A BRS imperial é resultado de pesquisas da Embrapa Cruz das Almas |
Resistente à principal ameaça da cultura do abacaxi, a doença fúngica fusariose, a variedade BRS imperial começa a ser difundida em cidades do interior da Bahia por pesquisadores da Embrapa.
Dez comunidades de agricultores familiares vão receber 60 mil mudas da planta a partir desse mês. A expectativa é que funcionem como multiplicadores entre os produtores locais.
As unidades demonstrativas vão ser instaladas em Ilhéus, Itabuna, Una, Canavieiras e Buerarema. A escolha pela região sul do estado deu-se pelo clima, já que essa variedade de abacaxi se adapta melhor a localidades com chuvas regulares. Mas Cruz das Almas e Sapeaçu, no Recôncavo, também vão ganhar mudas, cujos comportamentos serão monitorados pela equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Esse projeto da empresa pública de pesquisa agropecuária conta com recursos obtidos em setembro do ano passado através de uma emenda parlamentar. O pesquisador Joselito Motta, principal responsável por essa articulação, afirma que está se empenhando para conseguir uma segunda emenda parlamentar para ampliar a divulgação da variedade entre os agricultores baianos.
Uma das metas é levar a Imperial para o oeste baiano, fazendo também dos produtores da região agentes multiplicadores da variedade.
Nova técnica
Resultado de pesquisas da unidade Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, a BRS imperial foi lançada em 2003, mas não se popularizou entre os produtores devido a dificuldade de produzir mudas na quantidade necessária. Para cada hectare de abacaxi são necessárias 40 mil delas.
"O talho do abacaxi tem material genético. Vinte centímetros produz dez mudas", diz o produtor Osvaldo Araujo.
Ele e o sócio Ivanilson Montenegro criaram, há três anos, o primeiro projeto do país de fruticultura orgânica. Fica em Lençóis, a 410 km da capital, e foi implantando através de um convênio com a Embrapa.
Prejuízo
Cerca de 30% da produção de abacaxi é perdida por causa da doença, também conhecida como resinose ou gomose. Causada pelo fungo fusarium guttiforme, torna o fruto impróprio para o consumo e, se não controlada, pode ocasionar perda total da plantação. A fusariose tem nas mudas contaminadas uma das principais vias de contágio.
"Coração de Maria (município na região de Feira de Santana) era o maior produtor de abacaxi da Bahia. O fungo acabou com a produção", lembra Joselito Motta.
Imperial é doce e mais valorizado
abacaxi BRS imperial oferece várias vantagens em relação aos outros tipos da fruta, como a de eliminar o uso de fungicidas para controle da fusariose, ter um sabor doce, mais fibras e um tempo de armazenagem superior em até uma semana ao do seu principal concorrente, o abacaxi pérola, que detém 87% de participação no mercado.
“Ele serve tanto para o mercado interno, de mesa, quanto para a exportação”, ressalta o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, Joselito Motta.
O produtor de frutas orgânicas Osvaldo Araújo destaca ainda a ausência de espinhos nas folhas, o que evita acidentes de trabalho durante a colheita.
O pesquisador em melhoramento genético da unidade Mandioca e Fruticultura, Davi Junghans, ressalta que o cultivo da variedade requer mais cuidados. “É interessante para o litoral e irrigação. É uma planta mais exigente em minerais, não é para quem não investe muito“, diz o pesquisador.
Junghans afirma que a variedade tem chances de se tornar popular no país porque os maiores estados produtores de abacaxi, como Pará e Paraíba, plantam a fruta no litoral ou irrigada.
“O problema é que o Brasil não tem viveiristas”, critica o pesquisador. “A Embrapa está fazendo essa ação, doando para associações de produtores. Do plantio a colheita são dois anos e haverá muita muda para distribuir nessa região”, acrescenta.
A Bahia, hoje, é o sexto maior produtor de abacaxi do Brasil, mas já foi o quarto, caindo duas posições devido à seca. Itaberaba, a 264 km da capital, é responsável por 44% da área plantada, sendo o maior polo produtor.
Fonte: A Tarde.com.br
19/01/2015
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