quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Embarques de uva do Vale do São Francisco sofrem retração de 11%

O maior polo de fruticultura irrigada do Brasil fechou as exportações do ano em US$ 213 milhões, frente a US$ 220 milhões do ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Vale do São Francisco, entre Pernambuco e Bahia, é responsável por cerca de 98% das exportações de uva e 80% das exportações de manga do país. São 21 mil hectares plantados em áreas de irrigação.

As remessas de manga permaneceram estáveis, com 102 mil toneladas exportadas. O envio de uva, no entanto, foi 35% menor do que em 2013, em quantidade: 28 mil toneladas.Em dólares a queda foi mais suave, graças aos altos preços pagos na União Europeia.

A conta da uva fechou em US$ 93 milhões, 11% menos do que no ano passado.

Para explicar a redução, produtores apontam um redirecionamento do mercado externo para o mercado interno, além de uma quebra significativa na safra deste ano. "Estimamos que tenhamos perdido cerca de 28% da produção da uva, principalmente por fatores climáticos", afirma Edis Matsumoto, membro  da Câmara de Fruticultura do Vale do São Francisco.

O maior empecilho para o desenvolvimento da fruta foi o clima nublado entre o final de 2013 e começo de 2014, período de fertilização dos cachos nestas regiões baianas e pernambucanas. Por outro lado, embora várias localidades do país tenham sofrido forte seca, os vinhedos sertanejos não chegaram a enfrentar falta de água. A irrigação, abastecida pelo Lago de Sobradinho,permaneceu regular o ano todo.


As perdas foram em parte compensadas pelos bons preços da fruta na Europa. "Os preços bateram recorde este ano", comemorou Edis Matsumoto. O Vale não foi a única região a contabilizar quebra de produção. Os produtores de uva de mesa da Grécia, Espanha e Itália, principais concorrentes no Velho Continente, também tiveram problemas com as safras. Logo, houve falta de oferta e alta demanda no mercado europeu. A caixa de 5 kg de uva sem semente, que costuma valer entre ? 13 e 17, teve preço entre ? 18 e 22 - alta de 27,7%.
Desde 2009, a produção de uva do São Francisco tem se voltado menos para o mercado externo e mais para o interno. Se em 2008 cerca de 60% das safras do Sertão do São Francisco eram direcionadas ao exterior, hoje a parcela exportada beira os 30%,segundo a Câmara de Fruticultura do Vale do São Francisco. De 2012 para 2013, o recuo em peso foi de 17,3%.
Tássio Lustoza, da associação de exportadores e produtores Valexport, explica a retração nas exportações como "um redirecionamento de mercado". Segundo ele, o mercado interno se torna mais atrativo quando paga valores semelhantes aos da Europa e Estados Unidos, pois dispensa "exorbitantes custos de fretes, tarifas e certificações" necessários no externo.
Ivan Pinto, presidente do Instituto da Fruta de Juazeiro, acredita que "o Brasil perdeu competitividade", principalmente pelos custos de insumos, mão de obra e tarifas. Além disso, desde o

ano passado, o país não faz mais parte do Sistema Geral de Transferência (SGT), mecanismo da União Europeia que aplaca tributação de produtos agrícolas de países em desenvolvimento. "Hoje o produtor brasileiro tem que pagar o tributo normal, concorrendo com países latinos que pagam menor tributação."
Já Edis Matsumoto, da Câmara de Fruticultura, afirma que a mudança de mercado em 2008 tem a ver
com um momento de crise nos países europeus e de fortalecimento de mercado nacional. "O brasileiro adquiriu o hábito de consumir uva sem semente, além de ter aumentado o poder de consumo", diz ele.

Fonte: ABDI em Pauta

Nenhum comentário:

Postar um comentário