terça-feira, 4 de outubro de 2016

Manejo de açaizais para gerar renda e conservar a biodiversidade no Marajó

Projeto Bem Diverso - A fartura de açaizeiros nas comunidades ribeirinhas do Afuá, município do arquipélago do Marajó, localizado no Pará e mais próximo do Amapá, é a inspiração para um projeto que concilia a melhoria de renda dos extrativistas e a conservação da biodiversidade da região. Por meio do Projeto Bem Diverso, homens e mulheres destas comunidades são os protagonistas de uma série de capacitações em manejo de açaizais nativos. A orientação técnica é realizada com o extrativista no ambiente onde ele vive e trabalha.

Depois da Ilha do Meio, nesta semana é a vez da Ilha do Pará, também em Afuá, ser beneficiada com a capacitação de dois dias. Realizada em parceria com a Emater do Pará, a etapa desta semana segue o programa que consiste em apresentações sobre as florestas de várzeas e o açaizeiro, o novo código florestal e o manejo dos açaizais, a diversidade e a estrutura das florestas de várzea, os princípios e requisitos para o manejo da floresta de várzea, licenciamento ambiental e manejo sustentável de açaizal de várzea. Na fase prática acontecem as intervenções no açaizal, onde os participantes demarcam blocos, limpam, fazem inventário, analisam dados e ainda executam atividades de manutenção do açaizal. 

O Bem Diverso é uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e tem como objetivo a conservação da biodiversidade brasileira e a geração de renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares. Atende seis Territórios da Cidadania. As principais ameaças à conservação da floresta, no Território da Cidadania Marajó, são o desmatamento para a produção de madeira serrada; a exploração excessiva de açaí; o uso do fogo na agricultura de subsistência; o manejo inadequado das florestas; e a criação de búfalos que compacta solos em estações chuvosas e destrói a vegetação nativa. Trata-se de um dos IDHs-médio mais baixos do Brasil, de 0,519.

Neste território, o projeto irá trabalhar com prioridade o açaí e a andiroba. O pesquisador Silas Mochiutti, responsável pelo projeto no âmbito da Embrapa Amapá, observa que "ao mesmo tempo em que você enxerga muita riqueza natural nesta região, há um povo que não alcança bons índices de desenvolvimento humano". É justamente por conta desse paradoxo que foi elaborado o projeto. O assessor técnico da coordenação do Projeto Bem Diverso, Fernando Moretti, explicou que o foco do projeto são regiões situadas em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e também onde já exista unidade da Embrapa com ações de pesquisa e desenvolvimento. "O Território da Cidadania do Marajó foi escolhido porque já existe um trabalho das unidades da Embrapa Amapá e do Pará. Então a ideia é trabalharmos com a espécie prioritária o açaí, e o projeto é dividido em dois resultados. O primeiro é fortalecer o arcabouço de extrativismo de produtos florestais não-madeireiros, por meio de boas práticas e manejo, e também a questão do acesso ao mercado, ao crédito, as políticas públicas de aquisição de alimentos", acrescentou Moretti, durante sua viagem à Ilha do Meio.

Ele disse que o fato de integrantes da equipe coordenadora se deslocar ate à comunidade e conhecer in loco a realidade dos extrativistas é importante porque quando as demandas são encaminhadas, a equipe da gestão terá a exata noção de como é o funcionamento e a importância do trabalho desenvolvido na comunidade. "É a primeira vez que venho ao Marajó, uma experiência fantástica. É lindo ver a integração das pessoas, o interesse em participar, a boa vontade de todos sobre esse tema, a motivação das lideranças e das pessoas da comunidade", destacou o assessor técnico, que embarcou em uma lancha de Macapá para a Ilha do Meio para a viagem de quase duas horas. 

O pesquisador Silas Mochiutti embarca junto e comenta que este projeto é uma oportunidade para somar com a experiência dos ribeirinhos e melhorar a renda deles, a partir de um modelo de exploração sustentável, mantendo a floresta e o açaizeiro. "A programação de quatro anos do projeto prevê inicialmente uma capacitação continuada de manejo de açaizais. Vamos trabalhar juntos o manejo e implementar uma unidade de aprendizado. Nessa unidade se troca conhecimento técnico e o conhecimento tradicional do ribeirinho. Nossa expectativa é uma melhoria considerável no manejo do açaí, atendendo requisitos de sustentabilidade, mantendo a diversidade da floresta e produzindo açaí, mas também aprimorado os canais de comercialização e políticas públicas e melhorando a qualidade do preço pago aos produtores, e que os produtores tenham acesso a créditos", detalhou Mochiutti.

