quarta-feira, 1 de junho de 2016

Instituições discutem potencialidades da fruticultura acreana

O potencial econômico da produção de maracujá, abacaxi, banana e outras culturas estará em discussão nesta quarta-feira (1° de junho), durante o Workshop Fruticultura no Acre. Agricultores familiares, pesquisadores, técnicos da extensão rural e órgãos financiadores debatem aspectos relacionados ao cultivo de fruteiras, gestão do negócio rural e crédito rural, além de compartilhar experiências exitosas no contexto acreano. As atividades acontecem no auditório do Centro de Educação Permanente (CEDUP) do município de Acrelândia, pela manhã, e em áreas de produção de frutas, à tarde.

O objetivo é mostrar novas oportunidades de negócio e incentivar iniciativas voltadas para a produção de frutas no estado, além de orientar sobre procedimentos para acesso ao crédito rural. O evento é realizado pelo Banco da Amazônia e Embrapa, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Produção Familiar do Acre (Seaprof) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) entre outras instituições governamentais.

De acordo com José Cordeiro, gerente da Agência do Banco da Amazônia de Plácido de Castro, o evento foi idealizado a partir de uma constatação em torno das demandas por financiamento rural em Plácido de Castro e municípios vizinhos. "Observamos que entre os produtores há uma tendência de concentrar o interesse em empreendimentos com a pecuária. Queremos desmistificar o setor produtivo acreano e mostrar que existem outras possibilidades de produção, entre elas a fruticultura. Temos um leque de opções de linhas de crédito e experiências práticas que mostram que é possível investir também no cultivo de frutas e obter bons resultados", afirma.

Na programação do evento estão previstas palestras, rodadas de debate, assinatura de contratos com o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e visitas a propriedades rurais para conhecer resultados de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Acre, com maracujá e abacaxi. De acordo com o pesquisador da Embrapa Acre, Romeu Andrade, responsável pelos estudos, serão apresentados os sistemas de cultivos adotados pelos agricultores, técnicas de manejo adequadas e dados relativos à viabilidade econômica destas culturas no estado.

"Para o maracujazeiro, vamos destacar procedimentos como poda, adubação e polinização manual, práticas essenciais para essa cultura. Já em relação ao abacaxi, a ênfase será na produção de mudas, espaçamento e desempenho da cultura em cultivos adubados e sem adubação. É importante mostrar dados científicos, mas também compartilhar a experiência dos agricultores que podem dizer o quanto a cultura satisfaz em termos econômicos", explica Andrade.

Palestras
Além de aspectos gerais da fruticultura no Acre, as palestras versarão sobre temas como irrigação na propriedade rural, acesso ao crédito rural e viabilidade econômica das culturas do maracujá, abacaxi e banana. Neste aspecto, serão apresentados dados de estudos realizados com agricultores de Acrelândia e Senador Guiomard. "As análises indicam que a fruticultura é uma atividade altamente rentável no Acre, especialmente as culturas que oferecem mais de uma safra por ano. A produção de frutas gera ocupação para os diversos membros da família e tem mercado garantido e, quando praticada com base em recomendações técnicas, o retorno financeiro é bastante satisfatório", explica Claudenor Pinho de Sá, pesquisador da Embrapa.

Outro tema a ser abordado é a gestão da propriedade rural, aspecto importante no contexto produtivo, mas que nem sempre é considerado, geralmente por desconhecimento da sua funcionalidade. A palestra tem como objetivo contextualizar as dificuldades vividas por agricultores familiares do Acre em relação à prática de gerir o negócio rural e apresentar ferramentas simples e de fácil adoção que permitem a realização de registros sistemáticos de todas as despesas e investimentos nas atividades produtivas, bem como das receitas provenientes da comercialização da produção agropecuária.

De acordo com o analista Francisco Silva, a gestão da propriedade funciona, inclusive, para facilitar o acesso ao crédito. "A maioria dos agricultores familiares do acre não têm o hábito de fazer esta prática. É importante dispor de informações que possam subsidiar a avaliação por parte de órgãos financiadores e gerenciar diariamente a atividade permite ao agricultor comprovar se aquilo que ele faz é viável", afirma.

O gerenciamento da propriedade rural considera despesas com depreciação de equipamentos e custos de oportunidade do capital investido, além de despesas operacionais do dia-a-dia que normalmente o produtor não leva em conta como a aquisição de combustível e manutenção da estrutura física da propriedade. "O agricultor precisa dispor de ferramentas mínimas, como o registro manual em planilhas, que levem ao cômputo geral de tudo que desembolsa para viabilizar a sua atividade e que permitam mensurar a renda. Sem tais informações não é possível saber se o negócio rural é rentável", destaca.

Atividade promissora
De acordo com diagnóstico realizado pela Embrapa, o Acre apresenta condições de clima e solo propícias para o cultivo de fruteiras nativas e exóticas, o que indica que a fruticultura pode ser uma atividade promissora para o estado. O maracujá, o abacaxi e a banana estão entre as frutíferas mais cultivadas nas diversas regionais. Entretanto, apesar das potencialidades, a produtividade dos cultivos é baixa, com uma produção concentrada principalmente nos municípios de Acrelândia, Porto Acre, Plácido de Castro, Tarauacá e Rio Branco e insuficiente para atender à demanda interna. Estima-se que 50% da fruta consumida no Acre vêm de outros estados. Para Andrade, o uso de tecnologias, aliado ao desenvolvimento de ações de apoio e fomento à produção pode mudar essa situação.

"Existe um mercado crescente e novas tecnologias vêm sendo disponibilizadas para os agricultores. Recentemente foram recomendadas duas novas variedades de maracujá para o Acre, resistentes a doenças e mais produtivas. As pesquisas com essa cultura têm gerado excelentes resultados, o que tem contribuído para despertar o interesse de muitos produtores, que vêm buscado orientações sobre como plantar e cultivar a fruta. Isto é animador, mas os agricultores precisam se unir para consolidar a cultura", diz o pesquisador.

Em 2015 a Embrapa também recomendou um método para controle da Sigatoka-negra em banana comprida, que vem sendo utilizado por agricultores de diversos municípios acreanos. Além disso, existem variedades de bananas dos tipos prata e maçã resistentes a pragas e doenças, recomendadas pela pesquisa e disponíveis no mercado. A empresa também investe em pesquisas para desenvolver variedades de abacaxi mais adaptadas às condições locais.

As pesquisas com fruticultura no Acre visam à definição de sistemas de produção que permitam produzir de forma escalonada, plantando e colhendo durante todo o ano. "Isto possibilita gerar renda de forma contínua, contribuindo para a permanência das famílias no campo. Já chegamos neste patamar com a banana e estamos buscando esse resultado com as culturas do abacaxi e maracujá", afirma Andrade.

A fruticultura é uma importante fonte de alimento, emprego e renda para as famílias no campo e na cidade. No contexto acreano pode ser uma alternativa para o aproveitamento e recuperação ambiental de áreas desmatadas. Outro fator que favorece a atividade, segundo especialistas, é a localização geográfica estratégica do estado, que faz fronteira com o Peru, Bolívia, Amazonas e Rondônia. Essa situação pode favorecer o escoamento da produção tanto para os países vizinhos como para outros estados brasileiros.

Fonte: Embrapa

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