quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Governo e parceiros discutem fortalecimento da fruticultura no Acre


Em uma reunião na tarde da última segunda-feira, 21, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), a Secretaria Estadual de Agropecuária (Seap) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) deu os primeiros passos para a construção de um plano de fortalecimento da fruticultura no Acre.

A intenção é ir além do incentivo ao cultivo de frutas. A meta do plano é pensar o crescimento da produção e do beneficiamento por meio do fortalecimento das agroindústrias.

Contando com o apoio de entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o governo quer aproveitar a força da fruticultura no país e fortalecer essa cadeia produtiva em todo o estado. O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, ficando atrás apenas da Índia e da China.

Uma ajuda importante vem da Embrapa, que realizou um diagnóstico em 18 agroindústrias no estado. O levantamento apontou os problemas em todas as etapas do processo, desde a colheita até o processamento das frutas.

O Sebrae deve atuar realizando um estudo de mercado que aponte as oportunidades de crescimento da produção e do beneficiamento das frutas. “O que nos anima aqui é o comprometimento de todos os parceiros. Apesar de ser a primeira reunião, já saímos com alguns encaminhamentos para a construção desse plano que tem todas as condições de fortalecer a fruticultura no Acre”, afirma Nilson Cosson, gerente de agronegócio do Sebrae.

O grupo de entidades começa a discutir como próximo passo do plano a realização de um grande seminário que vai reunir outras entidades, empresários e produtores rurais, que deve ser realizado nos dias 19 e 20 de novembro. “Vamos ampliar essa discussão com outros parceiros. Queremos construir um plano que desenvolva toda a cadeia produtiva, do plantio, passando pelo beneficiamento da fruta até a chegada do produto na mesa do consumidor”, destaca Rômulo Brando, representante da Seap.

Produção de goiaba anima produtores em Santa Catarina

Foto: Arquivo Ibraf
A ideia para investir na produção de goiaba surgiu por meio de um convênio entre a Epagri e a empresa detentora da concessão da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó. Foram adquiridas sementes de variedades híbridas do Estado de São Paulo. A partir daí, em parceria com o Programa Santa Catarina Rural, a Epagri implantou as URTs, Unidades de Referência Tecnológica. Nossa equipe foi conhecer uma delas no município de Águas de Chapecó, onde encontramos 75 pés produzindo, cada um, cerca de 25 kg de goiaba. É o terceiro ano de formação da planta e o primeiro ano de safra.

“A goiaba paluma apresenta ótima aceitação de mercado, tem polpa bastante resistente, pouca semente, um período de prateleira estendido e um sabor muito agradável que atende muito bem o que o consumidor busca”, explica Vilson Queiroz, Extensionista Rural da Epagri.

A unidade de estudos fica na propriedade da Família Vanin. O pomar da agricultora Tatiane Vanin é orgânico. Ela usa uma proteção individual em cada fruto para garantir a sanidade da goiaba sem uso de produtos químicos. Toda essa mão de obra é compensada na hora da venda, já que comercializa o quilo da fruta a R$ 6,00, valor duas vezes maior do que o quilo da goiaba convencional. “A produção está sendo ótima, e se não houver frio intenso se produz várias vezes. Com a poda, ela vai produzindo mais. E o plantio, assim como a venda, está sendo muito bom”, comemora a agricultora.

No segmento de fruticultura, a região Oeste tem, tradicionalmente, a uva como atividade forte. O desafio está em diversificar a produção. Segundo os extensionistas, há um potencial grande tanto em termos de possibilidades de cultivo quanto de mercado consumidor, isso pela proximidade com grandes centros regionais que precisam comprar frutas de outras regiões do Estado.

