segunda-feira, 30 de março de 2015

Frutas exóticas ganham espaço nos sítios de Jundiaí

Foto: Rui Carlos
Cores, aromas, texturas e sabores diferenciados são os atrativos das frutas exóticas, não só para os produtores como para os consumidores. O comércio, ainda não tão explorado, é encarado como nicho de mercado para alguns produtores rurais de Jundiaí que se aventuram em cultivar frutas que não têm ‘tradição‘ na cidade. Com resultados animadores, eles projetam ampliar as áreas cultivadas.

A procura pelas frutas exóticas, segundo Ciomar Meloni, 33 anos, vendedor em uma banca especializada em frutas em Jundiaí, tem relação com a valorização desses produtos no mercado. "As amoras e framboesas, por exemplo, ganharam fama após a chegada das lojas especializadas em bolos, que as utilizam para a cobertura. Outras têm apelo medicinal, por isso se destacam no comércio", explica. Jundiaí já conta com a produção comercial de atemoia, dekopon, pitaya, figo-da-índia, lichia, carambola e maracujá-doce.

A uva niagara deixou de ser a única cultura do sítio de Antonio Roberto Losqui há mais de uma década. Lá, agora, são encontradas uva, goiaba, pêssego e caqui, além de seriguela, carambola e pitaya em produção comercial. As variedades abiu e canistel ainda estão em fase de teste. "As frutas exóticas têm grande potencial econômico. A seriguela, por exemplo, só é encontrada em grande produção no nordeste. Nossa intenção é suprir a demanda com frutas frescas em embalagens de fácil manuseio para o consumidor", comenta. A área plantada da fruta é de aproximadamente 3 mil metros, com 150 pés, que produzem aproximadamente 100 quilos por planta.

Assim como a seriguela, a carambola está em plena produção no sítio. As plantas de abiu e canistel ainda não estão produzindo e a intenção do agricultor é usá-las em áreas de proteção permanente (APP) que precisam de recuperação. "Essas frutas são extremamente doces e como são perenes, são boas opções para ampliar a renda do sítio", argumenta.

Outro fruto exótico que ganha espaço em Jundiaí é o figo-da-índia. Nos estados do semi-árido brasileiro, suas folhas servem de alimento para os animais em época de seca. A planta sempre existiu - de forma tímida - nos sítios jundiaienses, mas não era explorada comercialmente. No bairro da Toca, o agricultor Osvaldo de Almeida, 61 anos, manteve um pé da figueira na propriedade plantado pelos primeiros parentes que moraram nas terras.

"O figo-da-índia estava aqui desde a época dos meus avós, mas até 12 anos atrás, nunca havíamos pensado em vender", conta. Com a implantação de uma banca de frutas da família no terminal da Colônia, a fruta caiu no gosto dos fregueses. "Agora temos 300 pés. É uma cultura que não precisa de tanto cuidado. Só fazemos a roça com maquinário duas vezes ao ano", conta. A colheita é um pouco complicada, exige cuidado, já que as folhas possuem espinhos, mas os ganhos são atrativos. Sem custos, cada fruto foi comercializado por R$ 1, no sítio. 

Já no sítio de Vagner Antonio Marquezin, a exótica que traz bons resultados é a dekopon, uma espécie de poncã sem sementes. Os 500 pés em produção rendem por safra, em média, 8 caixas de (20 quilos cada) de frutas por pé.

"É uma planta que produz bem, mas é delicada", explica, lembrando que a cultura divide espaço com o limão taiti, poncã, murcote, três variedades de pêssego, goiaba, uva e milho. O único entrave que o produtor vê para a fruta é ela ser colhida na mesma época em que a concorrente poncã, mais em conta. "Para driblar é preciso trabalhar diferente o produto, que não tem sementes e tem as frutas maiores, entre 500 gramas a 700 gramas cada", explica.

Produção
Em plena produção, os mais de 200 pés de pitaya que João Brunelli, 60 anos, cultiva agradaram o produtor rural, que conheceu a fruta em uma visita ao Mercado Municipal de São Paulo, há alguns anos.

"Na época o quilo da fruta custava R$ 60. Fiquei interessado, procurei saber mais sobre ela e plantei, em forma de teste. Esse é o terceiro ano. A safra está boa. A intenção é chegar a 1,5 mil pés na propriedade, nos próximos três anos", conta. Apesar de ter classificado a cultura de manejo difícil - já que tem espinhos e não possui defensivos próprios -, as vantagens estão na redução de manejo e no diferencial para o mercado.

Essas qualidades também atraíram Jaime Luiz Pompermaier, 69 anos, só que para o plantio de maracujá-doce, fruta não exótica, mas nova nas terras de Jundiaí. "Conheci a variedade num sítio de Atibaia e me interessei. Consegui 27 mudas e plantei em 2013. Não sei precisar qual é o período de safra porque dá fruto o ano inteiro", conta alegre mostrando os frutos que ainda estão verdes. A rentabilidade da fruta, que custa aproximadamente R$ 10 a caixa com oito frutos, incentivou o agricultor a ampliar a produção.

Agora o sítio está com 600 pés em formação. "O investimento para essa nova fase foi maior, com compra de mudas, estacas, arames, fios e pregos para a construção dos estaleiros onde a fruta cresce", explica. O dimensionamento também foi adequado para que o cultivo possa ser mecanizado e a colheita favorecida.

Planejado
Esses detalhes, segundo o engenheiro agrônomo Sérgio Mesquita Pompermaier, da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Jundiaí, devem ser levados em consideração pelo produtor antes de iniciar um cultivo de variedade diferente das tradicionais para a cidade. "A fruta exótica é uma forma de renda a mais para o produtor rural e vem sendo cultivada em áreas onde haveria necessidade de renovação das culturas ou em não cultivadas", conta.

Segundo o engenheiro, entre 3% a 5% do território cultivado de Jundiaí conta com plantas originárias de outros países. A pasta não tem estatísticas sobre a quantidade produzida.

Fonte: Jornal de Jundiaí
Luciana Muller
lmuller@jj.com.br

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