Livro alerta que 221 espécies não presentes no Brasil podem vir de outros países
da América do Sul.
A possibilidade de novas pragas entrarem no Brasil nos próximos anos é elevada, vindas principalmente de outros países da América do Sul, dada a extensão da fronteira e o fortalecimento do comércio regional.
O alerta está no livro “Defesa Vegetal – Fundamentos, Ferramentas, Políticas e Perspectivas”, lançado nesta terça-feira (30), em São Paulo, pela Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA), em parceria com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e o Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, durante o Workshop Internacional sobre Ameaças Fitossanitárias.
Segundo os autores do livro, pelo menos 221 espécies quarentenárias – organismo de natureza animal ou vegetal, que estando presente em outros países ou regiões, mesmo sob controle permanente, constitui ameaça à economia agrícola do país ou região importadora exposta – podem entrar no país no longo prazo, considerando o aumento no trânsito regional de pessoas e produtos.
– Considerando que as rodovias promoveram e continuarão a promover um aumento no trânsito de veículos de passeio e que a vigilância nas fronteiras é insuficiente, principalmente na região Norte do país, é razoável supor que os eventos de invasão a partir de países da América do Sul se tonarão mais frequentes nas próximas décadas – diz trecho do livro.
Chile e Argentina foram apontados como os países com maior número de pragas quarentenárias que arriscam a segurança fitossanitária do Brasil. A questão piora pelo fato de muitos veículos desses países circularem pelos estados do Sul, principalmente durante o verão.
Peru, Colômbia, Venezuela e Bolívia são outro grupo com pragas quarentenárias. A construção de rodovias ligando estes países aos estados do Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima deve ajudar a trazer doenças novas ao país.
Soja e manga
O livro também aborda os riscos de pragas quarentárias ainda não presentes no Brasil para duas culturas, a soja e a manga.
No caso da oleaginosa, a América do Sul registra pelo menos 18 espécies de pragas ausentes no Brasil. Todos os países apresentam pelo menos uma espécie que pode prejudicar a produção nacional.
Segundo os autores, três fatores aumentam a probabilidade de introdução das pragas no país: a entrada pode ser facilitada por pessoas, através do transporte de solo contaminado; outras podem ser carregadas pelo vento; e algumas não dependem de hospedeiros para viver, caso de insetos e fungos.
Para a manga, pelo menos seis espécies ameaçam as plantações nacionais. Elas se concentram em países ao norte do Brasil, onde as condições são favoráveis à produção da fruta.
O livro alerta que, ao contrário da soja, o setor de manga pode perder mercado caso essas pragas quarentenárias entrem no país, pois muitas delas não estão presentes em mercados importadores, como Chile, Argentina e países europeus.
Prevenção
Os riscos da entrada de novas pragas no Brasil podem ser administrados caso se aprendam as lições deixadas pela invasão da lagarta Helicoverpa armigera, que foi detectada em 2013 e causou enormes estragos nas plantações de milho, soja e algodão, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste.
– Entre as lições aprendidas com a Helicoverpa armigera, está, com certeza, a necessidade de identificar os eventos de invasão mais precocemente, ou seja, a tempo de adotar medidas de contenção que sejam eficazes – afirma o livro.
Ele cita a necessidade de retornar as práticas de monitoramento de pragas e realizar o manejo correto de pragas, evitando plantar excessivamente diversas espécies no mesmo local, pois isso cria as condições para a proliferação de pragas.
Fonte: Canal Rural
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