A expectativa é otimista devido a dois fatores: o manejo de açaizais de mínimo impacto em área de várzeas já é um conhecimento técnico consolidado e as comunidades locais tem experiência com o açaí. "Mais de metade da renda dos ribeirinhos vem do açaí, mas já sentimos a perda da biodiversidade da floresta causada pela falta de um manejo de mínimo impacto. Também precisamos aprimorar os equipamentos e utensílios para a colheita, debulha de frutos, acondicionamento e transporte", acrescenta o pesquisador.

Liderança reconhecida na Ilha do Meio (Afuá), Francisco Nazaré de Almeida, demonstra grande satisfação em mobilizar seus vizinhos para dar início às capacitações em manejo de açaizais nativos. De cara, ele faz logo referência ao fato do Afuá ter mais fluxo de relações econômicas com o Amapá. "Aqui estamos em um município do Pará, mas quando vemos a distância é muito maior para chegar até Belém do que em Macapá", compara. E cita que o ribeirinho da Ilha do Meio, por exemplo, apanha o açaí até 10 horas e por volta das 15h já está comercializando em Macapá. "Se fosse para o Pará, gastaria em torno de 36 horas para chegar em Belém.

Então essa proximidade com o Amapá favorece muito para a gente vender em Macapá". É por isso que a cooperativa criada pelos extrativistas do Afuá está ligada à filial do Amapá de outra cooperativa sediada no Pará. "Aqui (no Afuá) temos uma época de grande safra de açaí que vai de maio a agosto, e depois outra safra de outubro até fevereiro. Isso acontece porque na mesma ilha temos localidades que produzem em épocas diferentes, coisas da natureza". Ele lembra que atualmente há cerca de 500 famílias extrativistas de açaí na Ilha do Meio, sendo que em todo o município de Afuá esse número sobe 4mil e 433 famílias assentadas, todas de ribeirinhos agroextrativistas. A produção gerada por estas comunidades está em torno de 900 toneladas por dia de açaí do Afuá.

"E muito grande a produção. Estamos otimistas porque vamos trabalhar com a Embrapa e a cooperativa, de forma que teremos a questão do melhoramento da produção, do manejo do açaizal, espaçamento, para que a gente possa produzir mais e melhor", afirmou Francisco Nazaré. Presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) no Amapá, Gilcemar Pureza, também acompanha de perto a programação de apresentação do projeto na comunidade Ilha do Meio. "Nosso papel é ser um parceiro. A OCB aqui representa as cooperativas do Amapá, e nesse caso como a Açaícoop é sediada no Pará tem filial em Macapá, estamos trazendo a cooperativa Bioaçaí e mais quatro que integram o projeto Consórcio de Produção de Alimentos para dar apoio na realização do evento como suporte logístico, material de trabalho, o que for necessário e não estiver contemplado no Projeto Bem Diverso", explicou Pureza.

Projeto Bem Diverso

O Projeto Bem Diverso é liderado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), sediada em Brasília. Foi iniciado em 2015, com duração prevista de cinco anos. A atuação das equipes é voltada para dois eixos principais: desenvolvimento e promoção do uso de técnicas de manejo para extração e uso sustentável de produtos florestais não madeireiros e promoção de sistemas agroflorestais; e identificação dos gargalos financeiros e de mercado que comprometem o aumento da produção e da renda de comunidades agroextrativistas e agricultores familiares. O Território da Cidadania Marajó é formado por 16 municípios no Pará (incluindo alguns que são mais próximos de Macapá e por isso serão cobertos pela Embrapa Amapá), 10 milhões de hectares e cerca de 37 mil famílias de pequenos agricultores.

Números do projeto:

- 3 Biomas

- 6 territórios da cidadania

- 12 Espécies Nativas

- 13 Unidades da Embrapa

- 8 Instituições Parceiras

- Investimento de R$ 33 milhões. 


Fonte: Embrapa


Página gerada em: 04/10/2016 07:50:45 - (5 min)

Coca-Cola aposta na produção de cítricos da Argentina

A gigante mundial Coca-Cola está de olho no potencial produtivo de cítricos do Norte da Argentina, especialmente em função da capacidade da província de Tucumán e das reformas do novo governo, que facilitaram as exportações. Em função disso, o CEO global da empresa, Muhtar Kent, anunciou investimentos de US$ 1 bilhão em uma fábrica de sucos na região. 

