A expansão do cultivo do cacau para áreas não tradicionais no Brasil deixou de ser uma simples tendência e passou a ser atualmente uma necessidade para o sucesso do agronegócio cacaueiro no país. Esta é a conclusão de estudos realizados pelo Centro de Pesquisa do Cacau (Cepec/Ceplac), e que apontou como viável o modelo de implantação de lavouras que adotam sistema intensivo de cultivo em áreas mais secas ou de transição utilizando padrões de alta tecnologia.
Experimento instalado em área de 1,1 hectare na Fazenda Nova Conquista, município de Nova Redenção, situado a pouco mais de 450 km de Salvador, demonstrou que o conceito de que o cacaueiro necessita de ambiente com elevada temperatura e umidade do ar para produzir bem, condições similares às regiões do trópico úmido, encontra-se superado, explicou o engenheiro agrônomo e pesquisador do Cepec/Ceplac. José Basílio Vieira Leite.
O plantio foi realizado numa região classificada como semi-árido que apresenta temperatura média anual 24,9°C, umidade relativa do ar de 40 %, pluviosidade anual de 579,9 mm mal distribuídos e altitude de 350 m. "Nas condições do experimento pode-se concluir que os cacaueiros originados de estacas enraizadas apresentaram boa adaptação às condições do semi-árido, sob irrigação. Os clones mostraram-se precoces e produtivos", informa o documento "Produção de cacau em regiões semi-áridas no Brasil", assinado por vários pesquisadores..
Os plantios nestas áreas, destaca o pesquisador, podem servir como zonas de escape para as principais doenças do cacaueiro, favorecer a secagem natural, a mecanização e possibilitar a obtenção de alta produtividade pelo cultivo a pleno sol com fertirrigação.
Produtividade
O Brasil possui atualmente cerca de 560 mil hectares cultivados com cacaueiros em diferentes regiões. Nessas áreas são encontrados diferentes sistemas de cultivo. Atualmente existem três principais zonas distintas de produção que ocupam os biomas Amazônia e Mata Atlântica: sul da Bahia (75% da produção brasileira); região amazônica (18,6%); e tabuleiros costeiros do extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo (6,4%).
O Brasil ocupa a 6ª colocação no ranking mundial de produção de amêndoas de cacau (4,8 % do total) e importa entre 20 e 40 mil toneladas de amêndoas/ano para atender sua demanda interna. A região sul da Bahia, principal produtora do país, apresenta produtividade baixa, devido a doenças e pragas, e a densidade de plantas por hectare (de 300 a 700 cacaueiros por hectare).
O estudo "Cultivo intensivo do cacaueiro no Brasil", assinado por José Basílio pelo engenheiro agrônomo e pesquisador George Andrade Sodré (Cepec/Ceplac e Uesc), mostrou que existe tecnologia disponível para produção superior a 3 toneladas de amêndoas por hectare em escala comercial, validando pesquisas realizadas com novos modelos de produção no Brasil.
A comprovação também pode ser verificada nos ensaios feitos pela Ceplac há seis anos na região dos tabuleiros costeiros do extremo sul e em outras regiões não tradicionais de cultivo na Bahia e em outros estados. O manejo intensivo de produção nestas áreas resultou, neste período, resultou em produtividade superior a 3 toneladas / ha.
Fonte: A Tarde.com
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