Nossa equipe foi para outro município próximo, chamado Caibi, conhecer a propriedade do agricultor Francisco Provensi. Nessa unidade de referência da Epagri já são colhidos mais de 1.500 quilos de goiaba por ano. Para Francisco, “é uma produtividade que surpreende pelo tamanho das plantas e que garante uma rentabilidade boa num pequeno espaço de terra”. De acordo com Álvaro Poletto, Extensionista Rural da Epagri, “devido ao microclima da região e tendo por base os resultados dos últimos dois anos de trabalho com essa variedade de goiaba, podemos ampliar esse projeto, uma vez que a adaptação da fruta e a aceitação dos consumidores foram muito positivas”.

Estudante brasileiro cria solução inovadora (e barata!) para aumentar durabilidade das frutas



Quem faz feira sabe a dificuldade imensa que é manter os alimentos frescos e bem conservados após alguns dias. Para solucionar o problema e evitar o desperdício, o estudante Josemar Gonçalves de Oliveira Silva, o Zeca, encontrou uma fórmula caseira e de baixo custo que promete ser uma solução inovadora para aumentar a durabilidade das frutas.

Aluno do curso de Biologia do Instituto Federal de Brasília, o jovem de apenas 20 anos fez muitas pesquisas até notar que uma fórmula composta de fécula de mandioca e óleo essencial de cravo-da-índia pode preservar os alimentos por mais tempo. Mergulhando frutas na solução criada por ele, com custo médio de 5 reais, viu que houve uma mudança na decomposição das mesmas, que ganharam em torno de 10 dias a mais de vida útil.

Zeca fez um estudo com bananas, e segundo uma pesquisa indicada por ele, 40% delas são perdidas por conta de doenças após a colheita, o que é muito desperdício. A fórmula então surge para impedir a proliferação de fungos e outros microorganismos, responsáveis por seus estragos.

Isso acaba aumentando a vida dos frutos nas prateleiras de casa, do comércio e até na hora de exportá-los. O projeto intitulado “Embalagem biodegradável e ativa com função antimicrobiana para aplicação em alimentos” supõe, como o nome indica, uma nova forma de embalar os alimentos.

O futuro biólogo já está recebendo prêmios, como o de melhor projeto da IV Semana de Produção Científica do Instituto Federal de Brasília, além de ser convidado para estagiar na Universidade de São Paulo (USP), entre outras honrarias que sua descoberta tem lhe porporcionado.

Aqui você vê um vídeo sobre a invenção.

Fonte: Hypeness.com.br

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

“Sou uma jovem normal. Estudo, vou pra balada e planto morango"


Foto:Rony Sousa/MDA
Para onde quer que você caminhe no sítio Cantinho do Morango, o aroma da fruta te acompanha. Grande parte dos cinco hectares que compõem a propriedade, localizada no Assentamento Betinho, em Brazlândia (DF), é dedicado ao cultivo do fruto. A colheita, este ano, começou cedo. Mensalmente, mais de 100 caixas – cada uma com quatro bandejas de morango - são comercializadas pela família.

Mas que família? Melhor contar a história do começo. Até porque nem sempre foi assim...

Mariana Maria de Jesus tem 26 anos. Jovem e estudiosa, a morena de longos cabelos negros trabalhava para ajudar a mãe no sustento da casa. Afinal, Mari, como é chamada por alguns amigos da faculdade, tem oito irmãos. “Sou a mais velha e sempre ajudei minha mãe nos trabalhos fora de casa, até para ter um dinheiro a mais. Nós trabalhávamos para alguns vizinhos nossos e recebíamos R$ 20 por dia, cada uma”, conta.

O ofício das duas era em plantações de morango, o carro-chefe da região. Até que a mãe de Mariana, dona Noilde de Jesus, tomou uma decisão que mudou o rumo da família. “Ela se juntou conosco e perguntou se podíamos ajudá-la a cultivar o morango aqui na propriedade. Meu irmão até questionou sobre a falta de recursos, mas ela disse que daria um jeito. E deu”, lembra Mariana.

Foi então que Noilde procurou a Emater/DF para saber como poderia estruturar sua propriedade. “Ela acessou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf Mulher, pegou R$ 5 mil e começamos a plantar. Daí em diante, nós deslanchamos. Ela pegou outros créditos rurais e até comprou uma picape para podermos levar a produção para as feiras”.

