não levando em conta a movimentação de toda cadeia produtiva com insumos, serviços e industrialização das matérias primas. Segundo o secretário adjunto da Agricultura, Airton Spies, a movimentação financeira de toda cadeia representa 21,4% do Produto Interno Bruto do Brasil e aproximadamente 29% do PIB catarinense. 

Spies ressalta que a agropecuária não está imune à crise financeira que afeta o país, mas os números revelam que em Santa Catarina a queda na produção do agronegócio foi menor do que a média nacional. “A reação catarinense se deve à grande diversidade de atividades agrícolas e agregação de valor pelas agroindústrias. Assim como, a força do cooperativismo, setor que cresceu 11% em faturamento bruto no último ano”.

Na esteira da saúde: Alta no consumo de alimentos orgânicos gera nicho atrativo para pequeno agricultor

Um negócio que conta com previsão de alta no faturamento entre 30% e 35% para este ano em relação a 2015, que garante renda maior para o pequeno agricultor e, principalmente, menor exposição a agrotóxicos para a família dele e para o consumidor. O mercado de alimentos orgânicos cresce muito além de qualquer outra cultura rural e garante a permanência do homem no campo. Cenário em que o Paraná, mais uma vez, se destaca e desponta como o líder em número de propriedades com certificação e em produção.

De acordo com registros da Organics Brasil, entidade da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) sobre mais de mil produtos agroecológicos, a evolução do mercado de orgânicos bateu 25% no ano passado e deve superar o índice em 2016. A projeção de movimentação em 2015 aponta para R$ 350 bilhões no mundo e R$ 2,5 bilhões no País, com expectativa de ultrapassar os R$ 3 bilhões até dezembro.

Não é à toa. Existem duas pontas nesse mercado com a mesma preocupação, que é garantir a menor exposição das famílias a produtos químicos. Para os pequenos agricultores, há riscos de intoxicação na aplicação de defensivos no campo e de contaminação de nascentes de água na propriedade. Para o consumidor, aumenta o interesse em nutrição e em qualidade de vida.

O coordenador do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp) em Bandeirantes, Rogério Macedo, afirma que os orgânicos são muito mais adaptados à realidade de propriedades familiares, que correspondem a 85% dos agricultores e a 80% do total de alimentos que vão à mesa do consumidor. "Quem tem pedaço de terra mais reduzido, que precisa usar só a mão de obra da família, que tem uma renda menor e mais dificuldade de acesso aos financiamentos em bancos, para esse produtor é que o orgânico é mais adaptado." A renda é o principal atrativo para esse produtor, diz o diretor técnico do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Paulo César Hidalgo. "A produção orgânica, se bem conduzida, é mais simples do que a que se usa veneno, não tem impacto ambiental, não vai intoxicar o produtor, ainda mais dentro de ambientes protegidos, de estufas, e rende de 30% a 50% acima, dependendo da espécie", diz. "Mas o que fundamenta mais (a produção agroecológica) é que o consumidor está pedindo", completa.

Mesmo assim, o mercado de orgânicos no Brasil representa menos de 1% da produção e do consumo nacionais, conforme a Organics Brasil. No Paraná, as 1.966 propriedades certificadas para a produção de orgânicos transformam o Estado em líder nacional em cadastros e em produção, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). São 130 mil toneladas de alimentos do tipo ao ano. LENDAS
A menor oferta torna os produtos agroecológicos mais caros, em parte porque o mercado sofre com algumas lendas. Uma delas, que assusta agricultores, é a ameaça de uma produtividade menor. "A partir do momento que a estrutura está montada para a produção orgânica, o custo não é maior do que a convencional, a produtividade fica na média da convencional ou até maior e, portanto, o que temos visto é uma rentabilidade muito boa para o agricultor familiar", conta Macedo.

Outro mito, voltado a quem consome, é que os alimentos precisam ser feios, com marcas, ou não foram produzidos de forma orgânica. "É bonito, é bom, produz no mesmo patamar da convencional, então, como o valor já é maior, o que o produtor tem de fazer é se organizar para a comercialização", diz Hidalgo, sobre a falta de alimentos do tipo nos supermercados.

