quinta-feira, 10 de março de 2016

Laranja e chuchu estão mais em conta, diz Ceagesp

Outros preços em baixa são mandioca, caqui, abóbora e limão taiti. Pepino, mamão, maracujá, caju, melão e maçã estão mais caros.


A Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) divulgou a lista de produtos com os preços no atacado em baixa, estáveis ou em alta nesta semana. Veja abaixo:

Preços em baixa
Caqui rama forte, abacate, figo roxo, carambola, goiaba, laranja pera, laranja seleta, limão taiti, jaca, coco verde, pimentão verde, chuchu, mandioca, pepino comum, abóbora moranga, abóbora japonesa, berinjela, salsa, repolho verde, escarola, alface crespa, alface lisa e americana, milho verde, canjica.

Preços estáveis
Banana nanica, morango comum, manga tommy, laranja lima, lima da pérsia, acerola, graviola, melancia, abóbora paulista, abobrinha brasileira, quiabo liso, pimenta cambuci, pimenta americana, nabo, rúcula, alho porró, cebolinha, beterraba com folha.

Preços em alta
Caju, melão amarelo, mamão papaia, mamão formosa, maracujá azedo, uvas, maçã nacional, maçã importada, pera importada, manga hadem, pepino japonês, pepino caipira, batata doce rosada, tomates, beterraba, cenoura, ervilha torta, mandioquinha, pimentão vermelho, pimentão amarelo, vagem macarrão, erva doce, rúcula, couve manteiga, espinafre, couve-flor, agrião, brócolis, erva doce, rabanete, coentro, alho argentino, batata lavada, alho nacional e ovos.

Microrganismos das plantas auxiliam o vegetal e podem ser fontes de antibióticos

Eles podem auxiliar no crescimento e desenvolvimento das plantas e também ser fonte de novos antibióticos. Os microrganismos presentes nas plantas, próximos às raízes (rizosfera), no interior (endosfera) ou sobre os tecidos vegetais (filosfera) deverão ser uma ferramenta poderosa para aprimorar o desenvolvimento vegetal além de possuir potencial de aplicação na saúde humana. Essas questões foram debatidas durante o Primeiro Simpósio Plant Microbiome, que reuniu especialistas internacionais de 22 a 24 de fevereiro em Jaguariúna (SP) na sede da Embrapa Meio Ambiente.

Os pesquisadores Penny Hirsch, Tim Mauchline e Ian Clark, do Rothamsted Research, na Inglaterra, vêm desenvolvendo trabalho de metagenômica e metatranscriptômica, para verificar as alterações de práticas agrícolas nas comunidades microbianas e em suas funções. Os cientistas explicaram que os microrganismos desempenham importantes papéis para a manutenção do ecossistema, e têm capacidade de promover o crescimento de plantas, seja pela produção de hormônios vegetais, disponibilização de nutrientes e até mesmo inibição de fitopatógenos, os agentes causadores de doenças em plantas. A pesquisa inglesa é realizada em campos de experimentos que existem desde 1834, que estão entre os mais antigos utilizados pela comunidade científica mundial.

Estudioso dessa linha de pesquisa, Peter Bakker da Utrecht University, na Holanda, demonstrou que algumas espécies de bactérias, como as pertencentes ao gênero Pseudomonas, são capazes de induzir o sistema imune da planta por meio de uma espécie de comunicação entre os microrganismos e a planta infectada. "A planta atacada por um patógeno libera um composto, um tipo de "pedido de socorro", capaz de atrair determinados grupos de microrganismos que auxiliam na defesa", explica o especialista. 

Além disso, muitos microrganismos conseguem produzir enzimas e metabólitos capazes de controlar o crescimento de patógenos em placas de Petri em laboratório, úteis à biotecnologia. Alguns desses compostos são antibióticos, que podem ser produzidos por várias actinobactérias presentes no solo ou associados às plantas.

Descoberta de antibióticos

Uma nova proposta apresentada pelo pesquisador Gilles van Wezel, da Leiden University, Holanda, pode ser considerada como uma quebra de paradigma nas estratégias para o descobrimento de novos antibióticos. A técnica usual é a busca massiva na bioprospecção de compostos a partir de amostras ambientais, tais como, plantas, solo e água. Neste método são isolados milhares de microrganismos que, posteriormente, são avaliados.

Wezel propõe o abandono da força bruta na busca por antibióticos pelo uso de "insigths" biológicos e ecológicos, dispensando a triagem de milhares de microrganismos por genes já conhecidos e presentes na natureza. Ele demonstrou como ativar a produção de novos antibióticos pelos microrganismos. A técnica pode ser traduzida como a possibilidade de se acordar genes adormecidos, por indução dirigida, para a produção desses compostos.

O cientista sugeriu a busca por diferentes microrganismos em ambientes pouco explorados, ou seja, os considerados extremos, como desertos, geleiras, entre outros. Wezel acredita que a prospecção nesses ambientes pode levar à descoberta de novos compostos. Ele também demostrou que plantas, quando estressadas, liberam compostos elicitores, que funcionam como um "gatilho" que desencadeiam a produção de antibióticos pelos microrganismos. Uma resposta de defesa química do vegetal que poderia ser aplicada na geração de medicamentos para humanos.

Quando aqueles microrganismos capazes de produzir tais compostos foram cultivados em meio de cultura, juntamente com patógenos ou com alterações induzidas no pH, demonstraram eficiência na produção de antibióticos diferentes dos já conhecidos e em quantidades promissoras. Por meio de técnicas avançadas, será possível determinar, no futuro, quais genes controlam a produção de antibióticos e qual a sua estrutura e composição.

Grandes oportunidades em um microuniverso 

Jos Raaijmakers, pesquisador do Instituto Holandês de Ecologia - NIOO-KNAW, afirma que, ao estudar o microbioma de plantas, a ciência pretende responder algumas questões básicas como: quais microrganismos estão presentes na planta, onde se encontram e o que fazem?

Ele explica que existe uma enorme diversidade de microrganismos que ainda é pouco conhecida e os métodos de cultivo para isolamento propiciam a obtenção de somente cerca de 1% da diversidade total, presente em amostras ambientais. A coleta inicial de dados é crucial para responder a primeira questão.

O Simpósio contou com a participação de cerca de 130 inscritos, de 38 universidades e institutos de pesquisas do Brasil, Reino Unido e Holanda. Segundo o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente, Rodrigo Mendes, o evento visou a promover os estudos e integrar os cientistas, que estão na fronteira do conhecimento nesse campo de pesquisa. "É importante sabermos os principais grupos de microrganismos que se encontram em determinada amostra, para depois tentarmos identificar possíveis funções que eles desempenham no solo e que possam, de alguma forma, beneficiar a planta", comenta.

