quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Pesquisadores identificam plantas que podem combater praga que age em produções estocadas

Há 17 anos, pesquisadores da Uniderp avaliam o potencial inseticida, de repelência e inibidor alimentar de 26 plantas medicinais e aromáticas para combater o gorgulho-do-milho, inseto que ataca os armazéns, causando prejuízos econômicos aos produtores. Os resultados dos estudos apresentam alternativas naturais aos defensivos agrícolas sintéticos, proporcionando benefícios ao meio ambiente e à sociedade.

Segundo o coordenador do Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Silvio Fávero, a praga impacta, principalmente, a perda de peso, de valor comercial e a capacidade nutritiva do alimento. “O Sitophilus zeamais está entre os insetos que causam grandes prejuízos para produções estocadas. Seus danos podem ser provocados tanto pelas larvas, que se desenvolvem no interior dos grãos, como pelos adultos. Quando perfurado, o cereal fica mais propenso a fungos e bactérias”, esclarece.

Para controlar os insetos e proteger a produção, a alternativa dos agricultores é o uso de inseticidas sintéticos, o que, segundo o engenheiro agrônomo, provoca desequilíbrios ecológicos e prejudica o meio ambiente, bem como a saúde humana. “A resistência de pragas a inseticidas, crescente no Brasil, exige o uso integrado de outros métodos. Uma das alternativas mais efetivas tem sido a manipulação de produtos naturais, principalmente aqueles de origem vegetal”, explica Fávero.

Chefiando os estudos, Fávero e a equipe composta por oito pesquisadores constataram que a pariparoba, reconhecida por propriedades antimalárica, vermífuga e anti-inflamatória, e as espécies de eucalipto Urocam VM1, Torelliodora, Urocam VM, Grancam 1277, Corymbia Citriodora, Urophylla 224, Urograndis I 144, Urograndis I1528 são as mais tóxicas para o gorgulho-do-milho. “Nesta identificação, realizamos e utilizamos a extração do óleo essencial de cada planta: de cada 1 quilo de folha foram retirados de 5 e 8 ml de óleo”, revela. Para cada experimento foram inseridos cerca de 300 insetos, submetidos a algum tipo de contato com o óleo. “Fizemos vários testes em laboratório ao longo desses anos. Um exemplo é o de toxicidade tópica, que consiste em pingar micro gotas sobre o gorgulho para descobrir a dose ideal que afeta a praga. Houve também a avaliação toxicidade por contato, que simulou uma situação em superfície para descobrir a concentração mais adequada do óleo”, complementa.

Este ano, a pesquisa entrará em nova fase e os testes serão feitos a campo, ou seja, em paióis e armazéns de grãos. Os resultados permitirão a formulação para a produção de escala industrial em alguns anos.

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