Reflexos da crise econômica neste ano devem impactar, com maior força, no desempenho do agronegócio em 2016
Os reflexos da crise econômica vivenciada neste ano devem impactar, com maior força, no desempenho do agronegócio em 2016.
O aumento das taxas de juros, a redução do crédito e o aumento do desemprego são fatores que afetarão o setor.
Até agora, a desvalorização do real frente ao dólar fez com que as negociações com o mercado internacional compensassem, em parte, as perdas provocadas por outros eventos, como por exemplo a seca.
O cenário para o agronegócio foi traçado pelo ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, durante o lançamento do "3º Ciclo do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas" (PDGC), promovido pela Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg).
Segundo Rodrigues, o agronegócio continuará sustentando os resultados da economia brasileira em 2015 e, provavelmente, ainda terá um desempenho favorável.
"O setor tem gerado cerca de um terço dos empregos do País e respondendo por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, mas também será afetado pela crise", avalia.
De acordo com o ex-ministro, este ainda será um ano positivo, por uma razão involuntária: a desvalorização do câmbio.
A queda do real frente a moeda norte-americana fez com que as perdas provocadas por outros agentes fossem compensadas com a comercialização dos produtos no exterior.
"Com isso, haverá um faturamento adequado para os produtores, já que nós plantamos a safra com um dólar em torno de R$ 2,70 e colhemos com a moeda variando entre entre R$ 3,10 e R$ 3,20", observa.
Expectativas - Em relação ao próximo ano, as expectativas são pessimistas, já que ele considera que o cenário será mais complicado. "A crise brasileira vai reduzir a oferta de crédito e aumentar a taxa de juros.
Além disso, a alta dos impostos, das taxas de desemprego e inflação em crescimento perturbarão o agronegócio no próximo ano.
Muito provavelmente as margens de lucro dos produtores serão mais estreitas ou, até mesmo, nulas em algumas regiões onde a infraestrutura e a logística são mais precárias", ressalta.
A orientação do ex-ministro para os produtores é que os mesmos fiquem mais atentos aos rumos da economia e planejem bem as ações para evitar prejuízos maiores.
"O momento é complicado e minha ideia, que tento levar a todos os produtores brasileiros, é que eles coloquem a barba de molho.
O cenário atual pede que ele só invista no que for absolutamente necessário, porque vamos atravessar uma marola grande e difícil, inclusive pela economia do País estar em retração, o que acaba interferindo no desempenho interno do agronegócio também".
Cautela - A cautela será fundamental para que o setor continue em ascensão. Segundo Rodrigues, o agronegócio tem sustentado a economia do País e a tendência é que continue em evolução, já que o Brasil tem potencial para ampliar a produção a ponto de atender a crescente demanda mundial por alimentos, sem abertura de novas áreas, e de agregar valor à produção.
"O agronegócio continuará sendo, por muito tempo, a sustentação da economia brasileira, porque aqui poderemos crescer muito na produção agrícola e pecuária.
Porém, vamos enfrentar um momento complicado em 2016, que precisará ser administrado com muito cuidado. Já estamos percebendo a cautela dos produtores.
Um exemplo disso foram os resultados da última Agrishow, que é uma dos principais eventos do setor, onde as vendas atingiram apenas 70% do valor registrado no ano anterior.
O produtor já percebeu que o momento é difícil e que ele precisa tomar decisões com cautela".
Rodrigues ressalta que para enfrentar a crise econômica é preciso que os produtores invistam na gestão das propriedades, em inovação e em meios que promovam a redução dos custos para favorecer a competitividade.
"A gestão adequada é fundamental para que o produtor tenha sucesso nos negócios. Outra ação que é importante para a sobrevivência é a união em cooperativas.
Essas entidades são o braço econômico e um caminho indiscutível, principalmente para o pequeno produtor, que sozinho não consegue se desenvolver".
Fonte: Diário do Comércio
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