A garra da mãe inspirou Mariana. Casada há oito meses, ela ajuda na criação dos irmãos mais novos, faz faculdade de Agroecologia, tem sua própria plantação de morango no sítio e ainda aguenta baladas. “Sou uma jovem normal, como qualquer outra, com a diferença de que sou agricultora. Não saio tanto, mas quando acho que a festa é pra mim, eu vou. Dessas coisas que as jovens gostam, a única que eu não tenho paciência é pra fazer maquiagem, demora demais”, afirma aos risos.

Mariana está decidida: vai continuar no campo. O pontapé para a permanência foi dado em abril deste ano, quando a jovem comprou 10 mil mudas de morango. A primeira colheita foi feita em julho e já começou a dar resultados. “A primeira colheita rendeu 30 caixas, a segunda vai encher umas 100 caixas. Essas mudas vão durar até o ano que vem, então vai ser muito bom pra mim”, diz Mariana, que vende cada caixa por R$ 9.

A permanência no campo é uma certeza para Mariana. A vontade da garota é ter seu próprio terreno, mas enquanto não consegue comprar sua propriedade, vai continuar produzindo na chácara da família. “Eu tenho meus planos e não vou desistir. Lutamos tanto para conseguir isso aqui. Não vou largar o campo jamais!”, garante.

Fonte: João Paulo Biage
Ascom/MDA

Banana é a fruta mais consumida pelos brasileiros

A banana é a fruta mais consumida no Brasil e a segunda no mundo, atrás apenas da laranja. Ela ocupa a primeira posição no ranking mundial de produção de frutas, com mais de 106 milhões de toneladas. E o Brasil responde por 7 milhões de toneladas, com participação de 6,9% desse total, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O cultivo de banana tem se expandido nos últimos anos, e hoje, mais de 125 países se dedicam a essa cultura. No Brasil, as condições climáticas permitem que a fruta seja cultivada em todos os estados, durante todo o ano, atendendo a demanda do consumo interno. “Por ter um grande mercado interno, o país exporta pouco de sua produção. Aproximadamente 95% do total da produção da fruta in natura é consumido pelos brasileiros”, afirma o assessor técnico da Comissão de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Brandão Costa.

Segundo Eduardo Brandão, a banana tem uma característica que faz com que ela seja uma das frutas mais consumida no mundo. “A banana já vem embalada pela natureza, ela é prática, gostosa, fácil de ser consumida e, ainda, é considerada a solução perfeita para saciar a fome fora de hora”, explica.

Conforme a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), a maior parte da produção para o mercado interno é formada por bananas verdes para cozinhar ou banana-pão, pois as variedades utilizadas como fruta são danificadas durante o transporte. Uma vez retirada de seu cacho, ela amadurece rapidamente e amassa com facilidade por ter uma casca frágil.

De acordo com números do Ibge/2015, os maiores estados brasileiros produtores da fruta são: Bahia com 88.147 hectares de área plantada, em seguida o Pará com 55.152 hectares, em terceiro São Paulo com 54.834 e em quarto Minas Gerais com 46.812. A Abanorte informa que Minas Gerais tem investido na bananicultura e o Norte de Minas tem se destacado como maior produtor do estado, com 17.612 hectares de área, produção de 412 mil toneladas e participação de 50,6% no mercado estadual.

A bananicultura no Brasil é uma alternativa de fonte de arrecadação e geração de emprego e renda. A atividade gera 500 mil empregos diretos, sendo 97% pela agricultura familiar. “Os produtores rurais têm percebido o aumento do cultivo da fruta e os benefícios que ela trás. Com o uso de tecnologias e novas técnicas de cultivo, o produtor só tem a ganhar com a produtividade”, explica Eduardo Brandão.