Com uma melhor estrutura de comércio, a expectativa é que o preço diminua na gôndola, mas sem perda de renda para o produtor, que ficará mais profissionalizado. "O consumidor urbano reclama, com razão, que às vezes o produto orgânico é mais caro. Isso é baixa oferta, porque por mais que tenhamos 1,9 mil produtores no Paraná, é pouco frente a demanda", diz o professor da Uenp.

SEM DISPUTA
Macedo considera que é preciso deixar claro que não há rixa entre o agronegócio e a produção de orgânicos, bem como o fato de a defesa de um modelo sem uso de agrotóxicos não significa desrespeito a outros modelos. "O orgânico não está aí para disputar espaço com o agronegócio, cada um tem suas características. É só mais um modelo de produção, que valoriza a organização dos produtores em associações, as compras e vendas coletivas, e que é muito mais adaptado à realidade da agricultura familiar."

Agricultura orgânica: Espaço pequeno, receita grande

A olericultura orgânica pode render de R$ 3,5 mil a R$ 20 mil em uma propriedade de 0,5 hectare, com trabalho feito por um casal, no Paraná. Mais do que uma estimativa, os números apontam a experiência do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na zona rural de Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro.

Durante o 1º Dia de Campo Orgânico, organizado pelo Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp) em Bandeirantes, nos dias 11 e 12, o Emater apresentou balanços de produção que comprovam a rentabilidade dos alimentos orgânicos. A margem bruta chegou a R$ 17,9 mil para uma produção de tomate em 500 metros quadrados (m²), com certificação, em Uraí, mas varia para cada cultura.

O coordenador do Neat, Rogério Macedo, afirma que as principais dificuldades são de adaptação inicial à produção orgânica. "Na transição, o agricultor sente um pouco a necessidade de investimento, de ver a produção reduzir porque é preciso investir na base, no solo, nas barreiras vegetais para proteger de deriva de veneno dos vizinhos, na qualidade da água, mas isso é passageiro", diz. "A partir do momento em que a estrutura está montada para a produção orgânica, o custo não é maior do que na convencional e a produtividade pode ser até superior", completa.

Conforme o balanço de propriedade de Uraí, foram necessários R$ 11 mil para formatação de um ambiente protegido e mais R$ 26,5 mil em investimentos gerais. A produção foi em 500 m² para tomate, em 650 m² para abobrinha italiana e 650 m² para abobrinha bárbara. O custo de produção nas três culturas foi de R$ 12,6 mil, com R$ 37,1 mil de receita bruta e R$ 22,5 mil de margem bruta.

O diretor técnico do Emater, Paulo César Hidalgo, afirma que a entidade, que atua em junto ao Neat, já faz um trabalho que é referência. "Temos um grupo com 45 produtores que coloca os produtos na ponta comercial com facilidade", cita.

A engenheira agrônoma Ernestina Izumi Muraoka, a Tina, do Emater de Cornélio Procópio, é uma das principais técnicas em orgânicos da região e afirma que o maior custo para a produção agroecológica é com mão de obra, e não com insumos, como na convencional. Mesmo assim, ressalta que o instituto busca orientar os agricultores de forma que um casal tenha, no mínimo, R$ 3,5 mil de renda. "A olericultura orgânica praticada nos moldes que preconizamos no Emater tem de dar uma renda que faça com que se sobreviva dessa atividade numa área média de 0,5 hectare."
COMERCIALIZAÇÃO
Ela lembra que a rentabilidade é superior e resulta em menos problemas fitossanitário do que na cultura convencional. No caso de Uraí, o Emater buscou orientar a comercialização e um grupo de 45 produtores fornece produtos, sem dificuldades, para uma rede de supermercados de Curitiba. "Se tiver mix de produtos e volume não vai encontrar dificuldade no fornecimento, mas de fornecedores, porque a demanda é sempre maior", conta Tina.

No exemplo de Uraí, o grupo é informal, cada produtor tem a própria nota fiscal e apenas faz um mutirão para reunir todos os produtos em um mesmo local, para favorecer a logística de transporte. "Começamos com quatro, foi entrando mais gente e hoje estão em 45, sempre respeitando a aptidão de cada um na produção e nas culturas em que se saem melhor", diz Tina.

