quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Empresa italiana investirá em polo de frutas de Pernambuco


A companhia italiana Food & Innovative Technologies (FIT), de tecnologia para o setor hortifrúti, vai instalar este ano uma fábrica em Petrolina (PE), no Vale do São Francisco. A empresa, que faturou € 1 bilhão em 2014, pretende investir R$ 60 milhões na unidade, onde fabricará um equipamento que elimina micro-organismos que aceleram o apodrecimento de frutas e verduras.

Chamada de micro-ondas a frio, a tecnologia é exclusiva da empresa italiana e inédita no Brasil. Nos últimos cinco meses, o equipamento já vem sendo apresentado aos produtores locais por representantes comerciais. No entanto, a previsão é que a fábrica no país comece a funcionar apenas no segundo semestre. A terraplenagem começa após o Carnaval e em, seguida, a fábrica desembarcará, pré-montada, no porto de Suape.

Atual diretor comercial do grupo italiano, Nicola Gallone comandará as operações da empresa no Brasil. Segundo o executivo, a decisão de instalação da fábrica no município de Petrolina, no sertão pernambucano, foi motivada pelo elevado interesse dos produtores de frutas da região e do poder público municipal e estadual no empreendimento.

A unidade em Petrolina será a primeira da FIT fora da Itália. Originalmente, a empresa tinha plano de levar a fábrica para o Chile. As negociações para que a FIT mudasse sua rota em direção ao Brasil duraram dois anos e meio. "A empresa foi atraída pela robusta produção de frutas na região do Vale do São Francisco e também pelos incentivos fiscais da região", explica Erbert Casanova, sócio da Confiance Gestão Contábil & Negócios, que intermediou o negócio.

A região do Vale do São Francisco produz anualmente cerca de um milhão de toneladas de frutas. A Valexport, que representa produtores da região, estima um incremento de 10% na produção deste ano. Atualmente, cerca de 16% das uvas de mesa e 18% das mangas produzidas no local, que engloba municípios de Bahia e Pernambuco, são destinados à exportação.

Segundo Erbert Casanova, a operação da fábrica em Petrolina terá desconto de 85% de ICMS e de 75% no imposto de renda. Cerca de 90% dos R$ 60 milhões que serão investidos virão de recursos próprios da FIT. Os 10% restantes ficarão a cargo de um investidor local, que terá financiamento do BNDES.

Responsável pela apresentação dos produtos no mercado brasileiro, Edgard Rilho diz que a tecnologia italiana é capaz de prolongar a vida útil de frutas e verduras em até dois meses e substituiu produtos químicos amplamente usados no Brasil para este fim. Além de ser ecologicamente correto, segundo o executivo, o micro-ondas a frio promete preservação de 100% das propriedades de cheiro, cor e sabor dos alimentos.

Para empresários que exportam, como é do caso dos produtores do Vale do São Francisco, haveria a possibilidade de se trabalhar com estoques, reduzindo custos logísticos em até 20%.

Valdemir Dollazen, supervisor de produção da Agrícola Fraiburgo (SC), produtora de maçãs, diz que foi apresentado ao micro-ondas a frio no fim do ano passado, mas que ainda está avaliando a eficácia da tecnologia. No momento, a Agrícola Fraiburgo usa a lavagem a cloro e um produto chamado MCP para retardar a maturação da fruta e evitar mofo.

Segundo Dollazen, o setor está sempre de olho em novas tecnologias para prolongar a vida útil das frutas na prateleira e reduzir as perdas entre a colheita e o consumidor final. "Alguns produtores estão testando um sistema de lâmpadas infravermelhas, mas ainda não se tem certeza sobre a eficiência do processo", conta.

Em um primeiro momento, a FIT venderá o micro-ondas a frio apenas para produtores e cooperativas no Brasil e demais países da América do Sul e Central. Enquanto a fábrica não fica pronta, a empresa está medindo o apetite dos produtores para definir seu posicionamento de preços. Somente no Chile, estima Casanova, o mercado potencial chega a aproximadamente R$ 800 milhões.

No entanto, para o médio prazo, a empresa também vislumbra a possibilidade de colocar no mercado um equipamento para uso residencial, que custaria entre R$ 200 e R$ 300.



Fonte: Marina Falcão, Valor Econômico

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