Os tipos de banana mais cultivadas no Brasil são as de mesa, como a prata, nanica, maçã e ouro. Cada bananeira produz de uma só vez, de 5 a 15 pencas e cada fruta madura pesa, em média, 125 gramas com uma composição de 75% de água e 25% de matéria seca. Segundo o assessor técnico, a banana é uma fruta rica em fibras, potássio e vitaminas C e A e a mais consumida no Brasil, a nanica, é muito utilizada na culinária brasileira.

Processamento de cacau deve cair 5% no 3º trimestre, estima Cocoanect

Estimativa é de queda de 5% na Ásia e de 10% na América do Norte. Demanda fraca deve manter as baixas margens de lucros das empresas.


O processamento de cacau deve cair 5% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com igual intervalo do ano passado, estimou a Cocoanect. A trading holandesa prevê que o volume de esmagamento, que é um indicador da demanda por cacau, ficará praticamente estável na Europa, mas a estimativa é de queda de 5% na Ásia e de 10% na América do Norte.

A demanda fraca deve manter as baixas margens de lucros das empresas que produzem chocolates. Além disso, a Cocoanect alerta que o menor consumo coloca dúvidas quanto às previsões de déficit de produção em 2015/16.

Sobre a demanda em países emergentes, a trading alertou que a desvalorização das moedas locais pode afetar o crescimento do consumo. Com a queda do real brasileiro, do peso mexicano e do rublo da Rússia, o chocolate se torna menos acessível aos consumidores, exatamente nos mercados onde a expectativa era de aumento da demanda.

Fonte: Globo Rural

Agricultores investem na ‘rastreabilidade’ dos alimentos

Veja como funciona o sistema que permite saber tudo sobre os alimentos. Rastreabilidade é importante para identificar algum problema na estufa.


Quem mora em cidade raramente sabe de onde vem o alimento que come. Mas aos poucos, as fazendas estão implantando sistemas que permitem ao consumidor saber a história dos seus produtos. É o chamado rastreamento. Ele permite saber tudo sobre verduras, legumes e frutas. Entenda porque é bom para o agricultor ter código de barras em seus produtos.

Na Ceagesp, em São Paulo, passam produtos de 1.500 municípios do Brasil e de dezoito países diferentes. Como saber de onde vem cada um? O histórico deles? E o principal: qual a importância de ter essa informação?

Heloísa de Oliveira é cuidadora de uma idosa e como faz toda semana, comprou no supermercado o melão da marca preferida. Mas na hora que cortou, percebeu que o fruto estava duro e sem gosto. “Peguei o telefone, liguei e eles falaram que iam trazer um novo melão. Passei o número da etiqueta, a data do vencimento”.

O número que Heloísa informou é o chamado código de rastreabilidade. Por causa dessa sequência é possível quase voltar no tempo da vida desse melão. O Globo Rural foi até a fazenda onde o melão foi produzido, no Ceará, para pegar o histórico da fruta e ver o que aconteceu.

Mas antes, vamos entender como funciona a rastreabilidade. De acordo com o dicionário rastrear significa seguir os passos, investigar. O difícil é imaginar que isso seja possível com os nossos alimentos, quando produzidos em grande escala.

Ainda em São Paulo, visitamos uma das associações que automatizam esse sistema, não só para o setor de alimentos. A GS1 é uma organização sem fins lucrativos que engloba uma rede de 150 países. No Brasil são 58 mil associados, quase 1.800 no setor do agronegócio.

Para fazer parte do sistema, primeiro é preciso cadastrar o produto e adquirir um código de barras. “O código de barras serve para identificar um produto. Esses códigos que a gente normalmente vê no supermercado identificam aqueles produtos e essa identificação serve para qualquer lugar do mundo. É como se fosse o RG daquele produto”, explica a economista Flávia Costa.

A economista diz que não existe o risco de duas pessoas terem o mesmo código. “Essa é uma das grandes sacadas do que a gente chama do sistema de código de barras. Cada produto tem um número único, então nunca vai dar conflito. Uma fruta tem um código, nunca uma barra de chocolate vai ter o mesmo código. Outra fruta também não. São sempre códigos diferentes.”

