O casal de agricultores familiares Norma Sueli Martins Siqueira e Eurípedes Almeida Costa abdicaram da vida na cidade e o trabalho no escritório de advocacia para investir em uma propriedade rural de 2 hectares no Distrito Federal. Há 11 anos eles se mudaram para o Núcleo Rural Sobradinho dos Melos, próximo ao Paranoá, e hoje possuem uma agroindústria de produtos desidratados orgânicos, a Desifrut.
A desidratação é o processo que elimina a água dos vegetais por meio de evaporação. A técnica é antiga e foi muito utilizada durante as guerras mundiais. Os alimentos continuam sendo fontes de vitaminas e os principais nutrientes são preservados. A grande vantagem é que esses alimentos podem ser armazenados por meses sem a necessidade de maiores cuidados, evitando também o desperdício. “A gente não produz tudo o que desidrata, mas temos parceiros, todos da agricultura familiar e produzem alimentos orgânicos. E como eles não possuem agroindústria, esta é uma forma de dar escoamento para a produção deles, porque o que ele não consegue vender, a gente compra e desidrata. A gente aproveita tudo”, diz Norma.
No Brasil, o mercado de desidratados tem crescido a cada ano, mas ainda é pequeno se comparado a outros países, como os Estados Unidos, que lidera o consumo e venda e alimentos desidratados. Por aqui, os agricultores já garantem um bom rendimento mensal com a comercialização. Eurípedes conta que alguns clientes costumam comprar e enviar os produtos até para o exterior. “Uma de nossas clientes costuma comprar até 25 sacos por vez e leva para a filha que mora na França”.
Os agricultores têm conquistado principalmente o mercado de pessoas mais preocupadas com a saúde e que buscam alimentos mais saudáveis, orgânicos e advindos de sistemas agroecológicos. De acordo com Norma, ao mudar para a chácara, eles passaram a plantar. “Aos poucos nós fomos plantando de tudo um pouco e hoje temos um sistema agroflorestal, que respeita o meio ambiente e garante alimentos saudáveis”, afirma.
A agroindústria de Norma e Eurípedes possui duas certificações de origem, o Selo de Identificação de Participação da Agricultura Familiar (Sipaf) e o selo de orgânico. “Sempre cultivamos sem o uso de agrotóxicos, mas os selos são importantes, porque também agregam valor ao nosso produto”, diz Norma Sueli.
Atualmente, os produtos das Desifrut são comercializados no Ceasa do Distrito Federal e em algumas feiras da cidade. O casal pretende lançar um aplicativo para celulares que vai permitir a venda dos produtos online. “A procura é grande e isso vai aumentar nossas vendas”, prevê Norma.
Políticas públicas
Em 2004 Norma participou de programa Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e conheceu a técnica para manipular os produtos desidratados. Os desidratadores foram adquiridos por meio de financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O primeiro, em 2005, logo após participarem da Ater para desidratados. E então conseguiram abrir a agroindústria. Em 2011, para aumentar a produção, financiaram um novo desidratador, com o dobro da capacidade e que permitiu aumentar a renda familiar.
Além disso, o casal já participou de algumas feiras promovidas pelo então Ministério do Desenvolvimento Agrário, atual Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), como, duas edições da Feira Nacional da Agricultura Familiar (Fenafra) uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília e a feira Saberes e Sabores dentro da II Conferência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Cnater) que aconteceu este ano em Brasília. Segundo os agricultores esses eventos são importantes para dar visibilidade e promover a comercialização dos produtos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário