Situada no pé do Maciço da Pedra Branca, a localidade Rio da Prata, em Campo Grande (zona oeste da cidade do Rio de Janeiro) recebeu, na última semana, uma atividade prática de poda de caqui, que é a retirada cuidadosa de partes inúteis ou dispensáveis do caquizeiro. O objetivo foi discutir melhorias na arquitetura das plantas visando ao aumento da produtividade, da qualidade dos frutos e também da segurança para os agricultores durante o período de colheita.
Promovido pela Emater-Rio, empresa vinculada à secretaria estadual de Agricultura, o encontro reuniu produtores convencionais e orgânicos residentes no entorno do Parque Estadual da Pedra Branca, além de técnicos da Prefeitura do Rio e de guardas-parques do Inea (Instituto Estadual do Ambiente). Trabalhada pelo Programa Rio Rural na capital fluminense, Rio da Prata é a maior área produtora de caqui no município, concentrando sua produção na variedade rama forte. Além disso, o cultivo da banana é também uma marca do lugar, que possui cerca de 180 agricultores familiares, que escoam a produção no Circuito Carioca de Feiras Orgânicas e em outros canais de venda direta.
Autor de publicações sobre o caqui, o engenheiro agrônomo da Emater-Rio Alexandre Jacintho Teixeira sugeriu como medida preventiva contra a infestação por fungos a utilização de espaçamentos mais largos entre os pés. A distância mínima recomendada é de 6 por 6 metros, o que favorece a penetração do sol e o arejamento, reduzindo a possibilidade de doenças.
- Quantos mais próximos, a tendência é que os pés fiquem cada vez mais altos, dificultando significativamente a colheita. Uma opção vantajosa é eliminação total ou parcial de algumas fileiras de caquizeiros - analisou.
Para proteger a planta e ajudar no controle de pragas e doenças, é recomendável fazer, após a poda, dois procedimentos de pulverização utilizando defensivos agrícolas alternativos: o primeiro, com a calda bordalesa (à base de cobre); e o segundo, após 30 dias, com a calda sulfocálcica (cujo ingrediente principal é o enxofre em pó). O agrônomo destacou ainda que a poda deve ser sempre associada a um eficiente controle fitossanitário e à análise permanente da fertilidade do solo. Segundo Alexandre, a qualidade dos frutos está relacionada diretamente ao manejo.
- Existem práticas sustentáveis que visam o aumento de produtividade na lavoura como, por exemplo, o amendoim forrageiro, que é mais resistente do que outras plantas de cobertura - lembrou.
O agricultor Alexandre da Silva Santos cultiva banana no Quilombo Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande, área vizinha ao Rio da Prata e que também produz caqui. Para ele, informações técnicas são sempre importantes para valorizar a produção local.
- Nem todas as pessoas têm o hábito de fazer poda. Como as árvores acabam crescendo sem controle, muitos passaram a ter dificuldade na colheita do caqui, inclusive tendo perdas significativas. Acho que vai ser muito útil para Rio da Prata e também para a minha comunidade, já que vou compartilhar esse conhecimento - explicou.
Já Márcio Moraes Mendes, engenheiro agrônomo do escritório da Emater-Rio em Campo Grande, destaca que a demonstração do método da poda foi uma demanda dos próprios agricultores.
- Historicamente, o caqui e a banana sempre possuíram um importante papel socioeconômico nessa região. Preocupados em aumentar a segurança da colheita do caqui, os agricultores procuraram a Emater-Rio para discutir soluções. Sem dúvida, a poda vai favorecer o cotidiano do produtor - defendeu.
No final de outubro, está prevista uma prática de poda verde, também na microbacia Rio da Prata.
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