terça-feira, 11 de outubro de 2016

Dinheiro para o plantio

O produtor rural brasileiro não escapou das dificuldades econômicas enfrentadas pelo País nos últimos anos. A difícil contratação de crédito, e a juros elevados, é uma realidade enfrentada por todos, seja na cidade ou no campo. Entretanto, no início da captação de recursos para safra 2016/17, o cenário parece estar mudando de forma lenta e gradativa. O balanço dos financiamentos no Plano Agrícola e Pecuário 2016/17 para médios e grandes produtores indica leve melhora, segundo os últimos dados levantados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

As contratações do crédito rural da agricultura empresarial nos meses de julho e agosto foram de R$ 21,3 bilhões, o que representa 12% do total programado de R$ 183,9 bilhões. Apesar do valor ser 19,7% inferior ao mesmo período da safra anterior, a Secretaria de Política Agrícola (SPA) da pasta justifica essa queda porque cerca de R$ 10 bilhões foram antecipados nos meses de maio e junho no pré-custeio, sendo o Paraná um dos principais demandantes deste recurso. Nos anos anteriores, o pré-custeio só foi liberado entre julho e agosto. Portanto, se este valor fosse computado, haveria alta na captação de recursos até o momento. Os valores liberados apenas para custeio somam R$ 13,2 bilhões até agora.

Quando se trata de recursos para comercialização, o montante é de R$ 4,4 bilhões. O número é 20% superior a julho e agosto de 2015 (R$ 3,7 bilhões) e, surpreendentemente, maior do que 2014, quando neste momento atingia a marca de R$ 4,1 bilhões.

Já o crédito de investimento, que alcançou R$ 3,6 bilhões até agora, apresenta alta de 34% em relação a 2015. Três linhas de financiamento se sobressaem: Moderfrota, Procap-Agro e Pronamp (médios produtores), o que, de acordo com a SPA, sinaliza para uma possível retomada dos investimentos.

No que diz respeito à custeio e comercialização, a região Sul do País continua na liderança dos financiamentos, com 38% e 35% dos montante captado, respectivamente. Até o momento, os valores estão sendo destinados principalmente para a soja e bovinocultura.

PARANÁ
O coordenador do Departamento Técnico Econômico (DTE) da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola, relata que ainda é muito cedo para fazer uma avaliação, mas a princípio não está havendo problemas para a captação de recursos no Estado. "Não tivemos nenhum tipo de reclamação até agora. Vale lembrar que ano passado não tivemos pré-custeio e a demanda reprimida foi passada no início da safra, tanto que havia uma fila enorme para captar tal recurso. Como este ano o pré-custeio aconteceu, entre março e junho muitos já contrataram. Esta aí a justificativa para a queda nos números".

No que diz respeito aos juros, Pedro ainda bate na tecla que eles estão bem elevados em diversas linhas. "O mercado continua mostrando que teremos uma queda na modalidade investimentos em torno de 20% a 30%. Ainda passamos por uma situação crise e o produtor colocou o pé no freio. Em contrapartida, os bancos também estão exigindo mais garantias nas análises de crédito".

A economista da Faep, Tânia Moreira, diz que ainda há produtores paranaenses que podem realizar transações para a safra verão. "Ainda estamos analisando apenas um mês de Plano Safra. No que diz respeito a custeio e comercialização, a contratação vem aumentando mesmo com os juros elevados. Em relação aos investimentos, acredito que deve cair ao longo dos meses de contratação".

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