“Há cerca de 30 anos, ninguém sabia que Tucumán produzia limões. Hoje, essa província já é responsável por 80% da produção mundial industrializada de limões e ainda tem muito para crescer,” afirmou o executivo. Ele esteve presente no Fórum de Investimento e Negócios da Argentina – chamado de “Mini Davos” – uma grande aposta do presidente Maurício Macri para atrair investimentos privados ao país vizinho.

O CEO da Coca também revelou que esteve em uma grande reunião com funcionários e fez importantes elogios às recentes mudanças na Argentina. “Eu disse aos meus funcionários que nunca houve um melhor momento para ser argentino. Conheço Macri desde que era prefeito de Buenos Aires. Precisamos de mais gente como ele no mundo,” animou-se Kent, que emprega de forma direta mais de 15 mil pessoas no país.

O executivo revelou ainda que a empresa busca ações para diminuir o impacto do uso da água em suas fábricas: “Em 2020 buscamos a neutralidade, que é, em outras palavras, para cada litro de água que utilizamos, estaremos devolvendo um litro de água limpa”. A Coca-Cola consome 400 mil litros de água anualmente.

EUA devem liberar exportações de limão argentino

Uma das grandes notícias do ano que vem para a Argentina deve ser a liberação das exportações de limão para os Estados Unidos. A informação é de Gonzalo Tanoira, presidente da empresa San Miguel – uma das maiores produtoras de limões do país vizinho. 
“Estamos nas etapas burocráticas finais do processo para liberar nosso limão nos EUA. É muito factível para a próxima colheita. O investimento da Coca-Cola (clique AQUI para saber mais) também é importante como fator de aumento da demanda. O que vem acontecendo no país é muito importante para [a província de] Tucumán e o desenvolvimento regional em geral,” afirmou Tanoira.
A produção atual de limões da Argentina é de 1,65 milhão de toneladas anuais, com um valor total de US$ 600 milhões. Nada menos que 95% desse total é destinado à exportação, e 90% é produzido na província de Tucumán.
Falando no Fórum de Investimento e Negócios da Argentina, o diretor-executivo da agroindústria Molinos Rio de La Plata, Amancio Oneto, defendeu que o país vizinho precisa aproveitar a abertura deste mercado para desenvolver mais marcas fortes. “Nosso único produto que está em todo o mundo é o vinho, que possui grandes rótulos. Isso é realmente agregar valor e poder dar empregos de qualidade. A geração de valor e de empregos com exportação de produtos sem marca é baixa demais”, sustentou.

Agrolink
Autor: Leonardo Gottems

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Azeite de abacate para alimentação: alternativa ao azeite de oliva

Foto: Adelson de Oliveira
O Dia de Campo na TV vai apresentar um azeite produzido com abacate. O produto pode ser alternativa para olivicultores em período de entressafra. O baixo custo é uma das vantagens, e a abundância de abacate nas regiões garante a possibilidade de colheita do fruto durante o ano inteiro.

Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig estudam a extração de azeite fino de abacate pelo sistema de centrifugação, a mesma tecnologia utilizada no processamento do azeite de oliva, no Campo Experimental da Empresa em Maria da Fé, no Sul de Minas Gerais. De acordo com o pesquisador Adelson de Oliveira, que coordena estudos pioneiros do óleo de abacate, diversificar a extração de óleos pode ser uma alternativa para os olivicultores da região da Serra da Mantiqueira. "O processamento da azeitona ocorre entre janeiro e abril. Nos outros meses, o olivicultor pode aproveitar o maquinário e a mão de obra para extração de azeite de abacate para alimentação", exemplifica.

Rico em minerais como ferro, cálcio e fósforo, fibras solúveis, fitoesteróis e gordura, o consumo do abacate auxilia na redução dos níveis do colesterol ruim (LDL) e na elevação do colesterol bom (HDL), diminuindo o risco de doenças cardiovasculares, trazendo benefícios para a saúde. Além disso, a vitamina E, um antioxidante natural, somada à vitamina A, torna o azeite de abacate um composto capaz de prevenir doenças oftalmológicas, como catarata e cegueira noturna. O produto pode ainda favorecer o emagrecimento, pois auxilia na diminuição da absorção de colesterol pelo intestino.

Considerado uma das frutas tropicais mais valiosas, o abacate é consumido como alimento, nas diversas refeições do dia, e a produção do azeite de abacate extraído pelo sistema de centrifugação possibilita um produto de altíssima qualidade, disponível imediatamente para o consumo, após padronização e embalagem para o mercado varejista", afirma Adelson.

O Dia de Campo na TV "Azeite de abacate para alimentação: alternativa ao azeite de oliva" foi produzido pela Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF) em parceria com a Epamig Além do tema principal o programa aborda outros assuntos nos quadros – Agência Embrapa de Notícias, Sempre em Dia; Repórter em Campo; Na Mesa; Quem quer ser cientista; Minuto do Livro e Ciência e Tecnologia em Debate.

Fonte: Embrapa

Produção de suco de uva traz renda para agricultores catarinenses

Agricultores catarinenses investem na produção de sucos de uva para melhorar a renda na propriedade rural. Na safra 2015/16, foram mais de 2,5 milhões de litros de suco de uva produzidos em Santa Catarina, e é nesse setor que o agricultor Neuto José Nuncio e a esposa, Aneli Maria Nuncio, de Caibi, no Extremo Oeste Catarinense, decidiram investir. Após anos dedicados à produção de leite, milho e fumo, Neuto e Aneli mudaram de ramo e se encantaram pela produção de vinhos e sucos. 

Os agricultores já produziam vinho de forma artesanal no porão de sua casa, mas com o apoio do Programa SC Rural a atividade se profissionalizou e passou a ser fonte de renda para família. Assim surgiu a Cantina Nuncio e desde então a produção saltou de 600 litros em 2013 para 9,6 mil litros em 2015.

A mudança começou em 2014, quando o casal recebeu recursos do SC Rural no valor de R$25.663,00 para investir na melhoria do sistema de produção da uva. Eles ampliaram a área de parreiras em 0,5 hectares, adquiram materiais de construção e equipamentos para estruturar a cantina e se adequar à legislação. Segundo Neuto, o apoio financeiro do SC Rural e a orientação técnica prestada pelos extensionistas da Epagri de Caibi e do Programa Gestão de Negócios e Mercado foram fundamentais para chegar à situação atual da Cantina Nuncio. Hoje o produtor é
sócio da Cooperativa de Agricultores e Produção Agroindustrial Familiar de Caibi (Coapafac).

Segundo o secretário executivo regional do Programa SC Rural em São Miguel do Oeste, Mateus Luiz Seganfredo, após a reestruturação da propriedade e do negócio da família Nuncio, a produção de vinho ampliou consideravelmente. Para a próxima safra, Neuto pretende produzir dois mil litros de sucos de uva e 9,5 mil litros de vinho, diversificando a oferta de produtos fabricados de forma artesanal e com a qualidade típica dos produtos da agricultura familiar.

Ao longo dos últimos seis anos, o SC Rural já apoiou nove famílias de agricultores que quiseram investir na implantação e melhoria de empreendimentos voltados para produção de sucos e vinhos. Em 2015, a produção de uvas em Santa Catarina ultrapassou as 69 mil toneladas e a maior parte da área plantada está concentrada no Alto Vale do Rio do Peixe, com destaque para os municípios de Videira, Pinheiro Preto e Tangará.

Programa SC Rural

O Programa SC Rural nasceu em 2011 e termina em junho de 2017, é executado pelo Governo do Estado em parceria com o Banco Mundial e destina recursos não reembolsáveis a empreendimentos da agricultura familiar, mediante contrapartida dos beneficiários. Os empreendimentos apoiados abrangem atividades agrícolas ou não agrícolas (como o turismo rural) por meio de projetos de caráter estruturante, de melhorias de sistemas produtivos ou planos de negócios, além de outras ações implementadas por cooperativas e associações de agricultores familiares.

O SC Rural é coordenado pela Secretaria da Agricultura e da Pesca e, por envolver atividades multissetoriais, é executado por diversas instituições: Epagri, Cidasc, Fatma, Polícia Militar Ambiental, Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes, Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Secretaria de Infraestrutura.


