Bactérias, fungos e vírus são alguns dos microrganismos estudados por cientistas na área da agroenergia, principalmente, para a produção de etanol lignocelulósico. "Nós temos a levedura, que é exatamente a mesma que se utiliza para fazer o pão, para fazer a fermentação alcoólica e converter o açúcar da cana-de-açúcar em etanol", explicou a pesquisadora da Embrapa Agroenergia Betania Quirino, em entrevista concedida ao programa de TV Conexão Ciência.
Segundo Betania, durante o processo de produção do etanol lignocelulósico, ou de segunda geração, são necessárias enzimas que têm custo bastante elevado. Como as enzimas são produzidas por microrganismos, os cientistas têm focado em obter espécies capazes de produzir enzimas mais eficientes e por um custo menor. "É um processo complexo e por isso mais caro. Por isso estamos buscando enzimas mais eficientes e ao mesmo tempo mais baratas para que do ponto de vista econômico esse processo fique ainda mais atraente", afirmou.
Para encontrar essas substâncias, os pesquisadores buscam aqueles ambientes mais propícios para encontrar as enzimas de interesse. "No caso de uma lípase, por exemplo, vamos direto naquele ambiente onde tem microrganismos capazes de produzir essa enzima. Temos também o caso da celulase, enzima que serve para degradar a celulose, que é encontrada no rúmen de um caprino."
E a pesquisa vai além. É possível ainda, de acordo com a pesquisadora, fazer um banco de germoplasma de microrganismos extraídos desses ambientes. "Nós fazemos uma coleção desse material e bioensaios para tentar ter uma ideia do potencial desses microrganismos no que diz respeito ao que se está buscando. Então geralmente nossas pesquisas começam assim de maneira bem básica, tentado caracterizar o que temos para depois poder explorar", ressaltou.
Outro ponto abordado na entrevista foram técnicas avançadas para identificar os microrganismos como a metagenômica, que permite a identificação sem o isolamento desses seres. "Toda biologia clássica é baseada em técnicas de cultivo, ma o que conseguimos replicar no laboratório é uma fração mínima do que é cultivado no ambiente, ou seja, apenas 1%. Com a metagenômica é possível pular essa etapa do cultivo e ir direto para análise do DNA, o que permite verificar o potencial do microrganismo sem fazer o cultivo", explicou.
Quanto ao futuro, a cientista acredita ser bastante promissor no que diz respeito às pesquisas com os microrganismos na área da agroenergia, considerando a imensa diversidade que o Brasil apresenta. O que deve ser feito, segundo ela, é explorá-la cada vez mais.
Confira aqui a entrevista na íntegra.
por Juliana Freire (MTb 3053/DF)
Embrapa Agroenergia
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