Pesquisas sobre o microbioma e as aplicações

A pesquisa de microbiomas foi marcada, nos últimos dez anos, de avanços tecnológicos que revolucionaram técnicas como o sequenciamento genômico em larga escala, que possibilitou o acesso às comunidades microbianas como nunca antes. "O sequenciamento em larga escala pode ser comparado ao grande salto tecnológico propiciado pela invenção do microscópio e, igualmente, pode ser considerado como um marco importante na exploração da microbiologia", ressalta Mendes.

Ainda segundo o chefe de Pesquisa, o estudo do microbioma de plantas é extremamente importante, já que essas informações poderão auxiliar na manipulação dessas comunidades, visando a melhorar o desempenho das plantas, seja quando atacadas por patógenos ou até mesmo para incrementar a produtividade agrícola de modo sustentável.

O chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), Francisco Laranjeira, concorda que esses conhecimentos poderão gerar ativos importantes para a agricultura no futuro. Para ele, propostas para solucionar os atuais desafios da agricultura, tais como produzir mais alimentos em menores áreas, possibilitar a produção em eventos de seca ou a diminuição da dependência de moléculas químicas no campo, por exemplo, surgirão à medida dos avanços no entendimento de como acontecem essas inter-relações.

No entanto, Laranjeira destaca que não existe tecnologia que seja capaz de revolucionar tudo. "Considero cada pesquisa como uma pequena parte de um todo e à medida que as contribuições vão surgindo é que iremos construindo uma agricultura e uma vida melhor," completou.

As pesquisas no Brasil 

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP) têm participação ativa nos recentes avanços para a elucidação dos mecanismos moleculares entre plantas – patógeno, por meio de estudos em conjunto com o Programa Back to the Roots(de volta às raízes), coordenado por Rodrigo Mendes e por Jos Raajimakers, do Instituto Holandês de Ecologia.

É o caso do pesquisador Miguel Dita, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, atualmente lotado na Embrapa Meio Ambiente, que realiza pesquisas que procuram entender a diversidade funcional do microbiana da bananeira buscando o desenvolvimento de produtos e processos para sua possível aplicação nos sistemas de produção. A ideia é compreender as relações ecológicas entre esses seres e sua interação com a bananeira, buscando identificar microrganismos chaves, supressores de pragas e doenças, proteção contra estresses abióticos como a seca, por exemplo. 

As pesquisas não se baseiam na busca de agentes específicos de biocontrole, mas em entender o papel do conjunto. De maneira simultânea, as pesquisas são direcionadas à saúde do solo. Microrganismos novos foram identificados e os testes de caracterização funcional revelaram uma grande diversidade de endofíticos cultiváveis e multifuncionais que habitam as raízes da bananeira. "Acreditamos que exista um grande potencial de desenvolvimento de novos produtos e métodos para melhorar a produtividade na bananeira, de maneira sustentável por meio do manejo do microbioma, tanto da planta quanto do solo," explicou Miguel Dita.

Pesquisadores coletam mangaba para acervo do Museu Nacional da UFRJ

Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) fizeram a coleta de amostras de mangaba no campo experimental de Itaporanga d'Ajuda, no litoral sul de Sergipe, para integrar o banco de imagens de estruturas microscópicas de sementes vegetais do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O curador do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Mangaba – uma coleção para conservação dos recursos genéticos da espécie – que a Embrapa Tabuleiros Costeiros mantém em Sergipe, o pesquisador Josué Francisco da Silva Junior, passou a última semana de fevereiro em campo selecionando acessos para enviar ao acervo do Museu Nacional.

O objetivo da ação é contribuir para resgatar a história da alimentação do homem pré-histórico no Brasil. O Museu Nacional está montando uma coleção de referência de microvestígios que diferenciam as espécies de vegetais que será, num futuro próximo, a chave para resgatar informações valiosas sobre a alimentação do homem pré-histórico no Brasil. 

Um Acordo de Cooperação firmado entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em junho de 2015 permitirá que o Museu Nacional da UFRJ tenha acesso às amostras de cerca de 100 espécies vegetais conservadas nos bancos ativos de germoplasma (BAG's) de 19 unidades da Embrapa. A ideia é fomentar a realização de estudos que subsidiem pesquisas sobre dieta, domesticação de vegetais e produção de alimentos na pré-história brasileira. 

Amostras
O pesquisador coletou e enviou acessos que representam populações de mangabeiras das Bahia, Pará e Sergipe. Além da mangaba, a Embrapa Tabuleiros Costeiros enviará amostras de coco e jenipapo, cujos recursos genéticos também estão conservados em campos em Sergipe. Josué teve o apoio da colega Ana Veruska Muniz, curadora do BAG do Jenipapo.

"Esse trabalho é de suma importância porque serve de subsídio para a reconstrução de cenários arqueológicos envolvendo a dieta do nosso homem pré-histórico, bem como para se saber desde quando uma fruta, por exemplo, começou a ser utilizada pelo homem como alimento", explica Junior.

De acordo com o pesquisador, o que se sabe sobre a mangaba é que a árvore já era utilizada e o fruto consumido como alimento pelos povos indígenas desde o período anterior à chegada dos exploradores portugueses, mas não existe nenhuma informação sobre o seu uso na pré-história. 

"Estudos antropológicos catalogaram diferentes denominações em línguas distintas para a espécie em diversas regiões do país, sobretudo no Brasil Central. Historiadores e antropólogos também relataram a utilização do látex da mangabeira na confecção de artefatos por diversas tribos de Rondônia ao Maranhão", relata.

Banco genético
Com 253 acessos (amostras de plantas em número suficiente para representar a variação genética de uma população) provenientes de oito estado brasileiros, o BAG da Mangaba foi implementado em 2006, e possui grande variabilidade genética e conserva amostras de algumas populações com enorme vulnerabilidade, por estarem situadas em áreas de intensa especulação imobiliária. 

"Esse material guardado permite a sua conservação e uso em futuros trabalhos de melhoramento genético. Tendo em vista que a mangabeira vem apresentando intensa erosão genética, a conservação no banco permite que genes de importância não sejam perdidos.", afirma Josué.

O banco está situado numa área de restinga do campo da Embrapa. Além da área do BAG, é de responsabilidade da curadoria a conservação in situ (no local de origem da planta) de uma área natural de mangabeira com cerca de 4,5 hectares, localizada dentro da Reserva do Caju, a primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de âmbito federal da Embrapa.

No Brasil, há outras coleções de mangaba, sendo algumas em Unidades da Embrapa – Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), Embrapa Amapá (Macapá, AP) e Embrapa Meio Norte (Teresina, PI) – e outras em universidades e organizações estaduais de pesquisa agropecuária.

Pesquisas
O trabalho da curadoria também contempla projetos de pesquisa e desenvolvimento de conservação da mangabeira envolvendo populações tradicionais de mulheres catadoras de mangaba em diversas regiões do país.