Sancionada lei para renegociação de dívidas

Objeto de trabalho conjunto da FAEMG e CNA, foi sancionada no último dia 28/09, pelo presidente Michel Temer, a medida provisória 733, que autoriza a renegociação de dívidas de crédito de produtores atingidos por intempéries e estiagens nos últimos anos. Com vetos parciais, a lei aprovada renegocia e dá descontos a dívidas rurais de agricultores das regiões Norte e Nordeste inscritas ou encaminhadas para inscrição em DAU (Dívida Ativa da União). No caso de Minas Gerais, poderão ser beneficiados agricultores de municípios do Norte do estado, Vale do Jequitinhonha e do Vale do Mucuri, compreendidos na área de atuação da Sudene.

A nova legislação é fruto de pleito da CNA e federações. Diretores da FAEMG estiveram reunidos com representantes do Governo Federal em diversas ocasiões, em que apresentaram relatórios sobre a situação e solicitaram urgência na solução. 

A lei trata de débitos de operação de crédito rural contratadas até 31 de dezembro de 2011 e concede diferentes faixas de descontos ao produtor para quitação ou renegociação das dívidas até 29 de dezembro de 2017.

Seguro ampara 12 mil agricultores familiares nesta safra

Os recursos do SEAF vêm do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro)

A safra 2015/2016 ainda não terminou de ser colhida e 12 mil agricultores já foram amparados pelo Seguro da Agricultura Familiar (SEAF) devido às perdas que tiveram na lavoura. Os prejuízos foram causados por fatores climáticos como seca, granizo, geada e chuva excessiva. Ao todo, R$ 237 milhões já foram pagos pelo seguro a esses agricultores, e esse montante deve aumentar. Outros 15 mil laudos de perdas estão em fase de análise e se, comprovado o prejuízo, esses agricultores também devem receber o seguro até o fim do ano. Mais de 340 mil agricultores estão assegurados na safra 2015/2016. O valor total segurando nessa safra é de R$ 9,4 bilhões.

Os recursos do SEAF vêm do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Ele é destinado aos agricultores familiares que acessam o financiamento de custeio agrícola vinculado ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O valor segurado é calculado da seguinte forma: 80% da receita bruta esperada da lavoura, limitado ao financiamento, mais R$ 20 mil. 

O seguro é feito na hora em que o agricultor acessa o financiamento de custeio. “A análise de risco e a definição do valor segurado são feitas com base em procedimentos e planilhas técnicas utilizadas para o financiamento da lavoura.” explica José Carlos Zukowski, diretor substituto do Departamento de Financiamento e Proteção da Produção (DFPP) da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF).

O seguro opera em todo o Brasil e podem ser beneficiados agricultores familiares que plantam culturas do zoneamento agrícola e acessam o crédito do Pronaf. “A adesão é feita no contrato de custeio agrícola do Pronaf. A adesão é automática, mas é preciso fazer o financiamento da lavoura para ter o seguro”, explica Zukowski.

A região Sul é a que concentra o maior número de beneficiários do SEAF. É que essa região concentra o maior número de agricultores familiares integrados ao mercado. O público alvo do seguro são os agricultores que produzem para vender, cultivam a lavoura como um empreendimento viável, tem acesso ao mercado e ao crédito. Para agricultores familiares com baixa integração ao mercado, há outros programas como o Garantia Safra, que concentra sua atuação na região Nordeste.

Recebimento

O pagamento do seguro poderá ser feito se houver perdas superiores a 30% na lavoura, causadas por evento amparado. Para receber o seguro, o agricultor familiar deve comunicar ao banco o mais rápido possível que teve perdas na lavoura. “Ele tem que fazer a comunicação na época própria, depois que aconteceu o evento. Se for granizo, geada, ou coisas assim, tem que ser logo após o evento”, explica José Carlos Zukowski. “Se for seca, entre duas e três semanas antes da fase de colheita”, acrescenta. 

Feito o comunicado, o banco envia um perito que vai até a lavoura e elabora um laudo. O documento segue para o banco que vai analisar e calcular a indenização. “A solicitação é mandada ao Banco Central que envia os recursos e paga o agricultor”, explica Zukowski. “Uma parte vai para a conta do financiamento, para pagamento da dívida, e a outra parte vai para a conta corrente do agricultor, que é a parte que corresponde à renda liquida”, acrescenta.

Cuidados

É importante o agricultor se atentar para alguns fatores que levam à perda da lavoura. Ele é responsável por adotar medidas que podem evitar prejuízos. Se na vistoria for verificado que tais cuidados não foram tomados por parte do agricultor, ele poderá perder a cobertura do seguro.