O pagamento por essa licença varia de acordo com o faturamento da empresa. Além da inscrição, paga-se uma taxa que pode custar de R$ 289 a R$ 2.769 por ano.

A sequência de números do código tem uma lógica e mistura barras mais finas e outras mais grossas. Quem escolhe a combinação é um programa de computador. O que depende do trabalho humano é o processo que possibilita a rastreabilidade. Ela é baseada na anotação de cada passo da produção do alimento.

Um exemplo de quem faz isso com muita eficiência é Eduardo Matumoto. Ele tem três estufas de mini-tomate, em Biritiba-Mirim. Tudo é registrado – temperatura, luz, umidade. Eduardo retira amostra da ferti-irrigação todos os dias. Além de facilitar o controle, isso ajuda a aumentar a produtividade dentro das estufas.

“Todos os nutrientes que a planta consome, é tudo controlado. A ferramenta para saber como, o que a planta está consumindo efetivamente é a medição. Através dos resultados é que o seu o que tenho que aumentar ou diminuir.”

Com todos os dados registrados, o produtor gera um primeiro código para esse lote. Ele usa um tablet para fazer a leitura ótica na plaquinha instalada na estufa pela empresa responsável pelo sistema de rastreabilidade.

Depois de colhidos, os tomatinhos seguem para outro sítio onde serão embalados. Passam pelo controle de qualidade e o código de barras vai crescendo. Na pesagem ganha dez dígitos. À medida que vai caminhando para a embalagem final, aumenta mais. Na etiqueta final, o código já tem quarenta dígitos e resume toda a vida desse lote de tomatinhos, até ele chegar ao consumidor.

O empresário Júlio Aoki explica que ainda não há vantagem financeira para o produtor ou consumidor. “Na verdade, os consumidores têm cada vez mais buscado esse tipo de rastreamento. Eles têm curiosidade de saber como é produzido, em que região é produzido. Se você digitar o código de rastreabilidade dele, você vai ver uma foto da estufa da onde saiu esse produto. A maioria dos consumidores não tem ideia que um tomate desse é produzido numa estufa, de que forma é feita essa produção. Mas a gente não consegue ter nenhuma remuneração ainda a mais. O que a gente consegue é fornecer uma garantia da origem desse produto, é uma segurança que esse produto oferece.”

Para o produtor, a rastreabilidade é importante para identificar algum problema. “A partir do momento que a gente identificou que esse lote saiu de uma determinada estufa a ação corretiva vai ser feita somente naquela estufa. Então o produtor com dez estufas, ele não vai ter que tentar acertar em qual estufa foi o problema, ele já vai fazer a ação corretiva em uma estufa só.”

O Globo Rural foi até o Ceará, no município de Aracati, para ver o que pode ter acontecido com o melão da Heloísa em São Paulo. A fazenda é uma das maiores produtoras de melão do país. Dela saem 42 milhões de frutos por ano. O sistema de rastreabilidade que a fazenda desenvolveu permite acompanhar cada etapa do cultivo dos melões e a vida deles vai ser registrada até a prateleira do supermercado.

Os registros começam na hora de semear. As mudas ficam em estufas controladas e todas as datas são anotadas. Durante o cultivo, o que vai ser usado na ferti-irrigacao também é calculado por computador e só depois a informação chega aos misturadores, no campo. A colheita segue um calendário pré-programado, mas tem um detalhe de controle de qualidade que também ajuda a diminuir a margem de erro.

“Dois, três dias antes do previsto de colheita, a gente faz uma mostragem no campo vendo como está o fruto. Colhe dez, doze frutos e vê o padrão de brix que é medido com um instrumento. Padrão de brix é a quantidade de doçura, porém no caso do melão rei não só o brix é importante, mas principalmente o sabor, que foi o que a dona Heloísa reclamou. Ela reclamou que o melão não estava saboroso”, explica o agrônomo José Brasil. Veja no vídeo como é feito o teste.

