Pesquisas comprovam que produzir castanha em cultivos de apenas cinco anos é possível, desde que sejam utilizadas técnicas adequadas. Para propiciar a troca de experiências sobre o plantio de castanhais, a Embrapa e o Ministério do Meio Ambiente do Peru realizam, entre os dias 19 a 21 de abril, curso sobre a propagação vegetativa da castanheira. A produção de mudas por sementes ou enxertia é considerada um dos gargalos para a expansão dos cultivos da amêndoa e a capacitação visa a atender essa demanda de conhecimento.
A castanha-do-pára ou castanha-da-amazônia (como vem sendo denominada, por acorrer no Brasil, Peru e Bolívia), é fonte de emprego e renda para milhares de famílias rurais e outros trabalhadores da região amazônica, envolvidos com a cadeia produtiva. A coleta do produto é realizada, predominantemente, em áreas de ocorrência natural. No entanto, devido à grande procura por esse alimento no mercado consumidor, o cultivo da espécie pode ser uma alternativa para potencializar a produção.
Segundo o engenheiro florestal e pesquisador do Instituto de Investigações da Amazônia Peruana (IIAP), Ronald Corvera Gomringer, um dos instrutores da capacitação, uma das técnicas utilizadas é a enxertia, processo onde uma das partes de uma planta promissora é inserida em outra planta. "As árvores enxertadas começam a produzir em um tempo mais curto do que as de ocorrência natural, entre quatro a cinco anos, e podem integrar os Sistemas Agroflorestais (SAFs). Embora a produção inicial seja baixa, com o tempo aumenta e pode ajudar na renda das famílias. Temos castanheiras enxertadas nos campos experimentais peruanos e agora começamos a trabalhar na área das principais associações de produtores da região de Madre de Dios, na Amazônia peruana ", conta.
Participam do curso analistas, técnicos e pesquisadores da Embrapa Acre, Embrapa Rondônia, Embrapa Agrosilvipastoril e Embrapa Amapá e técnicos do IIAP. A programação inclui visitas a castanhais localizados na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Brasileia (AC), onde acontece também atividades práticas da capacitação.
José Ricardo Duarte, técnico da Embrapa Acre, um das participantes do curso, considera importante a troca de conhecimentos proporcionada pela capacitação. "O IIAP é uma referência em técnicas para propagação de castanheira e com o curso poderemos adotar métodos já utilizadas no Peru, assim como também podemos compartilhar as técnicas desenvolvidas aqui", comenta.
Para Hélio Tonini, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop/Mato Grosso), muitos dos temas abordados serão colocados em prática na condução de pesquisas da Embrapa. "A coleta dos galhos, técnica de conservação e seleção das gemas, os cuidados com as mudas e as técnicas de cultivo são fundamentais para a produtividade das castanheiras".
Pesquisas
Há vários anos a Embrapa realiza estudos voltados para a geração de conhecimentos com foco na cadeia produtiva da castanha-da-amazônia. O TechCast, arranjo implementado a partir de 2014, reúne 23 projetos, sendo nove em execução. O objetivo do arranjo é gerar, adaptar e integrar ferramentas tecnológicas e sociais para promover o fortalecimento da cadeia de valor da castanha-da-amazônia, trabalhando aspectos como conservação, manejo, comunicação e oportunidades de mercado, para melhoria da eficiência produtiva e promoção do desenvolvimento social e econômico na Amazônia. As ações de pesquisa e desenvolvimento são realizadas no Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima.
O IIAP trabalha desde 2000 no Programa de Melhoramento da Castanheira no Peru. O programa conta com mais de 160 matrizes de castanheiras caracterizadas e selecionadas. A troca de experiências entre brasileiros e peruanos conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Priscila Viudes (Mtb 030/MS)
acre.imprensa@embrapa.br
Telefone: ¨(68) 3212-3250
Colaboração: Ana Flávia Soares
Embrapa Acre
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