Um exemplo prático disso pode-se ver no milho safrinha, que é recomendado para cultivares de ciclo curto. É comum plantá-lo em fevereiro para colher entre final de maio e junho. “Se o agricultor plantar cultivares de ciclo médio e longo, a lavoura fica em campo por mais tempo, exposta a riscos climáticos muito altos nessa época do ano”, explica Zukowski. “Em junho e julho é comum a ocorrência de geada, vendaval, chuva excessiva e até mesmo seca na região Sul, causando perdas na lavoura, quando a colheita já era para ter sido encerrada”, complementa ao informar que também é preciso ficar atento ao tempo correto de plantio para diminuir os riscos de perda.

A época apropriada para a colheita é outra questão que requer atenção. A cobertura do seguro termina no final da fase de colheita definida pelo ciclo da cultura. Quando os grãos ou frutos estão em condições de serem colhidos, a colheita precisa ser feita. 

A colheita não pode ser postergada, deixando produção no campo exposta a riscos climáticos, fungos e pragas.

É importante destacar que o agricultor é responsável pela boa condução da lavoura e por medidas de prevenção ou mitigação dos impactos do clima. Se a vistoria de comprovação de perdas indicar que não houve a atenção devida, a indenização do seguro pode sofrer suspensão ou a lavoura pode perder totalmente a cobertura. “É preciso fazer a adubação correta, usar sementes de qualidade, cuidar bem do solo e respeitar o zoneamento agrícola, são cuidados básicos”, pondera Zukowski.

No site da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário é possível encontrar diversas informações e cuidados que devem ser tomados para evitar a perda do segundo. Acesse o link e fique informado de como proteger a lavoura.


Clima favorece desenvolvimento das culturas de inverno e plantio das de verão

A cultura do morango se encontra em plena floração e frutificação


Enquanto segue o cultivo e a semeadura dos grãos de verão, a safra de inverno segue em desenvolvimento, beneficiada pelas condições favoráveis do clima. De acordo com o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, as lavouras de trigo estão com 12% em desenvolvimento vegetativo, 35% em floração, 51% em enchimento de grãos e 2% iniciando a maturação, apresentando potencial produtivo excelente, com espigas longas e grande número de espiguetas, e com densidade de plantas dentro do ideal. 

A cevada e a canola estão na fase de enchimento de grãos, com bom potencial produtivo, em decorrência da excelente sanidade das lavouras. Na canola, estima-se produtividade acima de três toneladas por hectare, com boa qualidade industrial. Já a canola inicia a colheita na região Noroeste, favorecida pelo clima seco e sol forte que vêm ocorrendo nas regiões produtoras. No momento a expectativa é de que a colheita venha superar a estimativa inicial. 

O plantio do milho evolui em todas as regiões, chegando a 54% da área estimada para o Estado. Na Fronteira Noroeste e Missões, a maior e primeira grande área a ser implantada com milho grão no RS (cerca de 118,5 mil ha), registra-se em torno de 70% da área já implantada, apresentando ótimo stand, porém com desenvolvimento mais lento nesse último período, em decorrência das baixas temperaturas ocorridas. Em outra grande área de cultivo, de cerca de 71,5 mil ha, que engloba as regiões Celeiro, Alto Jacuí e Noroeste Colonial, a semeadura também está avançando e deverá se intensificar no mês de outubro, assim como em outras regiões produtoras do Estado.

No arroz, segue o plantio na Campanha e Fronteira Oeste, além das regiões Central e Sul, esta sinalizando uma área semeada de um pouco abaixo de 200 mil hectares. Em todas as regiões produtoras, a expectativa dos orizicultores é de uma safra melhor, em função das previsões climáticas, podendo ocorrer aumento de área em alguns locais. O mercado do grão continua aquecido e os preços permanecem elevados, mas não há expectativa de maiores altas nas próximas semanas. Mesmo assim, produtores estão muito otimistas com a safra devido ao preço muito favorável.

É grande a movimentação de produtores de soja, intensificando os preparativos para a implantação da cultura no RS. Alguns iniciaram a dessecação das áreas em pousio, ao mesmo tempo em que revisam e regulam as máquinas para o plantio. Observa-se uma menor procura pelo custeio da lavoura junto aos agentes financeiros e pela elaboração de projetos, assim como pela busca das interpretações das análises do solo e recomendação da adubação, sendo providenciados os pedidos dos insumos. A paralisação dos bancários prejudica o andamento dos pedidos de custeios das lavouras de produtores que ainda não tinham realizado o seu planejamento. Na aquisição de insumos, há prioridade para fertilizantes e sementes.

