quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Agricultura aposta na agregação de valores na produção para enfrentar crise

90% dos municípios paranaenses têm sua base rural



Grande safra, inclusão produtiva e segurança alimentar com boas práticas de conservação do solo e da água. Esta é a expectativa do secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, para o próximo ano, apostando na capacidade e competitividade da agricultura paranaense.

“Concluindo um ano mediano em desempenho agrícola, devido aos problemas climáticos e crise financeira, estamos otimistas com o novo ano que promete uma safra recorde de verão e boa safra de inverno,” destaca Ortigara.

Considerando que 90% dos municípios paranaenses têm sua base rural e que a agricultura é um dos primeiros segmentos a responder às dificuldades econômicas, a Secretaria vai apoiar as iniciativas de negócios inovadores, com pequenas e médias agroindústrias familiares. “Em janeiro, já estaremos lançando novo edital de chamamento do Programa Pro-rural, com oportunidades para se implementar novas ações com valor agregado à produção”, diz Ortigara.

Há uma forte tendência para próximo ano de um processo crescente de agregação de valor naquilo que é mais caro aos paranaenses que é sua agricultura, sua pecuária, sua agroindústria.

Durante o Encontro de Prefeitos ocorrido recentemente em Foz do Iguaçu, o estande da Seab teve grande procura por parte dos futuros administradores municipais, preocupados em como enfrentar a crise neste inicio de mandato. As demandas apresentadas foram um bom termômetro para medir o interesse e a valorização do ambiente rural como estratégico para enfrentar a crise. “Muita procura de apoio à manutenção de conservação de estradas rurais e também solicitações de maior intervenção e articulação na assistência técnica para melhorar o desempenho agrícola”, lembra Ortigara.

SANIDADE

Outra ação positiva para o agronegócio paranaense será a iniciativa na área de sanidade animal. Segundo Ortigara, o Paraná está negociando com o estado do Mato Grosso do Sul para sintonizar as ações para eliminar de vez a febre aftosa, doença que prejudica as exportações de carnes bovina e suína. “Queremos criar um ambiente mais aberto ao comércio de carnes”, disse.

PANORAMA ESTADUAL

A Secretaria da Agricultura vai consolidar as políticas de apoio aos agricultores mais vulneráveis, com iniciativas para capacitá-los e inseri-los num ambiente mais competitivo. “Com recursos do Banco Mundial e contrapartida do Estado vamos apoiar novas agroindústrias familiares em áreas mais carentes do Estado, com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais. Também vamos fomentar ações para o fortalecimento das cadeias produtivas na área de olericultura, frutas, produtos orgânicos, leite e agroindústria familiar”, afirmou Ortigara.

Outra iniciativa será a ampliação do esforço para aperfeiçoar o desempenho da agricultura, com a melhoria da infraestrutura no meio rural. “Teremos melhores condições de apoio às ações de recuperação e adequação das estradas rurais, com as patrulhas rurais que foram compradas com recursos do programa Pró-Rural”.

“Em 2017 seremos mais ousados na inclusão produtiva dos agricultores pobres, com recursos do BID, do Família Paranaense-Renda Agricultor e do Fundo de Combate à Pobreza “, diz Ortigara. Haverá uma busca mais ativa de apoio na transformação de muitas famílias rurais que têm alguma aptidão para agricultura mas não estão conseguindo realizar o trabalho, começando pelo apoio na instalação de água encanada e saneamento básico.

Está previsto ainda um programa de maior segurança alimentar às famílias vulneráveis, com ampliação da rede de atendimento, reestruturação do Banco de Alimentos da Ceasa, apoio à implementação e funcionamento de restaurantes populares e compra direta da produção da agricultura familiar.

CAPACITAÇÃO

Uma grande ação está em curso para melhorar o manejo de solo no Paraná e será intensificada no próximo ano. Uma aliança estratégica com 16 entidades públicas e privadas está em construção.“ A manutenção de nossa capacidade e competitividade na agricultura, pecuária e agroindústria depende de uma feliz investida na conscientização de nosso agricultor para o seu principal patrimônio que é o solo”.

FEVEREIRO

A partir de fevereiro, a Secretaria quer tornar mais agressiva a política de manejo de solos e água. “Estamos finalizando o processo de formação e capacitação de técnicos que serão enviados para planejar e executar ações no campo. Vamos querer resultados na área de bom planejamento conservacionista”, diz o secretário.

A meta é treinar cerca de dois mil técnicos do serviço público e da iniciativa privada, que serão capacitados a orientar os projetos de conservação de solos e água nas propriedades rurais. Serão instaladas unidades didáticas de macro parcelas para servirem de modelos e extração de bons indicadores de manejo de solo e de água.

“Apostamos na estratégia de percepção dos agricultores da necessidade de manutenção da boa condição de produção do seu solo. Um solo que precisa estar biológica, física e quimicamente bem resolvido, sem erosão, com boa cobertura e capacidade de absorver a chuva para que a agricultura continue competitiva”, afirma.

BALANÇO 2016

Segundo Ortigara, em 2016 o agronegócio passou por ajustes por causa da crise econômica, sofreu com o clima que teve influência da corrente El Niño, que contribuiu para a perda do ritmo de crescimento na produção. “Foi um ano de ajustes, tivemos que enfrentar a elevação dos custos de produção das empresas e de outras cadeias produtivas, com a elevação dos preços do milho. E para agravar, ainda tivemos redução no consumo”.

Conforme avaliação do secretário, o agronegócio ainda enfrentou prejuízos com o clima. Houve excesso de chuvas na primeira safra e geadas no inverno, eventos que influenciaram diretamente na redução da safra de grãos do Estado, com perdas estimadas em 4,6 milhões de toneladas na produção de soja, milho, feijão. Também houve um ambiente hostil de comércio, a China reduziu as compras de grãos, mas a desvalorização da moeda que ocorreu até o mês de setembro elevou a lucratividade das commodities.

“Mesmo assim, foi uma safra boa em termos de rendimento e tivemos preços razoáveis para quase todos os produtos e ainda a consolidação do Paraná como segundo produtor de leite no ranking nacional, manutenção da liderança na produção de frangos”, destacou o secretário. Segundo ele, não dá para se queixar muito dos preços, que se mantiveram favoráveis ao produtor, em função da desvalorização da moeda que elevou a lucratividade, ajudando o setor a se manter forte, dinâmico e competitivo.

Além disso, houve a recuperação do setor de mandioca, que vinha acumulando prejuízos no ano anterior. A produção de fumo se manteve com boa remuneração aos produtores e agora tem a expectativa de início de recuperação do setor sucroalcooleiro, com a política de transparência da Petrobras, apontou. “A recuperação do setor sucroalcooleiro vai contribuir com a renovação dos canaviais e o setor ganha estímulo no campo”, prevê.

Lembra o secretário que com esse quadro de ajustes rápidos a uma situação de crise e em face do aumento da demanda externa, foram consolidados bons investimentos das empresas privadas no Paraná nas áreas de cervejaria, frigoríficos e madeira, com investimentos de empresas de porte como a Hainecken e Ambev, Frimesa e Klabin, Agrária.

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