segunda-feira, 15 de junho de 2015

Maçã argentina- Pomo da discórdia

Suspensão da compra pelo Brasil de maçã da Argentina pode ser foco de nova crise entre os 2 países.


O governo brasileiro suspendeu a importação de maçãs argentinas e promete só rever a decisão se o país vizinho, parceiro do Mercosul, levantar o embargo à carne brasileira vigente desde 2012.

O episódio ganhou contornos de crise e pode contaminar outros setores nos quais há instabilidade nas relações de comércio bilateral, como a indústria automotiva.

Tudo começou quando, no início do ano, agentes sanitários brasileiros identificaram 15 carregamentos de maçã provenientes da Argentina com a presença de uma doença que o governo considera já erradicada no Brasil, a Cydia pomonela, conhecida como traça da maçã.

O Brasil propôs a realização de inspeções para avaliar o sistema de mitigação de risco adotado pelo vizinho, mas ficou sem resposta das autoridades de lá por semanas.

Em março, o embargo às maçãs foi formalizado. Só então a Argentina apresentou dados comprovando medidas para resolver a praga e regularizou a situação. O embargo, porém, não foi retirado.

Segundo a Folha apurou com diplomatas que negociam o caso, o Ministério da Agricultura brasileiro resolveu só reabrir as compras de maçãs se houver o fim do embargo argentino à carne bovina brasileira.

Apesar de não ser um tradicional comprador de carne brasileira --a Argentina é um dos líderes mundiais de produção de carne bovina--, o país vizinho impôs, em 2012, um embargo ao Brasil, quando exames de laboratório detectaram em um animal a presença do agente causador do mal da vaca louca.

Na ocasião, diversos países suspenderam as importações da carne brasileira, mas esses mercados já começam a ser recuperados. A China liberou recentemente o comércio. Os Estados Unidos devem fazê-lo em breve.

Nesta sexta-feira (12), negociadores brasileiros e argentinos ainda tentavam resolver o impasse.

Na avaliação do governo Dilma, esse embargo ao Brasil é político, e não técnico. Para auxiliares da presidente, a decisão argentina passa uma imagem ruim do país, pois parte de um de seus maiores parceiros comerciais e sócio no Mercosul.

Em conversas entre ministros dos dois países em Bruxelas na quinta-feira (11), a titular da Agricultura, Kátia Abreu, avisou que não fazia sentido para o Brasil o veto ao produto brasileiro. Procurada, a assessoria de imprensa da pasta não se pronunciou sobre o diálogo relatado à reportagem.

Em 2014, a Argentina vendeu para o Brasil quase 50 mil toneladas de maçãs frescas, cerca de US$ 52 milhões.

Fonte: Folha de S.Paulo - 13/06/2015

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