terça-feira, 22 de novembro de 2016

Agricultura orgânica: Espaço pequeno, receita grande

A olericultura orgânica pode render de R$ 3,5 mil a R$ 20 mil em uma propriedade de 0,5 hectare, com trabalho feito por um casal, no Paraná. Mais do que uma estimativa, os números apontam a experiência do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na zona rural de Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro.

Durante o 1º Dia de Campo Orgânico, organizado pelo Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (Neat) da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp) em Bandeirantes, nos dias 11 e 12, o Emater apresentou balanços de produção que comprovam a rentabilidade dos alimentos orgânicos. A margem bruta chegou a R$ 17,9 mil para uma produção de tomate em 500 metros quadrados (m²), com certificação, em Uraí, mas varia para cada cultura.

O coordenador do Neat, Rogério Macedo, afirma que as principais dificuldades são de adaptação inicial à produção orgânica. "Na transição, o agricultor sente um pouco a necessidade de investimento, de ver a produção reduzir porque é preciso investir na base, no solo, nas barreiras vegetais para proteger de deriva de veneno dos vizinhos, na qualidade da água, mas isso é passageiro", diz. "A partir do momento em que a estrutura está montada para a produção orgânica, o custo não é maior do que na convencional e a produtividade pode ser até superior", completa.

Conforme o balanço de propriedade de Uraí, foram necessários R$ 11 mil para formatação de um ambiente protegido e mais R$ 26,5 mil em investimentos gerais. A produção foi em 500 m² para tomate, em 650 m² para abobrinha italiana e 650 m² para abobrinha bárbara. O custo de produção nas três culturas foi de R$ 12,6 mil, com R$ 37,1 mil de receita bruta e R$ 22,5 mil de margem bruta.

O diretor técnico do Emater, Paulo César Hidalgo, afirma que a entidade, que atua em junto ao Neat, já faz um trabalho que é referência. "Temos um grupo com 45 produtores que coloca os produtos na ponta comercial com facilidade", cita.

A engenheira agrônoma Ernestina Izumi Muraoka, a Tina, do Emater de Cornélio Procópio, é uma das principais técnicas em orgânicos da região e afirma que o maior custo para a produção agroecológica é com mão de obra, e não com insumos, como na convencional. Mesmo assim, ressalta que o instituto busca orientar os agricultores de forma que um casal tenha, no mínimo, R$ 3,5 mil de renda. "A olericultura orgânica praticada nos moldes que preconizamos no Emater tem de dar uma renda que faça com que se sobreviva dessa atividade numa área média de 0,5 hectare."
COMERCIALIZAÇÃO
Ela lembra que a rentabilidade é superior e resulta em menos problemas fitossanitário do que na cultura convencional. No caso de Uraí, o Emater buscou orientar a comercialização e um grupo de 45 produtores fornece produtos, sem dificuldades, para uma rede de supermercados de Curitiba. "Se tiver mix de produtos e volume não vai encontrar dificuldade no fornecimento, mas de fornecedores, porque a demanda é sempre maior", conta Tina.

No exemplo de Uraí, o grupo é informal, cada produtor tem a própria nota fiscal e apenas faz um mutirão para reunir todos os produtos em um mesmo local, para favorecer a logística de transporte. "Começamos com quatro, foi entrando mais gente e hoje estão em 45, sempre respeitando a aptidão de cada um na produção e nas culturas em que se saem melhor", diz Tina.

Para Hidalgo, basta começar e se profissionalizar para perceber que os orgânicos são rentáveis. "A oportunidade está na propriedade do agricultor e R$ 2 mil, R$ 3 mil por mês com hortaliças não é um fantasma, não."

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