Morango ? A cultura se encontra em plena floração e frutificação. Há maior oferta de morango no mercado, pela ausência de precipitações, dias ensolarados e maiores temperaturas diurnas. Em Pelotas, produtores vendem morango a preços que variam entre R$ 5,00 e R$ 15,00/kg.

Pastagens ? Neste início da primavera, os campos nativos e as pastagens perenes de verão, como tiftons, capim elefante e braquiárias, começam o rebrotar, proporcionando melhor qualidade forrageira dessas pastagens para os rebanhos. Para se adequar à disponibilidade forrageira, é importante manejar o rebanho, dimensionando a carga animal, para evitar perdas maiores no desempenho dos animais. Outros produtores adotam o pastoreio controlado nas pastagens de inverno, na busca de bons níveis de produção forrageira. Também há produtores que estão usando cercas elétricas para divisão das áreas em potreiros para obter melhor manejo das pastagens, permitindo assim a ampliação da oferta de forragem aos rebanhos. Os pecuaristas em geral continuam suplementando seus rebanhos com sal mineral.

Na bovinocultura de leite, melhor oferta de alimento para o rebanho se reflete no aumento da produção de leite. No RS, o estado sanitário do rebanho é satisfatório, em função da utilização das pastagens cultivadas, que apresentam um melhor desenvolvimento. Em algumas propriedades os agricultores aproveitaram o tempo seco da semana para realizar a produção de feno em áreas de azevém.

Apicultura ? A atividade está com previsão positiva neste ano, pois o aumento das temperaturas e da luminosidade intensifica a atividade das colmeias. Com a chegada da primavera iniciou a floração das matas, campos nativos e demais culturas e os enxames se mostram em desenvolvimento. Apicultores intensificam as capturas de enxames, a instalação de caixas e colocação de sobrecaixas nos apiários. Alguns apicultores ainda oferecem alimentação proteica para suas colmeias e continuam fazendo o manejo das mesmas. Outros fazem a migração das colmeias para eucaliptos em floração. No Estado, o mel é comercializado de R$ 17,00 a R$ 25,00/kg para varejo e a R$ 12,00/kg a granel.





Irrigação é estratégia para aumento da produção de forma sustentável

Para o professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Everardo Chartuni Mantovani, a agricultura irrigada é uma das mais relevantes estratégias para o crescimento da produção de alimentos, proporcionando desenvolvimento sustentável no campo, com geração de empregos e renda de forma mais regular e equilibrada. A afirmativa foi feita durante o 31º Congresso Nacional de Milho e Sorgo, que está ocorrendo em Bento Gonçalves até esta quinta-feira (29/10), em painel sobre o tema mediado pelo assistente técnico estadual de irrigação da Emater/RS-Ascar, José Enoir Daniel.

?O objetivo da irrigação está associado à maior produtividade, maior rentabilidade, melhor qualidade do produto e estabilidade da produção e renda, de forma a interagir com todos os fatores que interferem na produção?, disse Mantovani, destacando a necessidade e importância da gestão de todo esse processo.

Mantovani explicou que a questão que exige maiores cuidados é o manejo da irrigação, isto é, a condução da lavoura irrigada. ?É fundamental delimitar de maneira apurada as necessidades hídricas da cultura, bem como a lâmina de água e a hora mais adequada de realizar a irrigação, assim como observar a manutenção e os ajustes no sistema de irrigação e muitos outros na condução diária da cultura irrigada?, apontou o professor da UFV.

Fazendo um histórico da irrigação brasileira, Mantovani relata que até 1980, a irrigação era muito pouco tecnificada, com equipamentos de baixa eficiência. ?Na década de 1990, veio a abertura do mercado, embora o produtor tivesse pouco acesso aos equipamentos em função do preço. A partir de 1995, a irrigação começa a ficar mais acessível e temos forte expansão da agricultura irrigada brasileira. Depois disso começamos a falar de agricultura irrigada em vez de irrigação, já trazendo os desafios dos conceitos de meio ambiente, água, energia e mão-de-obra, que é mais ou menos o momento em que estamos?, explicou Mantovani.