Depois da colheita, um encarregado preenche um questionário com as informações daquela unidade de produção, que é entregue para o tratorista. Esse papel segue até o armazém de embalagem, o packing house. Os pallets, que são essas estruturas de madeira que acondicionam as caixas transportadas de caminhão para as centrais de distribuição, também ganham etiquetas com códigos. Alguns melões permanecem na câmara fria da fazenda por catorze dias, para ajudar no acompanhamento da rastreabilidade.

Será que com todas essas precauções, dá pra eliminar o erro na produção? Será que voltar o calendário realmente desvenda todos os mistérios? Pedimos a uma das sócias da empresa, Marilena Prado, para acessar o banco de dados da fazenda e, finalmente, descobrir o que houve com o melão com defeito. É bom esclarecer que para fazer a reportagem nós localizamos a Heloísa através do serviço de atendimento ao consumidor da fazenda.

“No caso especifico desse melão, infelizmente não houve uma causa específica pra falta de sabor que ela relatou na carta. Nós fomos atrás de todas as informações possíveis, a câmara fria estava adequada, todos os processos de seleção estavam adequados. Pode ter simplesmente um caso fortuito porque é uma fruta, é biológico, a gente não tem como abrir todas as frutas pra provar. A gente faz o possível para selecionar o melhor para o consumidor”, relata a sócia da empresa. Foi um azar da consumidora de São Paulo, porque a fazenda não recebeu mais nenhuma reclamação referente ao lote.

Como vimos nesse exemplo, ter código de barras não é garantia de 100% de solução dos problemas no campo. Mas essa mesma empresa já usou a rastreabilidade para trocar uma variedade de melão pouco resistente à chuva. E no final da história, como Heloísa tinha reclamado, ela acabou recebendo em casa a reposição do melão que não estava bom.

Fonte: Globo Rural

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Pesquisadora do Embrapa apresenta nos EUA um trabalho sobre Salmonella em manga

Foto: Divulgação Embrapa
A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Ana Lúcia Penteado esteve no Congresso International Association for Foord Protection (IAFP 2015) ocorrido em julho, na cidade de Portland, EUA, para apresentação oral do trabalho "Incidência, crescimento, internalização e surtos de Salmonella spp. e Listeria monocytogenes, em frutas de baixa acidez, como mamão e manga". Este ano o evento teve a participação de mais de 4.000 inscritos dos seis continentes, todos profissionais relacionados á segurança de alimentos. provenientes de indústrias, meio acadêmico e governamental para a troca de informações em temas atuais e emergentes.

De acordo com a pesquisadora, em 1999 foi registrado um surto causado por Salmonella nos Estados Unidos. Foram contabilizadas 78 vítimas, em 13 estados norte-americanos, com 15 hospitalizações e duas mortes. Após investigar as possíveis causas do problema, as autoridades de saúde daquele país descobriram que todos os patógenos eram do mesmo sorotipo (Salmonella Newport) e que o alimento envolvido foi a manga, cujo fornecedor era uma fazenda localizada na região nordeste do Brasil.

Mangas provenientes da América do Sul, "West Indies" e América Central, incluindo o México, devem ser submetidas a um tratamento hidrotérmico, exigência das normas fitossanitárias norte-americanas. O método consiste em mergulhar as mangas por 90 minutos num tanque com água a 46ºC e, depois, resfriá-las a 22ºC por 10 minutos, este último não obrigatório mas realizado por muitos produtores para diminuir a perda da qualidade da fruta. Ana Lúcia simulou o mesmo processo adotado pela fazenda brasileira em um laboratório do Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano que fiscaliza alimentos e medicamentos. Os resultados da investigação científica forneceram fortes indícios de que a contaminação havia sido causada possivelmente pela água empregada no tratamento. O que reforçou a tese foi o fato de o mesmo lote de frutas ter sido consumido pelo mercado interno e exportado para países europeus sem o procedimento hidrotérmico, uma vez que este último dispensa tal precaução. Tanto no Brasil como na Europa, não houve casos de contaminação. "O que provavelmente ocorreu é que a água usada no tratamento estava contaminada com Salmonella. A despeito da proteção representada pela casca da manga, o micro-organismo infiltrou na fruta através do pedúnculo. Esse episódio reforça a necessidade do uso de água de boa qualidade, prevenção de animais domésticos e selvagens próximos ás áreas de processamento e a necessidade de um tratamento adequado da água e monitoramento desta durante o processamento.

