quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Instituições se unem para promover alimentação sustentável durante os Jogos Olímpicos

Desenvolver uma visão alimentar saudável e sustentável. Essa é a principal missão da iniciativa Rio Alimentação Sustentável, formada por uma aliança entre organizações da sociedade civil, governo e instituições de pesquisa, como a Embrapa, sob coordenação da Conservação Internacional (CI-Brasil) e WWF-Brasil. Entre outras ações, a Rio Alimentação Sustentável vai promover no mês de agosto duas feiras com produtores da agricultura familiar do Estado do Rio de Janeiro entre os dias 12 e 14 de agosto no Rio de Janeiro. A Embrapa vai expor os seus serviços e produtos, como os alimentos biofortificados, que caíram no gosto de atletas.

Criada em 2013, a iniciativa aproveitou a oportunidade dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos para impulsionar negócios e dar visibilidade a temas relacionados à produção e consumo de alimentos de origem responsável. "O maior ganho vai ser o legado. O mérito da iniciativa é ter conseguido reunir mais de 35 instituições para um olhar conjunto para o sistema agroalimentar. As discussões iniciadas para políticas públicas como vetores da conservação da biodiversidade, da agricultura orgânica e do resgate do conhecimento tradicional representa um enorme avanço. A abordagem educativa com os materiais disponibilizados às escolas e a seleção de produtores rurais certificados em todo o Brasil também contribuem para o alcance da soberania alimentar no Brasil", afirma a pesquisadora Mariella Uzeda, da Embrapa Agrobiologia, integrante da iniciativa.

Oferecer aos atletas e a população alimentos seguros é também um dos focos da iniciativa. "A segurança alimentar não deve ser negligenciada e os Jogos nos darão uma oportunidade de difundir este conceito entre as empresas que servirão alimentação para os atletas e também para a população que participar das feiras coordenadas pela iniciativa. Além disso, poder dar maior visibilidade aos produtos sustentáveis da agricultura e agroindústria de base familiar brasileira será um dos grandes legados destes jogos", afirma a pesquisadora Angela Furtado, da Embrapa Agroindústria de Alimentos.



Parceira do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, a Rio Alimentação Sustentável contribuiu na elaboração da política oficial de aquisição de alimentos das Olimpíadas, a partir de um diagnóstico nacional da oferta de produtos que obedecem a critérios de produção responsáveis. Foram levantados cerca de seis mil fornecedores em atividade no país, organizados por tipo de produtos ofertados, local de produção, certificações que possuem e capacidade de fornecimento. O resultado foi o maior banco de dados de fornecedores sustentáveis do Brasil.

"Alimento saudável e sustentável é aquele que preserva a biodiversidade, evita danos aos recursos naturais, proporciona benefícios sociais, promove a saúde da população e o comércio justo" explica Frederico Machado, especialista em conservação no WWF-Brasil e membro da Secretaria Executiva da Rio Alimentação Sustentável. "Criamos um conceito de visão alimentar que traz uma abordagem inovadora, levando em conta todas as etapas da cadeia produtiva de um dado alimento, desde o plantio, passando pela colheita, armazenagem, processamento, transporte, comercialização, consumo até o descarte dos resíduos", complementa Frederico.

Feiras Rio Alimentação Sustentável

Durante os Jogos Olímpicos, a iniciativa vai promover duas dias feiras na cidade do Rio de Janeiro, trazendo o melhor da agricultura familiar do estado do Rio de Janeiro, além de atrações gastronômicas e musicais e exposição de produtos.

A realização das feiras é uma parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário (SEDES/Prefeitura do Rio de Janeiro) e com o Programa Rio Rural, da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro. O Ministério do Meio Ambiente é também apoiador da iniciativa.

Serviço:

Feiras Rio Alimentação Sustentável
12, 13 e 14 de agosto das 9h às 17h
Locais: Largo do Machado (Flamengo) e Praça do Ó (Barra da Tijuca).
Entrada livre.

Acesse o site Rio Alimentação Sustentável: http://rio-alimentacaosustentavel.org.br

Alimentos biofortificados atraem a atenção de atletas

A biofortificação de alimentos consiste no incremento de nutrientes em alimentos como feijão, batata-doce e milho pelo processo de cruzamento de plantas da mesma espécie. Com a pesquisa e o desenvolvimento liderados pela Embrapa no Brasil, esses alimentos mais nutritivos vem atraindo a atenção de novos consumidores, inclusive de esportistas.

É o caso de Giovana Stephan e Renan Alcântara, primeiro e único casal de dueto misto de nado sincronizado brasileiro. Por conta do rendimento físico, ambos possuem uma grande preocupação com a alimentação, isso explica o otimismo demonstrado com os alimentos biofortificados. "Adorei a batata-doce biofortificada. Ela é muito doce, mais suave, sem falar que cresce de forma rápida, bem verdinha até, fico ansiosa para colher. Por mim já teria experimentado todos os alimentos biofortificados, o atleta precisa sempre investir na sua dieta, na qualidade dos alimentos que ele vai consumir, para obter uma melhora no desempenho, e os biofortificados trazem tudo isso. Suplementos são muito artificiais e caros, além de sobrecarregar o organismo", Giovana Stephan, atleta que durante 10 anos fez parte da seleção brasileira sênior de nado sincronizado, hoje representando o país no dueto misto. Dentre os seus maiores feitos estão a de primeira solista a ir a uma final, fato que ocorreu no Mundial de Roma, em 2009.

Ao lado de Renan e Giovana, no circuito esportivo de apreciadores dos alimentos biofortificados, encontra-se Karina Lins e Silva, ex-atleta de vôlei de praia, que hoje vem cuidando dos preparativos olímpicos no Rio de Janeiro, durante seu trabalho no Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. Formada em Nutrição e Educação física, viveu grandes momentos no esporte como o período formando dupla com a campeã olímpica Sandra Pires, na época ainda com 19 anos, e o primeiro lugar no Campeonato Brasileiro de 94 (Circuito BB) com a jogadora Renata Palmier, indo até a aposentadoria de competições, em 1998. Hoje se concentra entre a administração de sua fazenda, em Teresópolis, e o projeto Set Point, do qual é uma das idealizadoras. Ela acredita que essas cultivares chegam em uma boa hora, visto que muitas pessoas ainda optam pela suplementação. "A suplementação acaba sendo cara e nem sempre eficaz, reflete muitas vezes como um desperdício, chegando até a provocar sobrecarga renal. As pessoas ás vezes não têm necessidade daquela tamanha quantidade de proteína disponível no suplemento. Acaba havendo uma priorização de alimentos em detrimentos de outros. Mais opções naturais como os biofortificados, nos permite conscientizar melhor os jovens com relação à alimentação", conclui.

O trabalho de biofortificação no Brasil é realizado pela Rede BioFORT, cuja líder é a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti. A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. A partir da utilização da técnica de melhoramento genético convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano.

Colaboração: Raphael Santos (Rede BioFORT / HarvestPlus)


Fonte: Aline Bastos (MTB 31.779/RJ) 

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