terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Economia instável deixa produtores preocupados com o futuro

As últimas safras de uva em Marialva, somado ao cenário econômico ruim que o País vive, fez com que houvesse uma diminuição da área voltada à cultura na cidade, devido à queda nos níveis de comercialização e a oferta de produto com qualidade inferior. Esta safra - apesar de não ser a ideal em termos de produtividade – pode significar um novo momento para a cultura e os viticultores da região. Números do Deral apontam que entre 2006 e 2015 a área dedicada a uva caiu 31% no Estado, de 6,2 mil ha para 4,3 mil ha. Em Marialva, a queda é de 1.480 ha para 750 ha (49,3%).

Antônio Perez Martinez trabalha com uva há 26 anos. O viticultor aposta numa área de quatro hectares e contrata quatro famílias que atuam como funcionários. "A uva sempre teve altos e baixos, mas o fato é que estamos vindo de três anos ruins e isso justifica a redução de área para a cultura na região. Estou persistindo na atividade porque tenho toda uma estrutura montada e preciso explorá-la ao máximo. Mas devo dizer que minha área está próxima da cidade e logo posso pensar em lotear. Por enquanto, vou trabalhando com as uvas".

Apesar do histórico recente ruim, neste ano a safra do viticultor deve fechar em 100 toneladas distribuídas nas duas safras. O aumento é de 25% comparado ao ano anterior, quando Antônio fechou com 80 toneladas. As variedades produzidas por ele são diversas, como Rubi, Benitaka, BRS Núbia, BRS Vitória, entre outras. "Tivemos um clima melhor, o que nos ajudou em relação à qualidade da uva. O produto que estamos colhendo nesta safra é bem superior às safras anteriores, com um brix maior, uvas mais doces e bonitas. Não tivemos um volume grande, com grande carga, mas houve evolução".

Outro fator que o produtor considera fundamental para melhorar a qualidade de sua safra foi ter encontrado funcionários com uma maior bagagem na atividade. Ele comenta que em outros anos teve muito dificuldade para achar funcionários, pois os que estavam disponíveis no mercado não eram "tecnificados o suficiente para tocar os parreirais". "A maioria dos funcionários não tinham essa experiência na uva e sem qualificação complicava demais o trabalho. Hoje a situação é mais favorável nesse sentido".

Em relação ao manejo e controle de doenças, Antônio comemora pois este ano houve menos ataque de fungos como o Míldio. "O grande problema é que os defensivos agrícolas estão muito caros. Na uva, precisamos trabalhar de forma preventiva para não deixar a doença agir. São aplicações diárias de controle, além da utilização do adubo foliar. Isso encarece demais os custos de produção".

Diferentemente do viticultor Odiney dos Santos, Antônio relata que não está contente com a comercialização até agora e considera que o valor de R$ 4 pago pelo quilo (podendo variar, claro) é muito baixo para manter a renda aos produtores saudável. "A comercialização ainda está fraca e a crise pegou todo mundo. O valor de R$ 4 o quilo, sinceramente, mal cobre os custos. Agora teremos um fôlego durante as festas de fim de ano, mas para a safrinha do ano que vem, tudo volta a ficar complicado. Todo mundo está quebrado e não tem dinheiro pra nada". (V.L.)


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