Foto: Beto Macário/UOL |
Em uma das regiões mais secas de Pernambuco, o verde é a cor que predomina, seja nos períodos chuvosos ou nos de estiagem. Para manter suas terras produtivas durante todo o ano, os agricultores de Petrolina (a 714 km do Recife) aprenderam que não é preciso muita água para irrigar suas plantações, bastando usá-la com sabedoria.
A reportagem do UOL percorreu mais de mil quilômetros entre os Estados do Ceará, do Piauí e de Pernambuco em busca de exemplos de como é possível driblar a escassez de água. As experiências podem servir de lição para a região Sudeste, que enfrenta uma grave crise de falta de água desde o começo de 2014.
Em 2014, choveu apenas 480,7 milímetros ao longo de todo o ano em Petrolina, segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Na falta da água do céu, os produtores recorrem à do rio São Francisco.
Mas custa caro levar essa água até as propriedades rurais. Por isso os agricultores têm buscado formas de usar cada vez menos água, sem comprometer a produtividade.
O agricultor Paulo Ramos cultiva uva há mais de 20 anos. Ele conta que no início a irrigação era feita por aspersão, que consiste no lançamento de jatos de água no ar.
Atualmente, no entanto, ele utiliza a técnica de gotejamento. Em sua plantação, mangueiras com pequenos furos liberam aos poucos gotas de água que molham apenas o solo, atingindo as raízes das videiras.
"Pelas contas [de água] que eu pagava antes e pago hoje, reduziu pela metade, seguramente", comemora Ramos. E ele pretende reduzir ainda mais o consumo. "É possível economizar ainda mais, melhorando a eficiência para que possa usar menos água", garante.
Ramos tem dois lotes de terra no perímetro Senador Nilo Coelho --projeto de irrigação administrado pelo poder público--, na zona rural do município. No perímetro, mais de 80% das unidades produtivas usam a irrigação localizada: 21% por gotejamento e 60% por microaspersão. Essa última usa 40% a menos de água que a irrigação por tradicional por aspersão.
O perímetro tem 23 mil hectares de área irrigada e 2.523 propriedades, entre lotes familiares, de pequenas, médias e grandes empresas.
Novas tecnologias
O engenheiro agrônomo José Adauto Valença afirma que existem tecnologias que alcançam uma economia de água até maior, de até 70%. "Há um sistema que você pode colocar sonda diretamente no sistema radicular, e a planta é que condiciona a liberação de água. À proporção que ela vai exigindo água, ela pode acionar um sensor, que libera a água", explica.
Ainda de acordo com ele, esse é um dos sistemas mais econômicos existentes no mundo e é usado atualmente em países como Espanha, Israel e Estados Unidos.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o setor da agricultura é o que mais consome água, sendo responsável pela utilização de 70% da água potável disponível no mundo. A indústria e o consumo doméstico são responsáveis por 20% e 10%, respectivamente.
Fonte: UOL Notícias