Para conhecer com profundidade toda a problemática em torno da Mangaba em Sergipe e no Brasil, a Embrapa Tabuleiros Costeiros lidera, desde 2003, pesquisas com abordagens metodológicas que combinam as ciências sociais e naturais. 

Em 2003 ocorreu no Brasil a primeira pesquisa sobre o extrativismo da mangaba e as catadoras no Povoado Pontal, em Indiaroba, litoral sergipano. Os pesquisadores Dalva Mota, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), e Josué da Silva Júnior fizeram parte do projeto pioneiro.

Desde então, estudos têm sido promovidos para entender e diagnosticar profundamente a situação das catadoras em Sergipe e outros estados, como o Pará, além de gerar conhecimentos sobre a fruta e suas potencialidades, e a conservação dos seus recursos genéticos. O desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de garantir boas condições de vida e trabalho às catadoras, com apoio à mobilização do grupo, é também foco das pesquisas da Embrapa. Os resultados de pesquisa têm ajudado os órgãos públicos na elaboração de políticas sobre que têm beneficiado a espécie e as pessoas que dela sobrevivem há gerações.

Os pesquisadores investiram fortemente no mapeamento de áreas e na tipologia da conservação. Paralelamente, intensificaram o diálogo com os grupos diretamente atingidos. O resultado são pesquisas concluídas e em andamento, publicações importantes, como o ‘Mapa do Extrativismo da Mangaba em Sergipe', lançado em 2010 e com nova edição prevista para o primeiro semestre deste ano (que servirá de base georreferenciada para a criação de uma Reserva Extrativista – Resex – no estado), a ‘Árvore do Conhecimento da Mangaba' (organização das informações e documentos sobre a espécie para navegação e acesso em forma de teia hierarquizada, com visual semelhante ao da copa de uma árvore), o livro ‘A Mangabeira. As Catadoras. O Extrativismo.' e até a primeira dissertação do Norte do Brasil sobre as mulheres extrativistas de mangaba.

A ex-presidente do Movimento das Catadoras de Mangaba (MCM), uma das entidades associativas dessa população tradicional em Sergipe, Patrícia de Jesus, reconhece a importância do trabalho dos pesquisadores para o fortalecimento da sua luta. "A atuação de todos tem sido fundamental para fortalecer o nosso movimento, subsidiar políticas e promover a conservação da mangabeira", afirmou.

A fruta 
A mangaba (Hancornia speciosa) é uma fruta nativa de sabor marcante, cuja árvore é símbolo de Sergipe. É cantada em verso e prosa e apreciada por muitos no Norte e Nordeste, e encanta pelas delícias que se pode obter com sua polpa – geleia, licor, sorvete e suco, que nos deixa com um memorável visgo nos lábios após bebermos.

A mangabeira tem ocorrência nos estados do Cerrado, Caatinga e litoral nordestino, podendo alcançar até 10 metros de altura, com tronco áspero, ramos lisos, avermelhados, com látex branco abundante. Suas folhas são opostas e simples. Suas belas flores alvas e saborosos frutos conferem valor ornamental à espécie, ideal para a arborização urbana e rural.

O fato de apresentar propriedades nutritivas mais elevadas e sabor mais marcante apenas quando cai do pé (chama-se popularmente como "mangaba de caída"), madura, confere-lhe um grande simbolismo e um status de iguaria pelos seus apreciadores.

Mas o outro lado dessa história não é tão belo e poético assim. Para a mangaba chegar aos consumidores, precisa ser colhida, e a realidade de quem colhe não é tão passível de celebração. As comunidades tradicionais extrativistas, na sua maioria formadas por mulheres de baixa renda e pouca escolaridade – autodenominadas catadoras, enfrentam grandes barreiras ao modo de vida que garante o seu sustento. 

Uma situação crescente de destruição dos recursos naturais, intensificação das indústrias imobiliária e do turismo, avanço de monoculturas, como a cana, privatização das áreas e impedimento do acesso às plantas em locais anteriormente de entrada livre são os maiores obstáculos.

Umbu e outras frutas nativas são boas opções para agricultura familiar

Foto: Sergio Donato - Divulgação Embrapa
Das 18 espécies do gênero Spondias, como umbu-cajá, cajarana, ceriguela e umbuguela, várias são pouco estudadas e sua produção é totalmente extrativista, ou seja, são coletadas diretamente da natureza e não cultivadas em pomares comerciais. Por conta disso, parte de um trabalho de pesquisa na Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) distribui mudas e ajuda a manter bancos de germoplasma dessas frutas.

A mais famosa é o umbu, fruto do umbuzeiro, planta tão importante para o sertanejo que foi citada pelo escritor Euclides da Cunha no livro Os Sertões, de 1902: "É a árvore sagrada do sertão. Sócia fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros. Representa o mais frisante exemplo de adaptação da flora sertaneja". Mais que isso, o umbu só existe nessa região.

Todas as plantas do gênero Spondias têm crescimento lento, mas são tolerantes à seca e têm boa produtividade em locais sem irrigação. Principalmente por essa característica, têm bastante importância para o Semiárido. "Muitas vezes, o umbu produz independentemente da chuva. Mesmo com pequena chuva ou trovoada, ela produz, garantindo uma renda para o pequeno produtor e, até mesmo, sua sobrevivência", afirma Nelson Fonseca, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Multiplicação por enxertia

A resistência à seca tem explicação. "O umbuzeiro tem raízes túberas ou xilopódios [que armazenam água e nutrientes]. Hoje há plantas muito velhas no Semiárido que estão morrendo. Além disso, existem os produtores que derrubam a vegetação, destruindo as plantas do umbuzeiro para a formação de pastos, a ocorrência de incêndios no período seco que matam a vegetação e as pequenas plantas que nascem das sementes que são comidas pelos próprios animais que vivem no semiárido. Tudo isso impede que os umbuzeiros se renovem", explica Nelson.

Há uma carência para a formação de mudas selecionadas do gênero Spondias, pois existe pouco material propagativo selecionado. As plantas de umbuzeiro, por exemplo, são mais encontradas na zona rural, onde são atacadas pelos animais, que comem ramos, folhas e frutos. Já as de umbu-cajazeira estão em zonas urbanas, desaparecendo pela ação predatória do homem, que as destroem para ganhar mais espaço no quintal.

Apesar de ser possível a propagação das Spondias por sementes, o método ideal é por enxertia. A principal vantagem da muda enxertada está relacionada à garantia de manutenção das características da planta propagada, o que não é possível na muda produzida por meio de semente. Outra vantagem está na formação de pomares comerciais mais uniformes no tamanho de plantas e na produção de frutos, além da antecipação do início de produção.

