Nas últimas décadas passamos por uma revolução tecnológica no campo. Hoje, são muitas as tecnologias disponíveis ao produtor para poder exercer seu trabalho com maior agilidade, eficiência e precisão.
Uma das tecnologias mais difundidas, graças a disponibilização do sinal de GPS aos consumidores (década de 90), é o piloto automático, que tem contribuído para o ganho operacional e precisão nas atividades de campo, como pulverizações, colheitas e plantios. A precisão do sinal também tem evoluído, graças as opções de correção disponíveis (exemplo, DGPS – Sinal Diferencial e RTK – Real Time Kinematic), alcançando níveis de precisão menores que 5 cm.
Esta precisão contribui em muito na melhoria da operação de semeadura, pincipalmente na maximização da utilização da área e diminuição de “repasse” de linhas (imagem 1). A qualidade de plantio é um tema que está constantemente pauta, visto sua grande influência na produtividade, principalmente na cultura do milho. Vários são os fatores que podem comprometer a distribuição longitudinal de sementes, como velocidade excessiva (Madaloz et al., 2014) e problemas de regulagem na semeadora.
Atualmente, o produtor tem uma linha de produtos e serviços que lhe auxiliam na busca da melhor uniformidade de distribuição, deposição e acomodação da semente no solo. Vamos discutir alguns destes:
Sensores de linha
Já presentes no mercado há mais tempo, a utilização de sensores por linha da semeadora tem auxiliado muito na correção de falhas de plantio decorrentes do “embuchamento” da linha ou falta de sementes. Uma nova geração de sensores de linha é capaz de isolar o efeito causado por poeira (como grafite, por exemplo) no tubo condutor, evitando leituras errôneas. Estes sensores, associados a monitores, possibilitam a geração de mapas de plantio em tempo real, informando o percentual de distribuições uniformes, falhas e duplas, taxa de semeadura real, área plantada, entre outras.
Sistemas distribuidores de sementes
No Brasil, o sistema mais utilizado ainda é o mecânico de discos de plantio. Este sistema sofreu uma série de melhorias, que possibilitaram um ganho considerável na qualidade de distribuição de sementes. No entanto, foi com os sistemas pneumáticos (imagem 2) que avançamos muito na uniformidade de distribuição de sementes. Uma das grandes vantagens destes sistemas é o uso de um único tamanho de disco para a maioria dos tamanhos de sementes da mesma cultura, flexibilizando a operação.
Uma nova geração de distribuidores traz a possibilidade de trabalhar com dois híbridos diferentes ao mesmo tempo. Desta forma, através da prescrição de mapas de plantio pode-se alterar a taxa de sementes e o híbrido a ser semeado. Outro equipamento novo, que pode ser utilizado junto ao distribuidor, é o sistema de condução da semente ao solo através de esteira ou escovas, o que evita possíveis “ricocheteamentos” da semente na parede do tubo condutor, o que pode acarretar em desuniformidades de distribuição das sementes na linha de plantio.
Sistemas de linhas independentes
Um problema frequente na operação de semeadura é o “remonte”, que ocorre principalmente nas cabeceiras e arremates da lavoura. Isto implica em um gasto maior de sementes e problemas de “superpopulação” nestas áreas. Para corrigir, existe a opção de utilizar o controle de seções ou de linhas individuais, trabalho realizado por motores elétricos independentes ou eletro-hidráulicos. O mesmo modelo também pode ser utilizado nos distribuidores de adubo. Outra vantagem deste sistema é a possibilidade de realizar plantios à taxa variável de sementes e adubo perante uma prescrição de mapa de plantio.
Monitores de plantio
Com o avanço dos sensores, sistemas distribuidores de sementes e novos componentes auto-ajustáveis da semeadora, os monitores passaram a ter papel fundamental no controle e regulagem do equipamento. Apesar de ser mais difundido nos EUA, o uso de mapas com prescrição de taxa de semeadura já começam a ser utilizados no Brasil (imagem 3). É necessário ter um estudo mais detalhado da lavoura para poder desenvolver a prescrição das populações de plantas desejadas, conforme o potencial produtivo das diferentes zonas de manejo.
Pressão das linhas
Sistema em grande expansão de uso no exterior, com forte tendência para chegar ao Brasil é a utilização de sistema pneumático independente por linha de plantio em “substituição” às molas de pressão das linhas da semeadora. O objetivo maior deste sistema é a autorregulagem da pressão exercida pelas linhas no solo, conforme a condição do terreno e da cultura.
Preparo do leito de cultivo
Um ponto importante a ser observado é a preparação do chamado leito de cultivo, para a deposição da semente. Não se pode esquecer que apenas possuir um excelente sistema de distribuição não garante um perfeito stand de plantas, uma vez que, além da distribuição horizontal (na linha) há também a distribuição vertical (profundidade), proximidade com adubo e formato do leito de cultivo (“seedbed” – imagem 4) que podem influenciar. A maioria das semeadoras-adubadoras utilizadas no Brasil são compostas de secção de corte da palha, abertura e deposição do adubo; abertura e deposição da semente; fechamento e acomodação do solo junto à semente (imagem 5). Isto torna o processo de semeadura mais complexo que o realizado em outros países, onde a situação de plantio é bem diferente. Os avanços tecnológicos nos distribuidores de sementes foram enormes, mas o primeiro conjunto da semeadora (corte, abertura e deposição de adubo, e preparação do leito) mudou pouco nos últimos anos. O que se tem trabalhado é com a adição de itens à semeadora para melhorar a preparação do leito, exemplo disto é o disco preparador do leito de cultivo.
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