segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

EUA e Europa tem semelhanças na queda de consumo

Entidade brasileira busca parceria com empresas e associações americanas para fazer nos EUA uma campanha de promoção de suco de laranja similar ao que está sendo feita na Europa



As vendas de suco de laranja terminaram em 2016 em queda, mas num ritmo ligeiramente mais moderado. Os produtores de laranja da Flórida, que fornecem a maior parte do suco de laranja consumido nos Estados Unidos, podem se lamentar junto com os brasileiros, que também viram declínio de suas vendas na Europa, seu principal mercado. "De fato, a história nos Estados Unidos e na Europa é a mesma", disse Ibiapaba Netto, diretor executivo da Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos (CitrusBR), que representa os processadores de suco do Brasil. "A única diferença é a velocidade com que o mercado de suco de frutas tem diminuído. Nos Estados Unidos a situação parece mais crítica".

-6,2%
Esse é o declínio nas vendas domésticas de suco de laranja no período de quatro semanas que termina em 24 de dezembro, de acordo com o relatório mais recente do Departamento da Flórida de Citrus. Esse é um desempenho melhor do que os dois primeiros meses da temporada de cítricos 2016/17 Florida, que começou em outubro. Os declínios nas vendas tiveram média de 8,5% nesses dois meses.

As vendas de suco de laranja terminaram a temporada de 2015/16 com queda de 5,4%, continuando uma tendência em 14 das últimas 15 temporadas, segundo estatísticas do departamento. Um aumento de 1% na temporada 2008/09 interrompeu a tendência de queda.


2,6%

Esse foi o aumento médio no preço de varejo de um litro de suco de laranja durante o período de quatro semanas que terminou em 24 de dezembro em grandes lojas dos EUA, informou o Departamento de Citrus. O preço médio em dezembro subiu para US $ 6,62 por galão, acima de US $ 6,45 em relação ao ano anterior.
O preço médio de varejo subiu da média de 1,5% observada nos dois primeiros meses de 2016/17. Isso elevou a média para todos os três meses da atual temporada para 1,8 % maior.

Os aumentos de preços não são o único fator por trás das quedas das vendas. Para a maior parte das últimas 15 temporadas, os funcionários de marketing do Departamento de Citrus trabalharam para contrariar a publicidade negativa sobre o teor de açúcar no suco de laranja, que dizem ter afastado consumidores do produto.

-71%

Esse foi o declínio na colheita de laranja da Flórida desde 2003/04, a temporada antes da chegada do greening para os pomares do estado. Os produtores de citrus da Flórida produziram 242 milhões de caixas de laranjas há 13 temporadas, em comparação com 71 milhões de caixas que devem ser colhidas nesta safra.

A queda na produção de fruta significa menos suco de laranja disponível para vender, outro fator no declínio das vendas, segundo Tom Spreen, professor emérito da Universidade de Florida de economia agrícola e uma autoridade na indústria de citrus do estado. "O principal fator que reduz o consumo de óleos no mundo é a redução da produção, especialmente na Flórida e em São Paulo, no Brasil", disse Spreen. "A oferta reduzida resultou em preços substancialmente mais altos em todo o canal de marketing, inclusive no nível de varejo".
O Brasil é o maior produtor de laranja e de suco de laranja do mundo. O Greening chegou lá em 2004, um ano antes que surgiu na Flórida, e teve um efeito igualmente devastador na sua produção. Outros fatores também desempenham um papel no declínio da demanda pela bebida entre consumidores mundiais. "Há preocupações no lado da demanda que incluem fatores demográficos, crescimento econômico fraco (especialmente na Europa) e preocupações dietéticas, que principalmente girar em torno do açúcar", acrescentou Spreen. 

22%

Foi a queda no consumo europeu de suco de laranja de 2003 a 2015, segundo dados fornecidos pela CitrusBR. O declínio norte-americano no mesmo período foi de 35%. Florida também fornece suco de laranja para o mercado canadense.
Alguns mercados europeus têm recuado de forma mais acelerada durante o período de 12 anos, incluindo a Alemanha (-42% ) e Reino Unido (-27% ), conforme mostram os números da CitrusBR.

Os comerciantes de suco de laranja brasileiro têm enfrentado a mesma publicidade negativa sobre o conteúdo de açúcar que acontece nos EUA, disse Netto. "No caso dos Países Baixos, por exemplo, apenas 8% de todas as menções sobre o suco de fruta foram positivos", disse ele. "No Reino Unido, vamos enfrentar problemas com as autoridades locais para mudar algumas leis sobre as bebidas açucaradas, mas sem considerar que os sucos de frutas não têm açúcar adicionado. Há um grande mal-entendido sobre essa questão na Europa".

Os brasileiros estão tentando neutralizar a publicidade negativa por meio de uma parceria com a Associação Européia de Sucos de Frutas (AIJN) a um custo de US $ 3,5 milhões por ano, disse Netto. Como na campanha do Departamento de Citrus da Flórida, ele se concentra em compartilhar informações científicas sobre nutrição e benefícios para a saúde do suco em comparação com bebidas com açúcar adicionado.

Os brasileiros estão procurando parceria com o Departamento de Citrus da Flórida e varejistas de suco de laranja dos EUA para a campanha de promoção do suco de laranja , acrescentou Netto. "No final do dia, embora a Europa represente 70% do nosso negócio, os EUA são o maior e mais importante mercado do mundo, como de costume", disse Netto. "E gostaríamos de iniciar uma conversa sobre como o Brasil e os EUA podem trabalhar juntos para aumentar o consumo de suco de laranja".

Publicado no jornal The Ledger 

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