De acordo com Nelson Fonseca, os materiais selecionados de umbu e umbu-cajazeira, por exemplo, recebem o nome da pessoa, propriedade, comunidade ou município onde foi feita a coleta. Se um material foi selecionado em América Dourada, ele é chamado de América Dourada. "Nesse caso, não são variedades, pois ainda não foram lançados como variedades. São tipos diferentes originados de uma hibridação ou cruzamento natural e se destacaram quanto ao tamanho de frutos, bom paladar e boa percentagem de polpa, entre outras características," explica. Esse material é coletado para fazer enxertia. Fonseca conta que há previsão de lançar cinco ou seis variedades de umbuzeiro e até 14 materiais de umbucajazeiras. "Nós temos propagado esse material, como se fosse uma validação", diz. Ainda não há data para lançamento porque depende de autorização do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), órgão do Ministério do Meio Ambiente, já que diz respeito à biodiversidade brasileira.

Preservação

Com o objetivo de colaborar com a preservação da espécie, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a Embrapa Semiárido (PE) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) cederam, em 2006, para o campus do Instituto Federal de Educação (IF) em Guanambi (BA), mudas de umbuzeiros e umbucajazeiras. "A Embrapa colocou em nosso instituto uma coleção de 26 clones, totalizando 140 plantas. Dessas, 80 plantas têm nove anos. Nós já estamos produzindo há quatro. As outras 60 fizeram cinco anos em novembro e vão iniciar a produção, ainda pequena, esse ano. A grande importância desse banco é a conservação desse material, já que ele tem uma variabilidade grande. É uma coleção que tem materiais da Bahia, de Minas Gerais e de Pernambuco, também considerados os melhores clones em tamanho. Isso é de fato um trabalho muito importante para a preservação da espécie na Caatinga", explica o engenheiro-agrônomo Sergio Donato, professor do IF Baiano.

Segundo ele, o peso médio de um fruto de umbuzeiro é em torno de 18 gramas, mas os clones de umbu da coleção superam em muito esse valor. "O peso médio do clone MG-01, originado de Lontra (MG), é 98 gramas, mas existem outros também quase do mesmo tamanho. Quando se fala por aí de umbu ‘gigante', todo mundo normalmente se refere a esse clone, ele é o mais difundido. O peso médio desse clone é 98, mas ele chega a 160 gramas", complementa o professor.

Para Donato, o umbuzeiro é uma cultura de fácil manejo, por ser adaptada às condições ecológicas. "Se você pensar que no Semiárido outras plantas demandam água, trabalhar com o umbu é mais tranquilo. É lógico que não pode ser no ‘bodismo', você colocar a planta e achar que ela vai sobreviver. Uma vez passada a fase inicial, a manutenção é mais fácil", afirma. O professor destaca ainda o clone CP-47, com características exóticas, com apelo também ornamental, originado de São Gabriel, BA, cujos frutos pequenos e doces são dispostos em cachos, parecidos aos de uva, com até 25 frutos.

Mercado em expansão

O negócio agrícola do umbu envolve a colheita, o beneficiamento e a comercialização do fruto, tendo grande potencial de exploração agroindustrial. Os frutos são muito apreciados para o consumo como fruta fresca ou processada sob forma de polpas, sucos, doces, néctares, picolés e sorvetes. Recentemente, têm sido introduzidos na chamada gastronomia brasileira, que reúne sabores típicos regionais.

O processamento é muito importante na época da colheita, caso contrário, grande parte dos frutos poderá ser perdida. "Muito desse material é armazenado em polpas para ser consumido durante o ano todo. Para o agricultor, isso é agregação de valor, é um aumento de renda para ele. Na época de janeiro a março, em que se concentra o pico da safra, é importante ter esse processamento", explica Nelson Fonseca.

Existe um amplo mercado interno e externo a ser explorado, que, atualmente, ainda é muito restrito às regiões Norte e Nordeste. Seus frutos são bastante usados pelos produtores de forma artesanal – em especial para a produção de geleias – mas na Bahia já ganhou cunho empresarial com a Cooperativa de Produção e Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia – (Cooproaf), que tem 63 cooperados, e com a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), formada por 204 cooperados, em sua maioria mulheres, e que já comercializa seus produtos nos mercados mais sofisticados do Brasil e exporta para Itália, França e Áustria.

De acordo com o pesquisador, o plantio de áreas comerciais deve ser incentivado para que se consiga suprir a demanda. Por isso, a Embrapa pretende, em breve, disponibilizar um sistema de produção. Hoje, a Unidade de pesquisa repassa mudas enxertadas aos produtores que doaram as primeiras sementes para a formação da coleção de Spondias.

Produção rentável

Mais recentemente, as fruteiras do gênero Spondias começaram a ser usadas em sistemas agroflorestais (SAFs), inclusive na Mata Atlântica, como alternativa para agricultores familiares do litoral sul da Bahia, onde se cultiva prioritariamente cacau. Práticas específicas de manejo cultural e novas combinações e arranjos de SAFs estão sendo testadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, sob a liderança do pesquisador Marcelo Romano.

Dilermando Morais Fonseca, técnico da Secretaria de Agricultura da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (BA), é um fã particular do umbuzeiro. "A nossa luta é transformar o umbuzeiro em planta cultivada, é pela domesticação da espécie, porque hoje ela ainda é fruto do extrativismo. São milhões e milhões de reais que rodam a cada safra no Nordeste, na beira da estrada, na feira, na indústria de polpa. É algo que chamo de economia invisível, porque se a gente procurar algum dado econômico não existe absolutamente nada", assegura.

Em parceria com a Embrapa, foi criado nessa secretaria municipal um banco de germoplasma, hoje com 750 plantas. Destas, cerca de 30 foram classificadas como gigantes. "Além das plantas cedidas pela Embrapa, mais uns sete ou oito a gente garimpou por aqui", diz.

A paixão de Dilermando Fonseca é tão grande que, em paralelo ao trabalho na secretaria, ele também ingressou na produção. "Já que eu incentivo tanta gente a cultivar, por que não eu também? Eu vou produzir o fruto, o umbu. Agora, é claro que sempre há a possibilidade de formação de mudas porque a gente tem que fazer a poda anual", salienta.

No distrito de Pedra Preta, em Anagé (BA), o agricultor José Ferreira Novaes cultiva o umbu nativo, cujas árvores têm cerca de 50 anos, e o gigante, cujas mudas vieram da Embrapa Semiárido há 12 anos. Os frutos do umbu nativo são consumidos pelo gado da propriedade e os gigantes são vendidos. Novaes, mais conhecido como Dodô, destaca a produtividade. "Pra mim é muito boa. Os umbus "de raça", que chamam de gigantes, carregam bastante, produzem muito. O nativo produz entre oito e nove anos e o gigante com seis anos já começou a produzir. Em 2013, colhi 80 caixas do umbu de raça. Em 2014, foram 90 e poucas caixas. Meus 33 pés renderam R$ 3 mil na safra passada. Para 2015, eu quero ganhar R$ 4 mil", planeja. 

