É em um sítio meio escondido, situado em um trecho da rodovia PA-252, que dá acesso a Abatetetuba, município do nordeste do Pará localizado a 53 quilômetros de Belém, que Ray Cardoso, cabeleireiro de profissão e ambientalista por vocação, mostra seus bens mais preciosos: quatro hectares onde coleciona 160 espécies plantadas ali. E cada uma das árvores tem um significado ainda maior: o de manter viva e preservada a biodiversidade da Amazônia.
"Porque a gente recebeu esse planeta pronto e nós mesmos destruímos. Então, se plantamos uma árvore, plantamos uma vida", leciona.
Cada uma das espécies cultivadas carrega uma história que ele faz questão de contar
"Foi a primeira árvore que ganhei do meu pai. Então eu fiquei entusiasmado quando vi a cor que ela tem, parece uma roupa de veludo né?".
Uma outra espécie, chamada Dão, parece uma roseira, cheia de espinhos, e foi uma das mais difíceis de conseguir trazer para o local. "Ela só tem em Roraima, Rondônia. Então, para conseguir um exemplar foi com muita dificuldade. Eu pedi para uma pessoa que viajou para lá e, com todo respeito que tem pela natureza, foi lá e trouxe: 'Olha aqui teu presente'", revela.
Uma curiosidade é que todas as árvores do sítio são frutíferas, e a maioria delas já é conhecida, mas algumas outras, como o cupuí, mereciam uma prova.
"É primo, irmão do cupuaçu. Posso quebrar?", oferece ele enquanto rompe a grossa casca com a polpa clara.
No local há frutas que nascem até em lugares inusitados, no tronco, como é o caso da apiranga. E tem árvore que veio de tão longe que Seu Ray só conseguiu com doação mesmo, como é o caso do zilo, que veio da África.
Segundo a Embrapa, existem 500 espécies de frutas tropicais no Brasil: 220 delas só na Amazônia. E Ray Cardoso tem o privilégio de ter no quintal de quintal de casa mais de 70% do que é encontrado em toda a floresta.
"Esse trabalho que ele faz é muito importante devido à função educativa para estudantes, para a população, para a comunidade.. e faz com que se valorize a nossa biodiversidade. Infelizmente este papel está desaparecendo", afirma Urano Carvalho, pesquisador do órgão.
A atitude do ambientalista chamou também a atenção de gente que diz que só tem a agradecer.
"Este ano nós festejamos 45 anos de trabalho, eu gostaria muito de deixar um marco que fosse permanecer", declarou a irmã Antonieta Negreto, membro de uma entidade filantrópica.
E ainda despertou o olhar de gente famosa, que quis contribuir, como o cantor Nilson Chaves, a atriz Dira Paes e também o músico e compositor Salomão Habib, que dedicou uma das músicas a elas, as plantas.
Fonte: G1
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