Outros resultados de diferentes trabalhos realizados pela pesquisadora indicam que manga e papaya são bons substratos para o crescimento e sobrevivência de Salmonella enteritidis e Listeria monocytogenes e que baixas temperaturas (10oC) retardam, mas não impedem o crescimento destes micro-organismos em papaya. Ambos os micro-organismos podem sobreviver por meses a temperaturas de congelamento (-20oC).

Fonte: Cristina Tordin (MTB 28499) 
Embrapa Meio Ambiente 

Safra da laranja segue com preços estáveis no Paraná

O preço da laranja de mesa tem se mantido favorável ao produtor no andamento da colheita da safra paranaense. Nesta semana, o valor pago pela caixa de 23 quilos ficou em R$ 11,92, contra R$ 12,13/caixa contabilizado na semana anterior, segundo dados fornecidos pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral, afirma que os valores atuais recebidos pelos produtores de laranja de mesa seguem remuneradores. Com relação aos preços pagos aos fruticultores que destinam a produção para as indústrias de suco, o agrônomo avalia que os preços variam de acordo com o contrato estabelecido com cada uma delas.

Andrade destaca que à medida em que a colheita da laranja for se intensificando, os preços podem arrefecer. Neste ano, a produção paranaense total de laranja deve ser semelhante à de 2014, quando foram colhidas 960 mil toneladas da fruta. A área plantada no Estado é de 26,6 mil hectares e se concentra principalmente na região Noroeste do Paraná.

Ciro Daniel Marques, engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), confirma que os preços seguem remuneradores, mas os custos de produção também têm aumentado. Atualmente, o valor gasto para produzir uma caixa de 23 kg de laranja de mesa tem ficado cerca de R$ 5,30 a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Ele destaca que a tendência é de que os custos aumentem ainda mais devido à valorização do dólar frente ao real.

Indústria

Na Integrada Cooperativa Agroindustrial, o preço médio recebido pelo produtor de laranja tem ficado na casa dos R$ 11, ante os R$ 10/caixa pagos aos cooperados no mesmo período do ano passado. Paulo Rizzo, gerente da unidade industrial de sucos da cooperativa, afirma que esses valores podem mudar durante o andamento da safra. Na opinião dele, esses preços são remuneradores.

Contudo, ele avalia que a rentabilidade varia de acordo com os índices de produtividade das lavouras. Rizzo explica que os atuais preços só são remuneradores em propriedades que tenham produtividade acima de 2,5 caixas de laranja por árvore. Ele conta que há produtores cooperados que conseguem retirar até três caixas por pé.

Com um terço da safra já colhido nos 26 municípios do Norte do Paraná, área de atuação da cooperativa, a Integrada espera processar entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de caixas de laranja, ante 1,3 milhão de caixas processadas no ano passado. A produção deste ano deve gerar 6,5 mil toneladas de suco de laranja concentrado.

Rizzo destaca que o preço da tonelada do suco concentrado colocado no porto está menor neste ano devido ao ajuste de preços no mercado internacional. Contudo, ele avalia que o dólar valorizado tem gerado uma boa rentabilidade para os produtos exportados. No momento, o valor do concentrado colocado no porto está em US$ 1,6 mil a tonelada, ante US$ 1,7 mil/t se comparado com o mesmo período do ano passado.

Fonte: Folha Web