Com a população de abelhas em queda em todo o mundo, o aluguel de colmeias virou uma saída para produtores de fruta brasileiros. Isso porque sem os insetos não há polinização, e sem polinização as flores não dão frutos.
Cada colmeia chega a custar R$ 60, e grandes pomares exigem até 2.000 unidades. Uma única colmeia pode abrigar 120 mil abelhas, resultando em um exército de milhões de operárias em campo na época da floração.
Em Mossoró (RN), a produção de melão depende das abelhas de aluguel. Com elas, a produtividade das lavouras aumentou 30%, segundo Lecy Carlos Gadelha, gestor do projeto Apicultura Potiguar, do Sebrae no Estado do RN.
"Todos os produtores adotam essa prática [alugar colmeias]. Embora 40% deles tenham apiários próprios, a maioria depende do aluguel."
No Estado, as lavouras de melancia também são polinizadas por abelhas de aluguel.
No Sul, os pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) introduziram seis colmeias por hectare de pomar de maça tipo fuji, em Bom Retiro (a 95 km de Florianópolis), onde antes havia três. Com isso, a produção aumentou 20%.
Segundo o professor titular de agronomia da UFSC, Afonso Orth, os produtores investiram R$ 180 a mais por hectare. "E o resultado foi 6.000 quilos extras de fruta."
Orth diz que toda a produção de peras de Santa Catarina se beneficia do trabalho das abelhas alugadas hoje, 90% das frutas comercializadas são importadas.
Para o biólogo da USP,Lionel Gonçalves, no entanto, o empréstimo de colmeias não tem futuro porque muitas unidades são desfalcadas e até eliminadas após o trabalho devido aos agrotóxicos.
Segundo ele, os Estados Unidos, onde a prática é bem mais disseminada, também enfrentam o problema.
No aplicativo Bee Alert, que Gonçalves desenvolveu para apicultores registrarem o desaparecimento de colmeias, há 103 ocorrências em 13 Estados, com 12 mil colônias e cerca de 700 milhões de abelhas eliminadas.
Dono de um apiário em São Gabriel interior do Rio Grande do Sul, Santos teve um prejuízo de R$ 150 mil nos últimos cinco anos. Em 2014, perdeu todas as suas colmeias por intoxicação na lavoura de laranja.
Na lista de espécies em extinção do Ministério do Meio Ambiente, atualizada em 2014, cinco tipos de abelha estão listados. "É um problema sério, porque 70% de tudo o que comemos depende das abelhas", diz Gonçalves.
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