No mês de junho, a Embrapa Uva e Vinho reuniu produtores e técnicos parceiros na manutenção e condução das suas unidades demonstrativas relacionadas à viticultura localizadas nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O evento, idealizado e organizado pela equipe da Transferência de Tecnologia, foi realizado de forma pioneira no centro de pesquisa e trouxe mais de trinta participantes que durante os dias 8 e 9 participaram de palestras, visitas técnicas e discussões.
Segundo Rodrigo Monteiro, engenheiro agrônomo da Embrapa Uva e Vinho e um dos idealizadores da atividade, o encontro presencial tinha como principal objetivo que todos se conhecessem pessoalmente e ampliassem a interação entre si. "As unidades demonstrativas são uma importante estratégia para que o conhecimento sobre as melhores práticas na viticultura cheguem aos técnicos e produtores. Elas também ajudam a identificar demandas e facilitar o seu atendimento, a partir das soluções tecnológicas mais avançadas. Eles também ajudam a ampliar a capilaridade e a divulgação das melhores práticas", avaliou.
De maneira geral, essas unidades são vinhedos implantados em propriedades rurais particulares ou em instituições de ensino, e que têm como principal finalidade servir de local para que o público interessado, geralmente produtores rurais e técnicos, tenha contato com as tecnologias e técnicas desenvolvidas e preconizadas pela Embrapa: um lugar onde há uma intensa troca de informações e conhecimentos, levando ao aprimoramento da vitivinicultura praticada nas diferentes regiões.
No encontro, estiveram presentes produtores e técnicos de ATER, de cada uma das 14 unidades demonstrativas relacionadas à viticultura que são mantidas pela Embrapa Uva e Vinho nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "A atuação da Embrapa começa com a avaliação da demanda, depois acontece a escolha da área e das cultivares e a orientação técnica para o manejo dos vinhedos", complementa Monteiro.
As áreas funcionam como uma base avançada da Embrapa nas diferentes regiões, onde são realizados dias de campo para repasse de técnicas de manejo, por exemplo e tornam-se referência em boas práticas, como comentou Débora Schallemberger, engenheira agrônoma da cidade de Tuparendi (RS) e uma das participantes do Encontro. "A região de Tuparendi foi colonizada por imigrantes italianos, o que ajudou no estabelecimento da cultura da videira. Com a instalação da unidade demonstrativa há quatro anos, novas tecnologias estão chegando. O contato frequente com a equipe da Embrapa traz novidades para o viticultor em cuja propriedade a unidade está instalada, mas também para os outros produtores que vão lá buscar informações", pontuou.
Segundo Monteiro, para que cada um desses vinhedos espalhados pelo RS e SC pudesse ser implantado, importantes parcerias foram necessárias, entre atores locais – agricultores inovadores, extensão rural, poder público e representantes municipais, e a própria Embrapa. Essa proximidade fez com que essas Unidades demonstrativas saíssem do papel e chegassem à realidade. Um trabalho que vem sendo construído há mais de cinco anos e que tem apresentado bons frutos. "Para o sucesso de cada uma das unidades, um passo fundamental é não uniformizá-las, pois cada região tem suas particularidades e potencialidades, exigindo uma abordagem e um foco para a transferência de tecnologia. Além das diferenças entre as vocações produtivas, também é essencial respeitar aquelas de cunho cultural e social", avaliou.
Tendo como objetivo principal reunir os parceiros das diferentes UDs, o I Encontro criou um espaço para que cada participante apresentasse a realidade de seu município e da própria UD, abordando questões não somente técnicas, mas também de histórico e envolvimento da família produtora, através dos quais os participantes puderam conhecer a heterogeneidade do trabalho desenvolvido nas diferentes regiões.
"Foi muito importante essa reunião. Eu vou implantar uma unidade demonstrativa e depois desse encontro já vou poder evitar alguns erros citados aqui. Estou levando o conhecimento nesta parceria além do Rio Grande do Sul. É muito importante este respaldo técnico que está sendo dado para o produtor, com certeza ele fará a diferença no desenvolvimento da região", avaliou Cleber Piasentini, produtor de Silveira Martins (RS).
Na avaliação do chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann, discutir em grupos regionalizados os potenciais produtivos e as dificuldades da vitivinicultura, bem como o que esperam de apoio das Instituições envolvidas, construiu um rol de informações que irá subsidiar a continuidade das ações de TT nesse formato."Além da troca entre os participantes, o evento servirá para planejarmos e executarmos nossas próximas ações. Temos a expectativa também que o próximo encontro permita o encontro com parceiros responsáveis por Unidades Demonstrativas dos demais estados", informou Hoffmann.
Foi consenso entre os participantes e os organizadores a relevância do encontro. A proposta é que o encontro seja realizado anualmente, em formato itinerante entre as regiões envolvidas, o que na visão dos envolvidos enriquecerá as trocas de experiência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário