A Mbac, listada na bolsa de Toronto, no Canadá, e com exploração de fertilizantes no Brasil, busca parceiros para "estabilizar" seu primeiro projeto de produção de fertilizantes à base de fosfatos no país e viabilizar um outro, estimado previamente para começar a operar em 2018.
O projeto Itafós, no Estado de Tocantins, para produção de superfosfato simples (SSP) começou a produzir efetivamente no começo do ano passado. A operação tem capacidade para 500 mil toneladas de SSP por ano, mas em 2014 produziu menos de 100 mil toneladas, segundo Cristiano Melcher, presidente e CEO da Mbac. Já o projeto Santana, considerado a "joia da coroa" do portfólio da companhia por apresentar alto teor de fósforo na reserva (13%), localizada no sul do Pará, quase divisa com Mato Grosso, deverá produzir em sua primeira fase 500 mil toneladas de superfosfato simples. Mato Grosso é o maior Estado consumidor de fertilizantes no país.
Em uma segunda fase, o projeto no sul do Pará deve produzir adubos com alta concentração de fósforo, o MAP (fosfato monoamônico), o TSP (superfosfato triplo) e um outro tipo voltado à nutrição animal, afirma Melcher. "O objetivo agora é estabilizar Itafós para a comprovação do mérito econômico e partir para o [projeto] Santana". Inicialmente, Santana demandará entre US$ 450 milhões e US$ 500 milhões, segundo o executivo. A estimativa preliminar é iniciar o projeto Santana em 2018. Melcher, que participou ontem do "Fertilizer LatinoAmericano 2015", evento organizado pela consultoria britânica CRU, em São Paulo, lembrou que para tornar a produção nacional mais competitiva o setor demanda a reintrodução de tarifas de importação de fertilizantes com base em fosfatos e nitrogênio.
Em 2006, com um acordo entre Brasil e Mercosul, nove fertilizantes foram colocados na lista de exceção da Tarifa Externa Comum (TEC) e ficaram sem a cobrança de tarifa. As importações, segundo ele, representam 80% do consumo doméstico de fertilizantes no país. O setor também defende que a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no comércio de adubos entre os Estados seja reduzida e unificada. Conforme Melcher, a cobrança diferenciada dos Estados gera distorções no segmento, já que algumas misturadoras de adubos estão distantes dos locais onde os produtos são comercializados.
"A ideia é ter uma tarifa básica e única em todas as transações, tanto para o importado quanto para as [operações] interestaduais", diz. Como a produção nacional de fertilizantes não cresce, empresas estrangeiras do setor estão de olho no mercado brasileiro. É o caso da americana CF Industries, a maior produtora de nitrogênio para fertilizantes na América do Norte e a segunda do mundo, que tem planos de aumentar suas exportações para o Brasil, de acordo com Bert Frost, vicepresidente sênior de vendas, distribuição e desenvolvimento de mercado da CF, que também participou do evento setorial.Ele não informou qual é o volume de produtos vendidos ao Brasil, mas disse que a quantidade é pequena e que a companhia americana quer crescer no país. Hoje, os produtos da CF são vendidos ao Brasil por meio da Keytrade, uma joint venture de importadores na qual a CF tem 50% de participação.
A Keytrade vende para o Brasil cerca de 1 milhão de toneladas de vários tipos de adubos, segundo ele. O executivo disse que há interesse da companhia em desenvolver o mercado brasileiro para um tipo de fertilizante nitrogenado líquido, que pode ser muito demandado pelo setor de canadeaçúcar e que nos EUA é usado principalmente nas culturas do milho e trigo. Em 2013, as vendas de nitrogênio e derivados da CF totalizaram 13 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 4,7 bilhões. Atualmente, cerca de 95% da produção da empresa é direcionada aos EUA e Canadá.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário