Agricultores da Capital Gaúcha aproveitaram evento oficial para pressionar autoridades pela aprovação do projeto que reinstitui a zona rural
Confiantes na recuperação das vendas este ano, os fruticultores da zona Sul da Capital deram início ontem à colheita da uva e da ameixa na região. Com a presença de autoridades municipais e de produtores, a cerimônia serviu para apontar as perspectivas para o setor este ano e, principalmente, pressionar para a aprovação do projeto de lei do Executivo municipal que reinstitui a zona rural de Porto Alegre, em tramitação na Câmara de Vereadores.
Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor em 2014, como granizo e inverno ameno, a previsão é de que a safra 2014/2015 seja boa, com a colheita de 300 mil quilos de uva e 500 mil de ameixa. Somando todos os insumos produzidos no cinturão agrícola da cidade - como pêssegos, figos, morangos, uvas, melões, peras, goiabas - a atual safra deve chegar a 4 mil toneladas.
O secretário municipal da Indústria e Comércio, Humberto Goulart, destacou que embora a produção realmente não represente uma parte muito significativa do PIB da Capital, é responsável pelo sustento de muitas famílias que vivem da terra e pelo equilíbrio ambiental da cidade. “Essa região é o pulmão de Porto Alegre, reflete diretamente no ar respirado no Centro. Além disso, as frutas têm características próprias”, defendeu Goulart. O microclima da zona Sul, aliado ao solo e à topografia, contribui para a produção de frutas de qualidade.
O prefeito José Fortunati ressaltou que a zona rural de Porto Alegre tem grande importância econômica e social para o município. A área é a segunda maior em extensão do País (atrás apenas de Palmas, no Tocantins), a primeira em produção e a 23ª maior fornecedora de bens para a Ceasa.
Seu reconhecimento enquanto área rural possibilitará aos agricultores o recebimento de investimentos governamentais e o acesso a linhas de crédito e financiamento. “Nós não abrimos mão desse projeto, por isso eu peço que a recriação da zona rural seja analisada o quanto antes”, salientou Fortunati, alertando para a especulação imobiliária na região.
O presidente da Câmara de Vereadores, Mauro Pinheiro (PT), garantiu que os parlamentares estão trabalhando para que a matéria seja aprovada ainda este ano. “Temos uma audiência pública pela frente, mas tudo indica que antes da metade de 2015 ele vá para votação”, afirmou. A última audiência pública sobre o tema foi realizada no dia 11 de dezembro, quando as manifestações foram a favor da zona rural. Houve muita discussão sobre as regras, o zoneamento e as questões envolvendo ocupações irregulares.
Paralelamente ao início da colheita, ocorreu o lançamento da 24ª Festa da Uva e Ameixa. O evento ocorre a partir deste sábado, junto à praça Nossa Senhora de Belém Velho, próximo à capela Nossa Senhora de Belém. A festa estará aberta aos visitantes em dois fins de semanas, nos dias 10, 11, 17 e 18 de janeiro, das 9h às 20h e é promovida pela Divisão de Fomento Agropecuário da Smic e o Sindicato Rural de Porto Alegre, com apoio da Associação Comunitária Belém Velho (Ascobev), Instituto São Benedito, Amparo Santa Cruz e Emater.
A fim de alavancar ainda mais as vendas diretas, a Smic desenvolve o Produtos de Época, que leva as frutas até a área central da cidade para facilitar o acesso ao consumidor e o escoamento da safra. O agricultor Luciano Bertacco, comemorava a nova praça de vendas no Centro da cidade. “Apenas em um ponto de venda melhor, mais próximo ao consumidor, o produtor vai conseguir se recuperar um pouco das perdas de 2014”, projetou.
A feira está situada na praça Parobé, ao lado do Largo Glênio Peres, no Centro Histórico de Porto Alegre. As barracas com as frutas ficam abertas durante todo o mês de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20hs.
por Roberta Mello
Jornal do Comercio
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08/01/2015
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