Para Hidalgo, basta começar e se profissionalizar para perceber que os orgânicos são rentáveis. "A oportunidade está na propriedade do agricultor e R$ 2 mil, R$ 3 mil por mês com hortaliças não é um fantasma, não."

Cultura orgânica: Resultado exige manejo e insumos apropriados

Abrir mão do uso de agrotóxicos gera um receio inicial nos produtores, mas os técnicos que prestam assessoria no campo afirmam que a cultura orgânica tem evolução contante, muito pela nutrição, manejo e sustentabilidade do solo. "Para crescer, o grande gargalo da agricultura orgânica é a segurança que o produtor tem de ter para mudar o sistema de produção, que é dada pela viabilidade técnica levada pelos agentes de extensão rural", diz o coordenador do Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp).

Ele diz que é importante ampliar o número de técnicos capacitados, tanto no Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) como no Neat, para fortalecer o acesso aos produtores a informações. "Hoje existem outros insumos disponíveis e diminuiu a penosidade do trabalho em relação à agricultura orgânica, porque a tecnologia chegou e cumpre com o papel de mais eficiência no uso da mão de obra."

São 12 empresas privadas registradas pelo governo brasileiro que produzem e comercializam insumos biológicos para manejo de pragas, de solo e de doenças. Técnico agrícola biodinâmico da empresa londrinense Bioconsult, José Roberto Bergamo conta que são muitas alternativas no mercado que fortalecem a planta e reduzem a incidência de pragas. "E diminui bastante o custo, porque o agroquímico é para resolver o problema na hora que ocorre, apagar o fogo. O nosso é uma evolução, preventivo, por isso tem custo mais barato."


Em Tocantins o Pronaf faz fartura


Tomate, couve e pimentão. Esses são alguns dos produtos que saem da horta do agricultor familiar Francisco da Silva, de 48 anos, e vão direto para a mesa dos moradores de Taguatinga, em Tocantins. Seu Francisco conta, com orgulho, que é agricultor há 20 anos. Ele trabalhou por muito tempo como funcionário e desde 1995 conquistou um estabelecimento próprio para poder plantar. 

Francisco começou aos poucos, em uma terra arrendada, mas diz que a vida toda quis ter um terreno próprio para cultivar. Para isso, os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram fundamentais. “Eu tinha vontade de adquirir uma terra para não ficar pagando aluguel. Comprei, mas não tinha dinheiro para investir. Eu precisava comprar cano, bomba, essas coisas. Consegui o dinheiro no Pronaf e apliquei no meu terreno”, comenta. Ele diz que não teve dificuldade para pagar as parcelas e que agora ele tem investido com dinheiro da própria renda. 

Hoje, a agricultura familiar é o meio de renda da família de Francisco, que conta com a ajuda da mulher e dos dois filhos para cuidar das plantações. O agricultor ainda adquiriu uma moto para vender os produtos de porta em porta. Porém, tem quem percorra os 3 Km da cidade até a chácara da família para buscar os produtos. “O pessoal sai lá da cidade para comprar um pacotinho de pimentão aqui. Se eles fazem isso é porque o produto é de qualidade. Cada ano que passa, mais consumidor tem”, relata o agricultor. 

De acordo com o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tocantins tem uma das maiores áreas médias de estabelecimentos familiares, com 62,8 hectares. São cerca 42 mil unidades de produção familiar, o que corresponde a 76% dos estabelecimentos rurais da região. 
Pedro Pimentel, chefe da unidade de Palmas do Instituto Ruraltins, que presta assistência técnica na região, conta que o Pronaf tem sido essencial para o crescimento de muitos agricultores familiares no estado. “O programa é fundamental para dar mais condições para eles alavancarem o desenvolvimento da zona rural e dar qualidade de vida a esse público, além de estar produzindo”, ressalta.

O Pronaf oferece crédito e financiamentos aos agricultores familiares com juros abaixo da inflação. Na safra atual, até outubro deste ano, foram mais de 7 mil contratos, cerca de R$ 170 milhões beneficiando as famílias do estado de Tocantins. 

Para saber como ter acesso aos recursos do Pronaf, acesse aqui.