“A Helicoverpa armigera nunca desapareceu por completo, e nem poderia, já que está presente em diferentes regiões e cultivos no Brasil e muito bem-adaptada”. A afirmação é da Doutora em entomologia Cecilia Czepak, que foi ouvida com exclusividade pelo Portal Agrolink sobre o ressurgimento de surtos da lagarta nesta safra.
“Afirmamos isso porque em Goiás temos cultivos de tomate em larga escala e por ser este cultivo um hospedeiro preferencial da praga sua presença sempre é observada, principalmente quando o controle não se faz efetivo e, como consequência, nas culturas de verão ela se mostra também presente, mas ‘controlada’”, explica Cecilia, que também é professora titular da Escola de Agronomia UFG/GO.
A especialista conta que manteve monitoramentos de forma contínua em alguns sistemas agrícolas, irrigados e de sequeiro, o que revelou que a praga se disseminou de uma forma surpreendente no Estado. A pesquisa contou com o auxílio da Agrodefesa, Lanagro/Mapa, Emater e Faeg, tendo como suporte financeiro a Fundação de Amparo a Pesquisa em Goiás (Fapeg),
“Assim, posso afirmar que se equivocou quem disse que essa praga não era mais problema para o Brasil, basta lembrar que nas regiões de origem da Helicoverpa armigera ela nunca deixou de incomodar e, portanto, as pesquisas por lá nunca cessaram, ao contrário do Brasil”, salienta.
A Doutora conta que nesses últimos anos recebeu relatos da presença da praga de uma forma mais branda em outros estados, dando entender que a situação também estava “sob controle”: “Algumas áreas agrícolas mais atacadas, outras menos e quando a situação parecia grave o controle químico se fazia presente como a ferramenta usual para Helicoverpa armigera”.
“Talvez tenha sido esse o problema, por mais que tenhamos sido alertados por quem já passou grandes prejuízos – como por exemplo os australianos –, após os surtos de 2013 não levamos tão a sério essa lagarta e a lição ficou esquecida. Mas como essa é uma praga que não se brinca, ela volta de tempos em tempos para nos colocar em alerta. Tomara que esses surtos não se tornem cada vez mais frequentes nos anos que virão, pois isso seria muito ruim para a agricultura brasileira”, conclui.
Foto: Cecilia Czepak
Agrolink
Autor: Leonardo Gottems
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