De acordo com o professor da UFV, o Programa de Expansão da Agricultura Irrigada, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), planeja implantar cinco milhões de hectares irrigados até 2025. ?O Brasil tem hoje em torno de 6,2 milhões de hectares irrigados e, conforme estudos da Secretaria Nacional de Irrigação, o país tem um potencial de 60 milhões de hectares de água superficial, onde em torno de 35 milhões hectares são potenciais mais elevados, enquanto têm uns 25 milhões de hectares já seriam de custo mais elevado e menos infraestrutura?.

No passado, a utilização da irrigação era uma opção técnica de aplicação de água que visava principalmente à luta contra a seca. ?Atualmente passamos para uma nova etapa de agricultura irrigada, inserindo-se em um conceito muito mais amplo, tornando-se uma estratégia para aumento da produção, produtividade e rentabilidade da propriedade agrícola de forma sustentável, preservando o meio ambiente e criando condições para manutenção do homem no campo, por meio da geração de empregos permanentes e estáveis?. 

Entretanto, conforme Mantovani, o desafio é o de ?transformar um conceito numa solução para o produtor, que seria fazer a gestão ou o manejo da irrigação?, apontou.

?Faço a seguinte distinção: manejo de irrigação é uma palavra muito mal utilizada, porque todo mundo pensa o quanto e quando irrigar, mas é preciso pensar esse aspecto de forma mais holística, ou seja, levar em conta os aspectos de sistemas de plantios, de possibilidades de rotação de culturas, de proteção dos solos, de fertilidade do solo, de manejo integrado de pragas e doenças, mecanização, dentre outros aspectos, com todas as etapas dos objetivos de produção que estão ali. A isso eu chamo de gestão, ou seja, o manejo de irrigação está dentro dos aspectos da gestão?. 

Os dados mostrados por Mantovani mostram que o Brasil é um país que tem disponibilidade de equipamento muito grande. ?O maior fabricante do mundo de pivô central está em Uberaba, em Minas Gerais, o segundo maior está em São Paulo, enfim, temos uma série de empresas de equipamentos e o mais importante, o produtor tem acesso a esses implementos?, afirmou. 

Segundo a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em 2015 foram comercializados cerca de 200 mil hectares de irrigação. ?Em relação ao nosso potencial podemos evoluir ainda mais, talvez a médio ou longo prazo, chegaremos a 10 ou 12 milhões de hectares anualmente?, disse Mantovani.

Mantovani disse ainda que a maior parte da área irrigada é da iniciativa privada. ?O grande problema é que a maioria dos projetos para pequenos e médios produtores é feita em balcão de loja, por isso estamos criando um curso para balconista de loja de irrigação, porque a gente percebe que se faz muita coisa ali?. 

?Um dos maiores problemas de irrigação muitas vezes é a energia, que se precisa em quantidade e qualidade?, disse o palestrante. ?Diversas vezes se deixa de usar equipamentos de automação, por exemplo, porque ela exige muita energia, que é o maior custo e é mais cara que o pivô e a mão de obra?.

De acordo com Mantovani, a irrigação como estratégia de sustentabilidade da produção está associada à gestão. ?Não há como obter estabilidade do ponto de vista econômico, social e ambiental de um projeto de irrigação se não tiver um processo de gestão. Esse fator é que vai garantir a produção de alimentos e empregos, a produtividade e a produção, e ainda a diminuição do risco, ambiental, no uso eficiente de água, da energia e do solo?, concluiu.

Fonte: Emater - RS

Citros/Cepea: Preços da pera seguem em alta; tahiti volta a subir

Os preços da laranja pera seguem sustentados pela forte absorção das indústrias paulistas e por carregamentos pontuais e em grandes volumes. Na parcial da semana (segunda a quinta-feira), a pera tem média de R$ 29,61/cx de 40,8 kg, na árvore, alta de 4,1% em relação à semana passada. A valência tem média de R$ 25,98/cx, aumento de 1,5% na mesma comparação.

Quanto à lima ácida tahiti, os valores retomaram o movimento de alta após duas semanas de quedas no mercado interno. Segundo colaboradores do Cepea, o novo aumento é resultado da redução da colheita por parte de produtores. Assim, a média parcial da tahiti é de R$ 60,23/cx de 27 kg, colhida, alta de 17,6% em relação à semana passada. Para as próximas semanas, agentes apostam em manutenção dos valores elevados da tahiti, pelo menos durante a primeira quinzena de outubro.

Fonte: Cepea/Esalq