segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Exportação de suco de laranja aumenta 25% no 1º semestre de 2015

Dólar alto favorece quem vende o fruto.Apesar de alívio, produtores continuam preocupados com preço da laranja.




As exportações de suco de laranja aumentaram mais de 25% no primeiro semestre deste ano. E, agora, com a alta do dólar, as indústrias suco de São Paulo sentem alívio, mas os produtores continuam preocupados com o preço da laranja.

De acordo com a associação que reúne as indústrias, a CitrusBR, estima-se que nesta safra haverá uma queda de até 16,5% no rendimento da fruta, em relação à safra passada. Isso significa que vai ser preciso usar mais laranja para fazer a mesma quantidade de suco: 280 caixas de 40 kg, para uma tonelada de suco concentrado.

Os principais motivos para a piora na produtividade são a seca severa que atingiu o estado no ano passado e a redução nos tratos culturais dos pomares, já que o setor enfrenta pelo menos três anos de crise. E o chamado rendimento da fruta é importante porque ele influencia no cálculo final do preço pago ao produtor. Os outros dois fatores são o preço internacional e o valor do dólar.

Pelo menos, por enquanto, essa é a boa notícia: o dólar está nas alturas. A safra está sendo considerada um ‘respiro’ para o setor da citricultura. O dólar alto favorece quem vende laranja para o mercado externo porque o fruto foi produzido com insumos comprados antes da variação cambial, ou seja, estava mais barato naquela época do que agora. Só não entram nessa conta os custos de a mão-de-obra da colheita e os custos de frete.

Outro gasto importante é com o controle do greening, o chamado amarelão, uma doença que vem atingindo os pomares paulistas. “Estamos gastando bastante com inspeção, inseticida, erradicação, e deixando de produzir porque às vezes a gente pega um árvore em plena produção e se ela tiver o sintoma do greening e for confirmado, precisa ser arrancado", fala o agrônomo Rafael Oliveira.

O presidente do Sindicato Rural de Ibitinga, Frauzo Ruiz, explica que existem vários formatos de contrato entre produtores e a indústria e que hoje neles o preço mínimo varia entre R$ 10 e R$ 14, a caixa.

“Se nós pensarmos em anos anteriores, é um preço melhor que nos anos anteriores, mas ele ainda não cobre o custo de produção. Segundo a Conab e Cepea, os custos estão girando de R$ 14 a R$ 16. Então, na melhor das situações, estaria empatando em relação aos custos e dado que o setor vem acumulando um prejuízo de muitos anos, então esse valor recebido hoje ainda não é suficiente para pagar todas as contas. E mais que isso, recuperar dívidas que estão acumuladas nos últimos anos”.

Mais uma vez, o alento vem de fora. As exportações do suco brasileiro tiveram uma alta de 26,21%. Pouco mais de 26% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

O principal comprador foram os Estados Unidos, que aumentaram a importação do suco brasileiro, por causa da quebra da safra na Flórida. O Brasil também está contando com uma safra menor de laranja destinada à produção de suco.

Com menos oferta de fruta no mercado, os estoques estão diminuindo. Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos, os estoques brasileiros estão em pouco mais de 510 mil toneladas, 23,6 mil toneladas a menos que na safra passada. Isso aproxima o país do chamado equilíbrio técnico, que é quando se tem suco suficiente para cumprir os contratos. E quando existe esse equilíbrio, a negociação de preços costuma ser benéfica também para quem vende, ou seja, o produtor, como explica o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

“O mercado é formado por três grandes pilares: o consumo, que é a demanda, a oferta de frutas e os estoques. Nos últimos anos os estoques ficaram muito acumulados e a tendência para o próximo ano-safra ele se encontrar em equilibro técnico ou muito próximo disso. Então a gente vai ver provavelmente um mercado mais equilibrado a partir do próximo ano”.

O Brasil exporta suco de laranja para 40 países. Do total da produção, apenas 10% devem ficar no mercado interno.

Fonte: Globo Rural

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