quarta-feira, 25 de março de 2015

Embrapa e Mapa monitoram pragas que ameaçam fruticultura

Foto: Claudio Melo / Embrapa
A fruticultura brasileira ocupa posição de destaque no cenário internacional em diversos cultivos, tanto na expressividade das exportações (quantidade e divisas para o país), bem como nas tecnologias até então desenvolvidas. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), o Brasil é desde os anos 70 o maior exportador mundial de suco de laranja e também se destaca como o maior produtor mundial de mamão e segundo maior de banana (atrás apenas da Índia), ocupando ao final a 9ª posição no ranking de exportadores mundiais de frutas, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Por esse motivo, qualquer ameaça à produção nacional de frutas deve ser considerada como um alerta importante para os produtores. É que o pensa o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Lopes da Silva, autor do artigo "Fruticultura sob ameaça", publicado na edição de março de 2015 da Revista da Fruta.

No texto, Lopes ressalta que a entrada de pragas inexistentes no Brasil é uma ameaça particularmente preocupante para o setor de produção de frutas, uma vez que a defesa fitossanitária no setor apresenta dois gargalos principais: a restrição ao uso de agrotóxicos por questões de segurança alimentar e a falta de alternativas de controle biológico disponíveis no mercado. "Mais de uma centena de pragas quarentenárias, reconhecidas de maneira oficial como ameaças à agricultura brasileira, já está nos países sul-americanos. Esta situação é particularmente preocupante para o setor de produção de frutas", afirma o pesquisador. Por fim, as práticas para contenção de pragas quarentenárias consomem recursos financeiros e impactam nas economias locais. "Se estas práticas não forem eficientes no seu objetivo, o investimento nelas passará a ser contabilizado como prejuízo", diz Lopes.

O pesquisador destaca o aparecimento de duas pragas preocupantes em 2014: a mosca Drosófila-das-asas-manchadas (Drosophila suzukii) e o besouro Bicudo-da-acerola (Anthonomus tomentosus) parente próximo do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). A mosca foi detectada pela primeira vez no Brasil em janeiro de 2014, em uma plantação de morangos na cidade de Vacaria (RS). Já o besouro foi achado nas plantações de acerola do estado de Roraima, principalmente nos municípios de Boa Vista, Mucajaí e Pacaraima, declarados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como zonas interditadas para o trânsito de frutos frescos de acerola. Segundo Marcelo, a espécie de mosca drosófila já era uma ameaça previsível, pois está se disseminando naturalmente pelo mundo com uma rapidez incomum. Esta praga está sob monitoramento pelo MAPA e Embrapa. "É muito difícil impedir a propagação dessa mosca, visto que ela se propaga naturalmente por voo a longas distâncias. A notícia boa é que a sua distribuição é dependente do clima e o clima tropical predominante no Brasil pode ser algo que impeça a disseminação dessa praga", diz o pesquisador. Já o Bicudo-da-acerola era, de acordo com o pesquisador, "praticamente um desconhecido", o que causou surpresa aos órgãos de defesa sanitária vegetal.

Outro passo importante no Brasil para assegurar a qualidade das frutas é a elaboração do "Programa Nacional de Combate às Moscas-das-Frutas" que vai integrar as iniciativas já existentes para o controle, a erradicação e a vigilância de diversas espécies de mosca das frutas e incentivar novas estratégias. A ideia do programa, que deve ser oficialmente lançado até o final do mês de junho, é elevar a qualidade da produção nacional e ampliar os mercados exportadores para as frutas nacionais.

O Diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do MAPA, Luís Rangel, afirma que os eixos básicos do programa serão divididos em três grandes áreas: a pesquisa agropecuária feita pela Embrapa e pelas universidades; a extensão rural para levar o conhecimento científico ao agricultor e o incremento da defesa agropecuária, por meio das ações de vigilância e monitoramento e da certificação fitossanitária, a fim de garantir que a Mosca da Fruta não seja uma barreira à exportação brasileira de frutas.

Fonte: Embrapa

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