Pequenos produtores como Dodô e Dilermando são fundamentais para que a expectativa do pesquisador Nelson Fonseca se concretize: "Quando outras regiões do País e até do mundo conhecerem mais o fruto do umbuzeiro, vai ser uma redenção para o Nordeste", espera.

Brasil e México estreitam parceria em prol do controle biológico de pragas agrícolas

Pesquisadores estudam mecanismos de resistência de insetos-praga e mosquitos vetores de doenças à bactéria Bacilus thuringiensis (Bt).


Os pesquisadores mexicanos do Instituto de Biotecnologia da Universidade Autônoma do México, localizada na cidade de Cuernavaca, Alejandra Bravo e Mario Soberón, estiveram na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia por duas semanas – de 22 de fevereiro a 04 de março – aonde desenvolveram estudos no Laboratório de Bactérias Entomopatogênicas (LBE), coordenado pela pesquisadora Rose Monnerat.

Várias pesquisas estão sendo conduzidas em cooperação entre os pesquisadores brasileiros e mexicanos, como explicou Alejandra Bravo. A parceria começou em 2001, a partir de um projeto financiado pelo CYTED - Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo, que reuniu 10 grupos de pesquisa de sete (7) países latino-americanos. "O projeto terminou em 2006, mas a nossa parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia continuou e se fortaleceu nos últimos três anos", explicou Alejandra.

O foco da cooperação é a bactéria Bacillus thuringiensis, conhecida como Bt, e que já é utilizada em pesquisas de controle biológico em todo o mundo há mais de 40 anos, sem nenhum registro de resistência no mosquito Aedes aegypti. Essa bactéria é entomopatogênica, o que significa que é específica para controlar o inseto-alvo e, portanto, completamente inofensiva a qualquer ser vivo. Prova disso é que conta com aval da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda o seu uso até mesmo na água para consumo humano.

Cooperação abrange várias linhas de pesquisa

Apesar de ter como foco a bactéria Bt, a cooperação técnica entre a Embrapa e o instituto mexicano está sendo conduzida com objetivos diferenciados. Um deles, a exemplo do que está sendo feito no Brasil, envolve a produção de inseticidas biológicos para controlar o mosquito transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Segundo Alejandra e Mario, a dengue é um problema muito sério no México e o chikungunya também. Os casos de zika ainda são poucos – cerca de 100 – e nenhum ainda está associado com a microcefalia em bebês, mas o governo do país já está preocupado com a sua disseminação, em função do turismo e do comércio internacional.

Assim como a equipe da pesquisadora Rose Monnerat, que desenvolveu dois bioinseticidas para controle do mosquito – o Bt-horus (2005) e o Inova-Bti, que ainda está em fase final de testes para ser registrado junto à Anvisa - os pesquisadores mexicanos também geraram um produto biológico à base de Bt para combater o mosquito. Denominado "Bt mosquito", o produto é diferente do brasileiro, cuja formulação é líquida. O inseticida mexicano é sólido e é aplicado em forma de "pérolas" (pequenos comprimidos que flutuam na água). "Os testes já foram concluídos e o produto mostrou ser eficaz contra as larvas do Aedes aegypti, mas ainda precisamos de empresas parceiras para colocar o produto no mercado, a exemplo do Brasil que conta com as parcerias da União Química e do IMAmt – Instituto Mato-Grossense do Algodão", afirma Alejandra.

Segundo ela, existem empresas brasileiras e mexicanas interessadas em comercializar o produto. Um detalhe interessante e que vale a pena ser destacado sobre o larvicida mexicano é em relação ao nome "Bt mosquito". É claro que Bt é uma referência à bactéria, mas foneticamente é igual a "Vete", que em espanhol, quer dizer vai embora. "Ou seja, na fala, é possível fazer uma alusão do nome do produto com a expressão vai embora, mosquito", explica a pesquisadora mexicana, lembrando que é uma abordagem positiva de aproximação com o público.

Outros estudos avaliam as toxinas da bactéria Bt

Alejandra e Rose Monnerat falam também sobre outros estudos desenvolvidos em parceria para controlar insetos que atuam como pragas agrícolas, como a lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e o bicudo do algodoeiro. Nesse sentido, durante a estadia no Brasil, os pesquisadores mexicanos visitaram o Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do IMAmt, em Rondonópolis, Mato Grosso, com o qual a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia já mantém parceria. "É bem provável que essa cooperação seja estendida também ao instituto mexicano", ressaltou Alejandra.

A base para todo o trabalho com bactérias na Embrapa é o banco mantido no Laboratório de Bactérias Entomopatogênicas, que hoje conta com mais de 2.800 estirpes (linhagens). "Estamos investindo no sequenciamento dos genomas das estirpes de bactérias que compõem o banco. Já temos 13 sequenciadas, com mais de 70 genes identificados", afirma Rose Monnerat.

Além disso, as equipes de cientistas do Brasil e do México estão desenvolvendo testes com as toxinas do Bt para estudar mecanismos de resistência de insetos a essa bactéria.

Alejandra e Mario, entre outros pesquisadores mexicanos, detêm grande expertise com pragas de milho, já que esse é o produto agrícola de maior importância para aquele país.

Gene modificado é capaz de matar insetos resistentes ao milho Bt

Diante disso, Rose estreitou uma pesquisa em parceria com eles para avaliar o milho Bt utilizado no Brasil que, de acordo com relato de agricultores, estava causando resistência nas lagartas.

A parceria resultou no desenvolvimento de toxinas geneticamente modificadas com um gene denominado CRY1FMod, capaz de matar as lagartas resistentes ao milho Bt.

Esse trabalho foi tema de artigo na revista científica Plos One e, segundo Rose, o objetivo é inserir essa tecnologia no manejo integrado de pragas do milho.

A pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia lembra ainda que estratégia semelhante está sendo utilizada contra o bicudo do algodoeiro, pior praga do algodão no Brasil.


Amazonas retoma produção de banana com tecnologias

Foto: Síglia Souza - Divulgação Embrapa
Agricultores do Amazonas estão retomando a produção de bananas graças ao uso de tecnologias que permitem produzir em áreas mesmo com a presença de doenças graves para o cultivo, como a sigatoka-negra. O plantio de cultivares resistentes às principais doenças associado ao manejo adequado e à adoção de técnicas recomendadas pela Embrapa são alguns dos fatores que têm permitido o aumento de produtividade.

Nos últimos anos agricultores do Estado têm sofrido grandes perdas na produção, com doenças e com as variações de enchentes e secas. "Apesar disso, a tendência de alguns agricultores passarem a usar tecnologias, como fertilizantes, cultivares resistentes e técnicas de manejo que viabilizam a produção, tem permitido a eles um resultado diferenciado, com produtividade que vai até o dobro da média do Estado e garantia de renda", de acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (AM), Gilmar Meneghetti.

Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de banana no Amazonas foi de 54.610 toneladas em 2014 e passou a 92.557 toneladas em 2015. Embora o Amazonas contribua com pouco mais de 1% para a produção nacional da fruta, a retomada da produção no Estado é importante para a segurança alimentar e geração de renda local, principalmente por ser um fruto que está na base alimentar da população e a atividade envolver agricultores familiares de portes pequeno e médio. 

Além de permitir renda, a substituição de plantios de bananeiras suscetíveis à sigatoka-negra por plantios de cultivares resistentes é uma alternativa que elimina custos com aplicação de fungicidas, mão-de-obra e equipamentos para controlar a doença, além de evitar a contaminação do meio ambiente e o risco de exposição de trabalhadores rurais e consumidores a agrotóxicos.

Dezoito anos após a entrada no Brasil do fungo Mycosphaerella fijiensis, agente causal da sigatoka-negra, agricultores que perderam a produção no passado, hoje retiram sua principal renda da bananicultura, plantando cultivares resistentes. É o caso do agricultor familiar Vildomar Brum, 58 anos, catarinense que cultiva banana em Rio Preto da Eva, no Amazonas. Ele perdeu toda sua produção com a sigatoka-negra em 1998. A doença caracteriza-se por manchas escuras nas folhas da planta, que parecem estrias, o que dificulta a realização de fotossíntese, prejudicando a formação de frutos e assim causa prejuízos que chegam a 100% de perda de produção. 

Depois do prejuízo, Brum foi um dos primeiros agricultores do Amazonas a testar cultivares resistentes recomendadas pela Embrapa, fazendo novos plantios a partir de 1999. Apesar da ocorrência da doença no Estado, teve garantia de produtividade quando passou a cultivar bananeiras resistentes à sigatoka-negra e colocou em prática as orientações técnicas. O agricultor conta que começou com mil plantas e hoje tem dez mil. Ao longo desse tempo, com os ganhos obtidos investiu nos cultivos, comprou caminhão, trator, construiu galpão, reformou a casa e mantém um filho na faculdade cursando agronomia, para contribuir ainda mais com essas melhorias. Tudo com a renda da banana. 

A opção para que o agricultor Brum e outros agricultores possam ter cultivares de bananeira produzindo e convivendo com a sigatoka-negra tornou-se possível porque, desde a década de 1980, antes de o fungo chegar ao País, a Embrapa pesquisava e se preparava para enfrentar o problema, pois a doença já estava ocorrendo na América Central e em alguns países da América do Sul. Naquela época, a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Bahia) enviou para a Costa Rica genótipos melhorados de bananeira para serem avaliados quanto à resistência à doença. Em fevereiro de 1998 foi constatada a presença da sigatoka-negra no Brasil, pelos pesquisadores Luadir Gasparotto e José Clério Rezende Pereira, ambos fitopatologistas da Embrapa Amazônia Ocidental, que integraram a equipe que realizou os primeiros registros de ocorrência da doença nos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant (AM), na fronteira com a Colômbia e Peru. Muitos agricultores perderam seus cultivos no Amazonas e também em estados vizinhos. 

A partir de então, com a doença no País, os genótipos de bananeira melhorados foram transferidos para o Amazonas, para avaliar a resistência nas condições locais. Os mais resistentes e produtivos foram selecionados e lançados como as primeiras cultivares para o Estado, como alternativa para dar continuidade à bananicultura. Atualmente são recomendadas para o Amazonas as cultivares de banana Caipira, Thap Maeo, FHIA 18, Pacovan (Prata) Ken, BRS Caprichosa, BRS Garantida, BRS Vitória, BRS Japira e BRS Conquista.

Nos anos seguintes, o fungo se disseminou gradativamente pelo País, atingindo o Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Roraima, Pará, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e nos últimos anos em Tocantins, Maranhão e Rio de Janeiro. Cultivares resistentes foram lançadas para várias regiões, como alternativa para garantir a produção.

Ganhos com a tecnologia melhoram qualidade de vida

Agricultores que plantam cultivares resistentes à sigatoka-negra e seguem as orientações técnicas colhem resultados positivos como o agricultor familiar do município de Presidente Figueiredo (AM), Osni Soares, pioneiro em adotar essas tecnologias. Ele teve perdas com a sigatoka-negra destruindo plantios de banana Maçã, Prata e Pacovan, mas conseguiu retomar a produção com bananeiras resistentes a essa doença. Por indicação do órgão de assistência técnica e extensão rural do Amazonas tornou-se parceiro da Embrapa como agricultor experimentador de algumas novas cultivares de bananeira, entre elas a Thap Maeo e, posteriormente, a BRS Conquista.

Osni conseguiu financiamento para ampliar o cultivo e hoje, junto com sua esposa Lourdes, consegue ter sua principal fonte de renda familiar com a venda da produção de banana. Os ganhos permitem apoiar a diversificação em sua propriedade com o início de outros plantios, por exemplo, cupuaçuzeiro e pimenta-de-cheiro. Além de plantar cultivares resistentes à sigatoka-negra, o casal de agricultores coloca em prática as recomendações técnicas como adubação e manejo adequado com práticas como o desperfilhamento, desfolha, entre outras, para garantir a produtividade e atender a entrega de bananas para comercialização para a merenda escolar. Com a renda obtida, construiu nova casa e pagou a faculdade da filha que estudou na capital. Assim como Osnir, outros agricultores passaram a obter renda, quando investiram em cultivos com uso de tecnologia. 

O extensionista Jamilson Laray, técnico em agropecuária do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam) relata que o cultivo de bananeiras resistentes tem permitido a agricultores familiares uma melhor qualidade de vida no município de Rio Preto da Eva (AM), onde o técnico acompanha, aproximadamente 180 agricultores que utilizam as cultivares Thap Maeo, Caipira e Fhia 18. Segundo o técnico, agricultores que seguem as recomendações técnicas estão conseguindo produtividade entre 35 a 40 toneladas por hectare/ano, o que é um resultado bem acima da média do Amazonas, de 12 toneladas/hectare/ano. Com isso, passaram a ter renda ao longo do ano.

Laray conta que vários desses agricultores em Rio Preto antes trabalhavam com extração clandestina de carvão, sofreram pressão da fiscalização de órgãos ambientais e buscaram apoio para ingressar na agricultura. O Idam recomendou a bananicultura. As mudas foram compradas de viveiristas pelo Governo do Estado e repassadas aos produtores. Com crédito rural, capacitação e adoção de tecnologia, estão colhendo resultados. 

