Pesquisa da Univates evita que produtores utilizem pesticidas (Foto: Tuane Eggers / Univates) |
Os ácaros são seres tão pequenos que, muitas vezes, nossos olhos não são capazes de vê-los. Eles estão em todos os lugares e são, inclusive, causadores de doenças – tanto em espécies animais quanto em vegetais. Mas o que poucos imaginavam é que os próprios ácaros poderiam ser utilizados no controle biológico de plantações de alimentos. É nesse contexto que atua a equipe do Laboratório de Acarologia, coordenada pelo professor doutor Noeli Juarez Ferla, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Univates (PPGBiotec).
Há cerca de dez anos, os pesquisadores envolvidos com o local desenvolvem trabalho conjunto com produtores de morango de municípios dos Vales do Taquari e Caí, bem como os da Serra Gaúcha. Os produtores buscam na Univates aquilo que evita que utilizem pesticidas em suas plantações: ácaros predadores que se alimentam de outros ácaros que estão prejudicando suas plantas.
Conforme explica o professor Ferla, existem dois grupos de ácaros: aqueles que se alimentam de plantas (herbívoros) e aqueles que se alimentam de suas presas (predadores). "Os ácaros predadores são orientados por odores e reconhecem suas presas. Então, os predadores só comem aquilo que reconhecem como presa. No ambiente controlado do laboratório são testadas como essas relações acontecem, para que possam ser aplicadas no ambiente natural", conta.
De acordo com Ferla, trata-se de produção de tecnologia de conhecimento prático. A equipe coleta os ácaros e os leva ao laboratório para observá-los em nível microscópico. Em seguida, os pesquisadores aumentam as populações dos predadores e os devolvem para fazer o controle nas plantações. "A gente faz com que determinados problemas resolvam-se mais rapidamente", ressalta.
Outro fato destacado por Ferla é que o sabor produzido pelas plantas está diretamente ligado à reação a determinados organismos. "O morango produzido pelo controle biológico, por exemplo, tem um sabor mais doce ou natural. É no momento em que a planta se defende de alguns organismos que ela produz o sabor (substâncias secundárias) e, com a utilização de ácaros, podemos controlar a quantidade de organismos que queremos manter. Isso não acontece com o uso de pesticidas, pois eles acabam com todos os seres e, assim, as plantas perdem a possibilidade de produzir seu odor e, por consequência, o seu sabor", comenta.
São fornecidos, atualmente, ácaros predadores que sobram das pesquisas para produtores que possuem desde 200 plantas até 35 mil plantas de morango. Segundo o professor Ferla, outro benefício do controle biológico é a diminuição dos custos de produção, já que não é necessária a compra de pesticidas e outras substâncias químicas.
O processo de controle biológico com ácaros é lento. No primeiro ano, devido ao ambiente estar muito desequilibrado, ou seja, intoxicado, os ácaros herbívoros não diminuem tanto. O resultado é melhor percebido depois de dois ou três anos. "O aparecimento de ácaros praga (herbívoros) em altas populações é um indicador de ausência de qualidade ambiental, sendo assim definidos como indicadores ambientais. O que estamos fazendo é reestabelecer o ambiente e, por isso, os estudos em laboratório precisam entender como estaria o ambiente em situação natural", acrescenta o pesquisador.
Fonte: Univates
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