O presidente dos EUA, poderá prestar uma grande ajuda à citricultura brasileira se cumprir mais uma de suas promessas de campanha: rever o Nafta (acordo comercial dos países da América do Norte).
Nos primeiros anos da década de 2000, os mexicanos colocavam, em média, 17 mil toneladas de suco de laranja por ano no mercado dos Estados Unidos.
Na safra 2003/04, esse volume foi de apenas 5.812 toneladas. Nos últimos anos, o volume exportado pelo México já está próximo das 90 mil toneladas.
Essa rápida evolução do crescimento das exportações se deve à inexistência de taxas para o produto entre os países do bloco do Norte.
Já o Brasil, o maior exportador mundial de suco, paga uma taxa de US$ 415 por tonelada de suco exportada para os Estados Unidos.
Essa taxa foi criada pelo governo dos EUA porque o suco brasileiro, com custos menores, chegava ao mercado americano com valores próximos ou até inferiores aos do suco produzido na Flórida.
Uma desestruturação do Nafta fará que o México perca as vantagens nas exportações, abrindo mais espaço para o Brasil, segundo Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Citrus-BR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos).
Netto destaca que a produção interna de suco de laranja caiu 38% nos últimos dez anos nos EUA, recuando para um volume próximo de 420 mil toneladas. Em 1999/00, a produção americana era de 1,1 milhão de toneladas.
Já as importações cresceram 22% no mesmo período. Embora haja uma redução no consumo de suco de laranja nos EUA, uma eventual participação menor do México melhoraria a posição brasileira naquele mercado, segundo Netto.
A participação do Brasil nas importações de suco pelos EUA, que foi de 70% nos anos 1900, está próxima de 65%.
O Brasil perdeu espaço para o México, que se valeu do acordo comercial na América do Norte. Na avaliação de Netto, o Brasil tem deixado de aumentar sua participação devido a essa concorrência mexicana.
Não é fácil a vida dos exportadores brasileiros de suco de laranja. Para fazer o produto chegar aos quatro cantos do mundo, têm de pagar elevadas taxas.
No principal mercado brasileiro, a Europa, essas barreiras tarifárias vão de 12% a 15%. No Japão podem chegar a 25% e, na China, vão de 7% a 30%.
Na Coreia do Sul, onde o suco importado dos EUA, graças a um acordo comercial entre os dois países, não enfrenta barreiras tarifárias, o Brasil paga uma taxa de 54%.
Fonte: Folha de São Paulo
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