As exportações do Brasil em contêineres atingiram um recorde no segundo trimestre deste ano, com alta de 8,6 por cento ante o mesmo período de 2015, mostrou nesta terça-feira um relatório setorial da empresa de logística Maersk Line, embora um avanço ainda maior nos embarques enfrente limites pelo número de navios que circulam nos portos brasileiros.
O país embarcou 650 mil TEUs (unidade de medida de volume, equivalente a um contêiner padrão de 20 pés) entre abril e junho, estimou a empresa. A Maersk Line é a maior empresa do mundo no transporte marítimo de contêineres e começou a analisar o mercado brasileiro com relatórios periódicos em 2012.
"A exportação está crescendo porque a queda (recente) do câmbio foi marginal", destacou diretor de Trade e Marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, João Momesso, lembrando que o país mantém há meses uma boa competitividade no exterior fomentada pelo real desvalorizado.
"Até por conta da crise (no mercado brasileiro), algumas das commodities que viriam para o mercado interno, as empresas tiveram que mirar o mercado exterior", complementou o executivo, citando o caso dos produtos plásticos, que registraram os melhores ganhos entre os produtos não refrigerados, com alta de aproximadamente 35 por cento no trimestre.
A Maersk Line destacou que as exportações de madeira em contêineres subiram 24 por cento no segundo trimestre. Já no algodão, o crescimento foi de 4,1 por cento, mas o ritmo de expansão deve ser retomado conforme a mais recente colheita comece a chegar aos portos nacionais. "No mês passado, o açúcar também teve 'boom' muito forte, sazonal da safra. O açúcar brasileiro foi bastante demandado", disse o executivo. Os embarques do adoçante em contêineres cresceram 30,2 por cento.
O relatório apontou também crescimento dos embarques de carne bovina, que subiram 12 por cento no segundo trimestre, assim como de peixe (+29 por cento) e de frango (+7,5 por cento) Apesar do bom resultado nos últimos meses, a Marsk Line vê estabilidade das exportações do Brasil em contêineres até o fim do ano, devido a gargalos no sistema logístico.
Desde o ano passado, armadores têm reduzido o número de navios que atracam nos portos brasileiros, devido a uma menor demanda por importações, em meio à alta do câmbio e à crise econômica do país. Essa queda no número de contêineres disponíveis e de rotas operando afeta diretamente a capacidade de embarques.
"O país tem potencial para exportar mais para a Ásia, por exemplo, mas por conta da importação estar ainda fraca existe uma limitação de capacidade", disse Momesso. Segundo ele, a situação deve começar a ser revertida apenas em 2017. A entrada de contêineres trazendo produtos importados para o Brasil deu sinais de recuperação no segundo trimestre, após ter atingido no primeiro trimestre o menor volume em sete anos, destacou o relatório da Maersk Line.
"Há uma estabilização na economia brasileira. No trimestre passado, vimos o fundo do poço e agora já temos sinais de recuperação", disse o diretor-superintendente da empresa para a Costa Leste da América do Sul, Antonio Dominguez. Após ter recuado 31 por cento em cada um dos três primeiros meses do ano, na comparação anual, as importações de contêineres reduziam o ritmo de queda para 13 por cento em junho, disse a empresa.
Em entrevista à Reuters, os executivos alertaram que empresas importadoras podem enfrentar dificuldades nas compras de produtos para o Natal, cujos pedidos costumam ocorrer de forma concentrada. "Com essa redução de capacidade (de rotas de navios), há uma chance de ter um gargalo grande se as empresas não anteciparem as importações", disse Momesso.
Fonte: Reuters
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