"Só houve melhoras pra gente depois da primeira safra de banana até agora; no carvão, a gente não tinha esperança", conta o agricultor Matusalém Ramos, 33 anos, que passou a cultivar Thap Maeo e afirma que consegue produtividade de 40 toneladas por hectare/ano. Conta que quando sobrevivia com a venda de carvão, nem sempre recebia o pagamento pelo que produzia, porque o produto era apreendido. Com a renda da produção de banana, reformou a casa, comprou carro e instalou um poço artesiano em seu sítio. A comercialização é feita em parceria com outros produtores da vicinal onde mora, o que permite melhor preço.

A capacitação dos agricultores e a organização em associação e cooperativa tem influenciado nos resultados positivos, na opinião do agricultor Irisvaldo Gomes da Costa, 40, que também cultiva bananeira em Rio Preto da Eva. Costa nasceu em Tabatinga e cresceu em Benjamin Constant (AM), onde presenciou prejuízos dos agricultores com plantios afetados pela sigatoka-negra. Anos depois, ao se preparar para ser agricultor em Rio Preto, preferiu não passar pela mesma experiência, e começou buscando orientação do órgão de assistência técnica, o Idam, participou de cursos, aprendeu as orientações básicas, e plantou cultivares resistentes. Dentro do limite que pode usar de sua propriedade, reinvestiu os recursos obtidos da venda das colheitas e já ampliou o bananal duas vezes. Costa relata que a renda das safras tem sido suficiente para pagar o financiamento, e com o restante tem investido na formação dos filhos, está construindo uma nova casa, comprou um carro utilitário usado para fazer a entrega do produto e agora está apoiando outro parente a entrar na bananicultura.

Uso de fungicida para bananeiras suscetíveis

Em algumas regiões do País, produtores utilizam fungicidas para controle da sigatoka-negra em plantios de cultivares suscetíveis ao fungo. Estudos realizados pela Embrapa indicaram que, nas condições do estado do Amazonas, onde clima é quente e úmido, seriam necessárias 52 pulverizações por ano com fungicidas protetores ou 26 com fungicidas sistêmicos, para controlar a sigatoka-negra. Esse tipo de controle por pulverização não seria viável na região amazônica, em razão do alto custo econômico e impacto ambiental, explica o pesquisador Gasparotto.

Em busca de alternativas para viabilizar a produção de cultivares suscetíveis ao fungo, uma equipe da Embrapa Amazônia Ocidental, coordenada pelos pesquisadores Luadir Gasparotto e José Clério Rezende Pereira, desenvolveu uma técnica que usa de forma eficiente menor quantidade de fungicida, reduz riscos na aplicação e oferece maior controle na aplicação em locais específicos da planta.

Para uso dessa técnica foi elaborado um equipamento adaptado a partir de uma seringa veterinária, mangueira de silicone ou látex e um cano com uma das pontas curvadas. O equipamento permite colocar gotas do fungicida no local específico de cada bananeira, chamado de axila da segunda folha. Dependendo do produto comercial, a dose recomendada de fungicida é de 1 a 2 ml por planta. A dosagem exata é ajustada na seringa. Com isso se evita a dispersão do produto no ambiente e se torna possível controlar a doença com apenas três aplicações por ciclo produtivo, que seria em torno de dez a 12 meses.

Essa técnica tem sido utilizada por agricultores com preferência pelo plantio de bananas do grupo Terra, para o qual ainda não se tem opções de cultivares com resistência à sigatoka-negra. É o caso do agricultor Ednei Holanda, do município de Itacoatiara (AM), que investe na produção de bananas conhecidas na região Norte como Pacovan ou Comprida, que são consumidas fritas ou assadas. No restante do País tem o nome de banana D'Angola. Para garantir a safra, Ednei adota as recomendações de adubação e de manejo do bananal e acrescenta a aplicação de fungicida na axila da segunda folha da planta em intervalos de 60 dias, como é recomendado. As aplicações iniciam em bananeiras a partir de quatro meses de idade e devem terminar quando as plantas emitem cachos.

O produtor Ednei conta que consegue produtividade de 24 toneladas/hectare/ano, o dobro da média do Estado. Sem essa técnica e sem o controle químico, agricultores que cultivam o mesmo tipo de bananeiras suscetíveis à sigatoka-negra, no Amazonas, conseguem produzir um pouco no primeiro ano, mas nos anos seguintes a planta diminui sua produtividade com perdas de até 100% dos frutos, segundo explica o pesquisador Gasparotto.

Com base em estudos feitos pela Embrapa para avaliar essas tecnologias em propriedades rurais no Amazonas, o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental economista José Olenilson Pinheiro afirma que as cultivares resistentes à sigatoka-negra e a técnica de aplicação de fungicida na axila da segunda folha da bananeira, associadas ao manejo recomendado nos bananais, permitem ganhos líquidos médios que vão de R$ 10 mil a R$ 14 mil por hectare, variando de acordo com o tipo de banana, a forma de comercialização e o mercado. "São diferentes cenários para cada uma, mas ambos estudos indicam que as tecnologias são viáveis economicamente", afirma o economista.




Vitivinicultores cobram promessa do ministro

Os produtores de vinho do Rio Grande do Sul estão na expectativa de que o ministro do Trabalho e Previdência Social, o gaúcho Miguel Rossetto, consiga que o governo federal baixe o preço do IPI do vinho de 10% para 6%, conforme ele prometeu na abertura da Festa da Uva, em Caxias do Sul, no mês passado.

O problema é que este aumento para 10% foi feito pela própria presidente da República, Dilma Rousseff, no início de janeiro. De acordo com os produtores, o aumento veio em momento de queda de safra e quando o vinho nacional teria mais chance de concorrer com o estrangeiro, encarecido pelo aumento do dólar. A redução do IPI e a questão do seguro agrícola para os vitivinicultores serão discutidos por deputados estaduais e federais com produtores amanhã, na Festa da Uva, em Caxias do Sul.

RS: Estado conta com Plano de Agroecologia e de Produção Orgânica

Diretoria e empregados da Emater/RS-Ascar acompanharam o lançamento, nesta quinta-feira (03/03), do Rio Grande Agroecológico - Plano Estadual de Agroecologia e de Produção Orgânica, em Porto Alegre. O ato foi realizado pelo governador José Ivo Sartori e contou com a participação de autoridades estaduais, representantes federais, municipais e instituições.

Este é o primeiro plano gaúcho que tem como foco a agroecologia e a produção orgânica e foi construído por um comitê gestor formado por cerca de 40 instituições, entre elas a Emater/RS-Ascar, secretarias de Estado, governo federal, universidades e organizações não governamentais (ONGs). Coordenado pela SDR, o plano conta com ações e metas para promover a produção e o consumo de alimentos saudáveis, o uso e a conservação da agrobiodiversidade, a oferta de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social e o ensino e a pesquisa de base ecológica, de maneira transversal.

