Se no mercado externo é possível encontrar fertilizantes com preços até 50% mais baixos comparados aos de julho de 2015, aqui, a redução no volume de exportações de milho colabora para elevar o custo do frete para o agricultor do Centro-Oeste que traz insumos de Paranaguá (PR).
Isso acontece porque os caminhões que saem do Mato Grosso carregados de soja e milho rumo ao porto, geralmente, retornam para a cidade de origem com os adubos importados que serão utilizados no próximo plantio. "No ano em que você exporta mais milho na safrinha, há um desconto maior no frete para os insumos que estão chegando. Agora esse desconto será menor", afirma o analista Fábio Rezende.
A diminuição no ritmo de vendas internacionais do grão se deu por conta do desabastecimento da commodity para o consumo doméstico, que gerou, inclusive, o cancelamento de contratos com tradings.
Lá fora, o Mono-Amonio-Fosfato (MAP), um dos produtos mais demandados pelo setor agrícola para fertilização do solo, está cotado a US$ 350 por tonelada, 38% mais barato em relação aos US$ 458 por tonelada praticados há um ano.
Em contrapartida, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta para 2016/2017 despesas 4,72% superiores às da temporada passada com adubos para as lavouras de soja. Ao DCI, a entidade informou que, na média da região, o desembolso do agricultor com o transporte de fertilizantes vindos do porto de Paranaguá está em R$ 145, 7,4% mais caro na variação anual.
O Rabobank destaca que as estimativas positivas para as cotações das commodities agrícolas geram uma relação de troca melhor para o produtor brasileiro e a intensificação nas entregas de adubos, esperada para o terceiro trimestre, também incrementa o valor do frete, com impacto direto nos preços praticados no Brasil.
De acordo com o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, vinculado à Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), e presidente da Câmara Setorial de Infraestrutura e Logística, Edeon Vaz Ferreira, o prejuízo só não é maior porque o transporte de fertilizantes ao Centro-Oeste começa em meados de março, aproveitando a saída da soja.
"Acontece um impacto moderado, mas, de maneira geral, é um cenário desfavorável em relação ao do ano passado", comenta Ferreira.
Balanço e expectativas
Nesta semana, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) informou que as entregas de fertilizante ao consumidor final encerraram o primeiro semestre em alta de 12,6%, contra os seis primeiros meses de 2015, a 13,18 milhões de toneladas. Para o total do ano, espera-se que este volume atinja 31,87 milhões, diante das 30,2 milhões de toneladas entregues em 2015. Em uma perspectiva ligeiramente mais moderada, o Rabobank, aposta em até 31,5 milhões de toneladas. Para o analista Rezende, o avanço do crédito rural favorece 2016.
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