O monitoramento, o controle de gastos e a cooperação garantem melhor desempenho na atividade e maiores lucros no campo. Os bons resultados dessas estratégias são mostrados no Projeto de Irrigação de Pirapora, no município de mesmo nome, às margens do Rio São Francisco, no Norte de Minas. A partir do programa Educampo/Gestão Avançada, implantado com o suporte do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro Empresa), oito produtores de frutas (quase todos descendentes de japoneses) do perímetro irrigado sabem na ponta do lápis todas as despesas de suas atividades. Eles também participam de um sistema de compra coletiva que resultou na economia de quase 30% na aquisição de insumos.
Instalado pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), o Projeto Pirapora conta com uma área irrigada de 1,236 mil hectares, concentrando 34 produtores, a grande maioria descendente de japoneses. Os oito participantes do Programa Educampo/ Gestão Avançada representam cerca de 15 produtores, já que em suas áreas também atuam seus familiares. A maior parte das frutas colhidas em Pirapora vai para o entreposto da Ceasa (Central de Abastecimento) na Grande BH.
O programa funciona da seguinte forma: o agrônomo Saulo David Rezende, consultor técnico contratado pelos agricultores, visita mensalmente as áreas de plantio e faz o levantamento relativo aos custos de mão de obra, gastos com irrigação, insumos e depreciação de benfeitorias. Também apura os dados sobre a produtividade das plantações, com uma avaliação separada de cada “talhão” (área) da propriedade. Em seguida, após a análise de custos, as informações são tabuladas e os resultados são repassados para cada irrigante, que, a partir daí, adota as medidas para a melhoria do processo produtivo.
A gestão avançada foi implementada há dois anos e meio. Os produtores também participam de reuniões, nas quais discutem os resultados da análise de custos. Durante os encontros, eles compartilham informações. Desta forma, a iniciativa possibilita a melhoria da gestão do sistema produtivo, com o aproveitamento das experiências bem-sucedidas.
Dono de uma lavoura de 50 hectares de banana-prata anã no perímetro irrigado de Pirapora, o produtor Edson Yuki Sassaki ressalta que a gestão avançada tem proporcionado a melhoria do desempenho da cultura, permitindo a tomada de decisões que incrementam a produção. “Com base nas informações levantadas, particularmente, cada produtor pode tomar uma decisão para diminuir custos. Se um talhão está com uma produtividade média, cabe ao agricultor retirar o plantio e tentar recuperar o cultivo na referida área”, diz Sassaki.
Ele ressalta a importância da discussão e da troca de informações sobre os resultados de custos verificados separadamente em cada lote do perímetro irrigado. “A gente analisa quais propriedades estão dando lucros e quais estão no prejuízo. Com a comparação, podemos adotar as metodologias mais satisfatórias usadas pelos vizinhos”, afirma o fruticultor.
Edson Sassaki chama a atenção para a importância da união dos irrigantes. “A primeira questão é que comunicando melhor a gente tem um melhor foco no negócio, o que permite traçar um planejamento de acordo com a necessidade de cada um. Juntos, alinhamos as nossas demandas e procuramos a solução dos problemas com o apoio do Sebrae. Tentamos sempre a busca de soluções colegiadas para nossas necessidades”, assegura.
Outro irrigante de Pirapora entusiasmado com o programa de gestão avançada é Rubens Shigueru Minane, que planta banana, uva e tangerina em uma área de 180 hectares. “Além de fazer a análise de custos, compartilhamos conhecimento sobre as técnicas de manejo. Assim, podemos melhorar a nossa produtividade”, comenta Rubens Shigueru.
Ele destaca que o modelo possibilita aos produtores uma situação de “pés no chão”, com informações sempre atualizadas a respeito dos seus custos e do desempenho da propriedade. “Com a análise do custo, o agricultor verifica realmente se a propriedade é viável para o negócio. Ele fica sabendo se a cultura está dando retorno ou não”, explica.
Shigueru diz que os agricultores ainda não discutem a comercialização dos produtos. “Por enquanto, discutimos somente questões da porteira para dentro. Mas, quando o processo estiver mais amadurecido, também poderemos tratar do mercado”, informa. Também produtor no Projeto Pirapora, onde tem um cultivo de 35 hectares de banana, Ricardo Takeo Watanabe ressalta que a gestão avançada e a troca de experiências entre os irrigantes facilita a busca e o uso de novas tecnologias para o plantio irrigado de frutas na região. “Com certeza, isso garante melhor produtividade e mais qualidade aos nossos produtos”, avalia.
Fonte: Estado de Minas – BH