Para Sartori o programa busca o desenvolvimento sustentável para a produção rural do RS, já que a sociedade está preocupada com a origem e qualidade do alimento que consome. "O plano é uma garantia de segurança alimentar e nutricional. É importante que se estabeleça uma relação de harmonia dos sistemas de produção com o meio ambiente", frisou.

"Nosso governo quer avançar e dar um pouco mais de qualidade para a produção orgânica e agroecológica. A sociedade quer alimentos saudáveis e há um mercado para esses produtos, mas precisamos aumentar a produção, garantindo mais oferta para a sociedade. É preciso mais competitividade e escala para atender todas as camadas da sociedade e não apenas para aquelas que podem pagar por um produto mais caro", salientou o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto. 

O presidente da Emater/RS, Clair Tomé Kunh, lembrou que a Instituição trabalha com Agroecologia há algum tempo. "A Emater é parceira neste Plano. Temos que produzir em maior escala para atingirmos outras camadas da sociedade que hoje não tem acesso a este tipo de alimento", reforçou Kunh. A Emater/RS-Ascar atende, aproximadamente, 1700 famílias de base ecológica e tem como um de seus focos a redução do uso de agroquímicos.

Ações práticas do Rio Grande Agroecológico 

O que está sendo feito e as metas do plano estadual:
- 8.387 projetos produtivos e de apoio à comercialização de alimentos orgânicos financiados;
- 1.112 encontros de capacitação de agricultores e técnicos em agroecologia;
- 29 editais de apoio à produção agroecológica e Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (ATERS);
- 38.340 famílias atendidas com ATERS em agroecologia;
- 347 projetos de pesquisa e extensão em agricultura de base ecológica;
- 110 publicações técnicas e de divulgação para fomento da agroecologia;
- 8 Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) revitalizados e mantidos;
- 96 eventos de trocas de sementes crioulas e mudas;
- 132 feiras e eventos para a promoção e comercialização de alimentos orgânicos;
- 3.676 amostras de alimentos e água monitoradas quanto à presença de agrotóxicos. 

Fonte: Emater - RS

Argentina deve superar Brasil no processamento de oleaginosas

Ainda durante a safra 2015/2016, a Argentina deve converter-se no terceiro maior processador de sementes de oleaginosas, atrás apenas de Estados Unidos e China ultrapassando o Brasil e a União Europeia, segundo estimativas da consultoria Oil World. A produção total do país vizinho deve ser 47,6 milhões de toneladas. Os seis maiores processadores, incluindo a Índia, participam com 73% do volume total de 438 milhões de toneladas moídas no mundo atualmente.

De acordo com Júlio Calzada, chefe dos economista da Bolsa de Comercio de Rosario, o número não é por acaso. "De todas as oleaginosas processadas no mundo, 63% é soja, e seguem a canola e girassol. Por isso, com um processamento de 44,5 milhões de toneladas, a Argentina poderia passar do quarto para o terceiro posto", explicou Calzada.

Na safra 2012/2013, há cerca de quatro anos, a Argentina estava atrás da China, União Europeia, Estados Unidos e Brasil, ocupando o quinto lugar no processamento de oleaginosas. "Confirmando-se as previsões da Oil World, o país vai moer cerca de 46,7 milhões de toneladas de sementes oleaginosas, superando o Brasil e a União Europeia que ficariam, respectivamente, com 47 e 43 milhões de toneladas,” resume Calzada.

Modernização agrícola é essencial para aumento da produtividade, diz especialista

É evidente hoje em dia que a mecanização contribui consideravelmente para a produtividade no campo em comparação com as técnicas convencionais. Esse fato foi observado em 2015 em um estudo divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA). De acordo com o levantamento, a produção de café ano passado foi 26% maior nas regiões onde a atividade é mecanizada em comparação com as áreas onde o trabalho manual é dominante.

O estudo coletou informações sobre custos em 12 municípios de seis estados produtores de variedades de café. Os resultados apontaram que o prejuízo nas atividades foi registrado na maioria das regiões analisadas, em exceção ao município de Luís Eduardo Magalhães (BA), no qual a mecanização foi implementada – e onde o faturamento foi maior do que os gastos com a atividade.

“Dessa maneira, fica claro que a constante modernização tecnológica no setor agrícola desponta como fator-chave para promover o progresso das atividades realizadas no campo. Principalmente no Brasil, um dos maiores representantes da agricultura no mundo, é possível constatar que o avanço das operações com tratores agrícolas assumiu um papel crucial para extrair ao máximo o potencial das terras”, afirma Flavio Bajon Filho, da Controlflex, empresa fabricante de cabos de comando para máquinas do setor agrícola.

As inovações aplicadas às máquinas agrícolas para atividades de preparo de solo, semeadura e transporte contribuem para os ganhos em produtividade e para a expansão do mercado. A modernização, no final das contas, baseia-se justamente em aperfeiçoar a utilização adequada de equipamentos e máquinas agrícolas, visando a otimização e eficiência do rendimento no trabalho – com a racionalização dos custos e em conformidade com a preservação dos recursos naturais e meio ambiente.

Embora muitas das condições no campo tenham melhorado, ainda há, em muitas regiões do Brasil, uma frota antiga de máquinas agrícolas – que possui no país uma média de renovação de nove anos -, bem como de condições inadequadas para os operadores dessas máquinas. Em muitas empresas atuantes no setor, simplesmente não há uma engenharia responsável pelo planejamento, execução e desenvolvimento dos trabalhos agrários. “Existe uma necessidade enorme para realizar investimentos nas operações agrícolas, por meio de aquisições de máquinas modernas; equipamentos e peças de qualidade, como cabos de acionamento mecânico que garantem a operação adequada da máquina agrícola; além de novos estudos para o preparo do solo, plantio, cultivo, na colheita, no transporte e manuseio de produtos”, completa Bajon.

A Controlflex produz cabos e sistemas de acionamento mecânico desenvolvidos para as principais montadoras do segmento agrícola, como Valtra, John Deere e Jacto. A empresa contribui com a modernização do setor com investimentos constantes em novas tecnologias e produção qualificada, que atende às necessidades dos fabricantes do setor.

Importação de fertilizantes cresce 56% em fevereiro

O volume de fertilizantes importado pelo Brasil cresceu 56% em relação ao mês anterior, e 10% em relação a fevereiro de 2015. Em fevereiro, 1,3 milhão de toneladas foram descarregadas nos portos brasileiros e no mês de janeiro foram importadas 810 mil toneladas.

Os insumos intermediários nitrogenados cresceram 7%, os fosfatados 97% e os potássicos 161%.

O principal porto de entrada em janeiro foi o Porto de Paranaguá com 40% das importações de fertilizantes, seguido pelo Porto de São Francisco do Sul, com 18% do volume e pelo Porto de Rio Grande com 14%.

Fonte: GlobalFert