Resultados das exportações confirmam que o agronegócio tem condições reais de ajudar no processo de retomada do crescimento econômico. Com aumento de volume e de faturamento, as vendas externas do setor chegaram à casa dos US$ 28 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano e representaram 50,2% das exportações totais do País, conforme cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
O volume exportado aumentou quase 44% em relação ao primeiro quadrimestre de 2015, informa o Cepea, puxado pelos embarques da soja em grão, que se elevaram em 59% e representaram quase 80% do valor das exportações do setor no início deste ano.
O faturamento em dólar das exportações do agronegócio brasileiro cresceu aproximadamente 10% no comparativo dos primeiros quadrimestres e, em Real, aumentou 28%, segundo o Cepea.
Esse desempenho foi obtido mesmo com os preços em dólar de todos os produtos tendo diminuído. Em Real, também houve queda para quase todos os itens acompanhados – as exceções foram algodão em pluma e frutas –, mesmo com o câmbio real do agronegócio calculado pelo Cepea tendo se desvalorizado 6% na média do quadrimestre. No agregado do setor, a atratividade das exportações brasileiras (preços em reais) diminuiu quase 10% no comparativo dos quadrimestres.
Desempenho em 12 meses – No agregado de maio de 2015 a abril de 2016 comparativamente aos 12 meses anteriores, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) aumentou 30,6%. Os preços médios em dólares recebidos pelos exportadores do agronegócio diminuíram 18,6% (IPE-Agro/Cepea), mas a taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) aumentou 22%, o que demonstra a desvalorização da moeda nacional. Essa queda do Real praticamente compensou a diminuição dos preços externos e, como consequência, a atratividade (IAT-Agro/Cepea) se manteve perto da estabilidade, com variação negativa de 0,64%.
Exportações setoriais – O milho foi o produto que teve o maior aumento de volume embarcado, de 138%, no comparativo do primeiro quadrimestre/16 com o de 2015. No mesmo sentido, as vendas de etanol quase dobraram (98%), as de carne suína cresceram 70%, as de soja em grão, 59,5%, os embarques de algodão em pluma se elevaram em 42%, de suco de laranja em 36%, de açúcar e de farelo de soja, em 20% e, para carne bovina, o aumento foi de 19%. Na sequência, aparecem madeira (17,6%), carne de aves (15,5%) e celulose (6,3%). O volume exportado de frutas se manteve praticamente estável, com decréscimo de aproximadamente 1%. Já o café e o óleo de soja apresentaram quedas, respectivamente, de 6,33% e de 16,38%.
Pesquisadores do Cepea avaliam que o crescimento das exportações de milho no início deste ano superou as expectativas dos agentes do setor e informam que os principais destinos, no primeiro quadrimestre de 2016, foram: Japão (15,92%), Irã (13,87%) e Vietnã (12,85%). Nesse período, as vendas externas de etanol também surpreenderam e tiveram como destino relevante, além dos Estados Unidos (44,56%), principal parceiro comercial do setor, a Coreia do Sul (32,17%). Sem surpresa, os principais demandantes da carne suína brasileira foram a Rússia (34%) e Hong Kong (26,54%). Para a soja em grão, 78,94% das exportações brasileiras foram destinadas à China, e os principais destinos do algodão brasileiro foram a Turquia (16,33%), Coreia do Sul (15,64%), Indonésia (13,92%), Paquistão (11,49%) e Vietnã (10,37%), o que reitera a importância dos países asiáticos como parceiros do agronegócio brasileiro.
Em termos de preço (em dólar), as retrações mais acentuadas no comparativo entre quadrimestres ocorreram para carne suína (28,7%), farelo de soja (21,4%), café (19,7%), suco de laranja (18,3%), carnes de aves (15%), açúcar (14,7%), etanol (12%), milho (12%), madeira (11,3%) e soja em grão (10,5%). Outros que também tiveram redução dos preços em dólar nesse período foram: carne bovina (9,3%), celulose (9%), óleo de soja (8,6%), algodão em pluma (5%) e frutas (3%).
Os preços em reais também caíram. Somente frutas (2,98%) e algodão (0,95%) tiveram melhora da atratividade (IAT-Agro/Cepea) nesse início de ano.
Principais parceiros – No primeiro quadrimestre de 2016, a China seguiu na liderança, pagando a exportadores do agronegócio brasileiro 26,3% de tudo que foi recebido pelo setor. Na sequência estiveram países da Zona do Euro (16,7%) e os Estados Unidos (6,4%).
A China adquiriu principalmente produtos do grupo de cereais/leguminosas/oleaginosas (76,4% do total), seguidos pelo grupo de produtos florestais (10%) e bovídeos (6%). Outros países asiáticos que são importantes parceiros do agronegócio brasileiro também tiveram cereais/leguminosas/ oleaginosas como destaque na demanda, como foi o caso do Japão, Coreia do Sul e Vietnã.
Os países da Zona do Euro também concentraram suas compras em produtos do grupo cereais/leguminosas/oleaginosas (29,3%), havendo também importante participação de produtos florestais (19,2%), café e estimulantes (15,2%), frutas (13,5%) e bovídeos (8%). Já para os Estados Unidos, o grupo de produtos florestais foi responsável por 35% dos embarques, seguido por café e estimulantes (16,9%), bovídeos (11%), cana e sacarídeas (10,4%) e frutas (9,5%).
Pesquisadores do Cepea avaliam que as vendas externas do agronegócio devem se manter aquecidas ao longo de 2016, uma vez que muitos contratos já devem ter sido fechados. Contudo, ambiente econômico interno mais previsível nos próximos meses aliado à retomada da confiança devem evitar que o câmbio tenha grandes desvalorizações, o que reduz a atratividade das vendas externas.
No contexto, destacam os pesquisadores, estão ainda os problemas climáticos que ocorreram nos países sul-americanos nesse primeiro quadrimestre de 2016 e já impactaram parte da produção agropecuária esperada para este ano. Com isso, a pressão baixista sobre os preços deve arrefecer, pelo menos no curto prazo, mas a incerteza sobre a oferta de outros importantes exportadores mundiais ainda deve gerar volatilidade aos mercados.
Fonte: Cepea/Esalq
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